A crise em que o Atlético está passando durante o Campeonato Paranaense passa por inúmeros motivos, mas é centralizado no planejamento mal executado. Criticada, a ideia do presidente Mario Celso Petraglia já não é mais vista com bons olhos no CT do Caju.
Tanto o técnico Claudinei Oliveira quanto Enderson Moreira criticou a forma que a direção conduziu esse início de temporada. Após iniciar com os jovens atletas, em uma posição até razoável no Estadual, o mandatário rubro-negro decidiu colocar o time principal em campo e o cenário é conhecido: disputa do Torneio da Morte pela segunda vez na história.
“Entramos numa competição em que não nos preparamos para entrar”, falou Claudinei no jogo que antecedeu sua queda. “Se é a culpa é do treinador, é fácil resolver. Mas estamos tentando remontar a equipe agora, coisa que deveria ter sido feita no início da temporada. Não tive tempo de montar um trabalho. É jogar, recuperar, jogar, recuperar”, completou Enderson, também na última partida antes de ser demitido.
A primeira tentativa de utilizar o elenco sub-23 e distanciar o grupo principal pela Europa deu certo. Com um preparo físico avassalador, a equipe iniciou mal a Série A, mas encaixou com o técnico Vagner Mancini. O resultado foi o vice-campeonato da Copa do Brasil e a terceira colocação no Campeonato Brasileiro.
Já no ano passado, alguns sustos no Campeonato Brasileiro já davam indícios que era preciso reavaliar a situação. Em determinado momento da competição nacional, a equipe penou e ficou com sérios riscos de rebaixamento. Com a vinda de Claudinei e a contratação pontual do zagueiro Gustavo, a equipe conseguiu resultados positivos e ainda terminou na oitava posição.
Essa falsa sensação de que tinha um time razoavelmente bom maquiou os problemas. Para piorar, o Furacão vendeu duas peças fundamentais durante os últimos anos: Manoel para o Cruzeiro e Marcelo para o Doyen Group, que o repassou para o Flamengo. E nenhuma das poucas contratações deu certo.
A solução de Petraglia, ao ver o vexame dentro de campo com o limitado elenco, foi o que a enorme maioria dos dirigentes faz: demitir o treinador. Com um ambiente conturbado, o presidente do Furacão tem visto tudo isso de longe no dia a dia e de perto somente na Arena da Baixada. E isso não é de hoje. Claudinei Oliveira ficou seis meses e 14 dias no comando da equipe e só teve dois encontros com Petraglia. Já Enderson, em um mês e quatro dias, falou apenas uma vez com o dirigente – o mesmo número do elenco, mesmo com a enorme crise na competição.
Quem tem o substituído e feito essa função é o diretor de futebol, Paulo Carneiro, com quem tem amizade desde os anos 2000. Contratado no dia 10 de março, o dirigente assumiu um cargo que estava em aberto desde a saída de Antônio Lopes. Durante esse período, Petraglia tinha designado o vice-presidente, Márcio Lara, para desempenhar a função sozinho, com o auxílio do Departamento de Inteligência e Formação (DIF). Uma atitude para tentar trazer atletas é a de aumentar o teto salarial: de R$ 100 mil para R$ 150 mil.
Com a chegada de Milton Mendes, que conquistou o acesso com a Ferroviária-SP na A-2 do Paulistão, a ideia parece ser bem clara. Descontente com as críticas dos últimos dois treinadores, Petraglia traz alguém que pretende blindar e aceitar suas imposições sem questioná-las, principalmente em público. Mais uma aposta dentro de um planejamento confuso e que, dentro do clube, não traz resistência pelo temor do “dono do Furacão”.
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