Fernando Diniz não é mais o técnico do Atlético. A demissão foi definida nesta segunda-feira (25), após um longo período de pressão interna, mas que só se consumou com a conversa entre o agora ex-treinador e o presidente do Conselho Deliberativo, Mário Celso Petraglia.
A queda do treinador começou a ser construída após a derrota por 2×0 para o Botafogo, última partida antes da parada para a Copa do Mundo. Internamente, o clube via o time carioca com um adversário inferior e, aliada à má atuação do time, ficou quase insustentável a permanência de Diniz, mesmo com o presidente do Conselho Deliberativo do Rubro-Negro, Mario Celso Petraglia, bancando o técnico diversas vezes, falando que até mesmo um rebaixamento não seria o suficiente para fazê-lo mudar de ideia.
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No entanto, a sequência de apenas uma vitória nos últimos 14 jogos começou a falar mais alto. Mais pela apatia do time em campo do que os resultados, que fizeram a pressão nos bastidores aumentar. No dia seguinte à derrota pro Botafogo, houve uma reunião no clube, onde estiveram, entre outros, o presidente do Conselho Administrativo, Luiz Sallim Emed, o vice-presidente Márcio Lara e outros. Viajando, Petraglia não compareceu.
Depois, um grupo de conselheiros articulou uma nova reunião, incluindo novos pontos que iam além do futebol, como a biometria, a adoção da torcida única na Arena da Baixada e até mesmo a administração do CT do Caju. A pauta irritou Petraglia, que recuou e reduziu a confiança dos que queriam a demissão.
Mas havia uma decisão de o departamento de futebol ficar em plantão durante toda a folga da Copa. Dirigentes remunerados foram chamados do descanso para retomar as atividades no CT, sempre aguardando uma decisão de Petraglia. Tendo defendido Diniz para a imprensa nacional, afirmando que a permanência do técnico era uma atitude contra “a estrutura do futebol brasileiro”, o dirigente relutava em fazer qualquer mudança.
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Aos poucos, entretanto, o cartola foi se convencendo que a rejeição – interna e externa – de Diniz era muito grande. O técnico perdera o apoio que recebera, e sua manutenção poderia representar um impacto no poder quase absoluto que Petraglia tem no Furacão. Foram dias de reflexão até o encontro do domingo (24), quando treinador e dirigente tiveram a conversa decisiva.
Com isso, o Atlético agora busca um treinador para a sequência do Campeonato Brasileiro. Ainda com Fernando Diniz no cargo, o nome de Abel Braga era fortemente comentado no clube – Abelão deixou o Fluminense, tem ótima relação com a diretoria rubro-negra e teria apoio quase unânime da torcida. O nome ‘caseiro’ de Tiago Nunes, outro com forte apelo popular, também é cotado.
Desgaste
Em 21 jogos no comando, Fernando Diniz teve um pífio rendimento de quatro vitórias, oito empates e nove derrotas, totalizando um aproveitamento de apenas 34,9% dos pontos disputados. No entanto, a cada resultado negativo, o treinador ’ignorava’ a derrota e ressaltava a atuação do time, que nem sempre rendia bem, mas para o comandante rubro-negro tinha suas virtudes. Um dos motivos que irritaram a diretoria.
Mesmo tendo praticamente três meses de pré-temporada, o Furacão não se sobressaía em campo. Começou bem, com vitórias convincentes sobre Newell’s Old Boys, da Argentina, e Chapecoense. Mas não conseguiu ganhar uma vez sequer fora de casa e emendou uma sequência que só foi piorando.
Os próprios jogadores, apesar de sempre manifestarem apoio ao técnico, já não tinham mais confiança no trabalho, que era focado mais na troca de passes. Nas derrotas para América-MG e Sport, Thiago Carleto e Nikão saíram visivelmente incomodados ao serem substituídos, mostrando que o clima já não era dos melhores. Além disso, as broncas à beira do gramado eram cada vez mais constantes a cada chutão ou alguma alternativa que não agradava o treinador.
Contra o Botafogo, o time parece ter se ’rebelado’ e passou a atuar de uma outra maneira, irritando o técnico. Na reunião realizada após a derrota para os cariocas, o zagueiro Paulo André, que informalmente faz parte da diretoria, representou o elenco e manifestou esse incômodo por parte dos atletas, o que acabou pesando na decisão final, convencendo, principalmente, Petraglia a mudar de ideia.