Sempre preocupado com a questão financeira, o Atlético, em partes, tem o que comemorar. No balanço financeiro divulgado na última segunda-feira (24), o Furacão revelou ter fechado o ano de 2016 com um lucro de R$ 36,5 milhões, um aumento de 10% em relação ao faturamento 2015. Entre as receitas, estão as cotas de televisão (R$ 55 milhões), transferência de jogadores (R$ 32,9 milhões), sócios (R$ 24,6 milhões) e eventos na Arena (R$ 9,4 milhões).

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No entanto, este superávit só foi possível graças à venda do volante Hernani, em dezembro, quando o jogador foi para o Zenit, da Rússia, e deu um retorno de R$ 18,5 milhões aos cofres do Rubro-Negro. Além disso, a grande aposta do clube, e do presidente do Conselho Deliberativo, Mario Celso Petraglia, os sócios, caiu em números.

Desde a reestreia da Arena da Baixada, reformada entre 2012 e 2014 para a Copa do Mundo no Brasil, a arrecadação com os associados se manteve praticamente a mesma, apesar de leves alterações nos valores. A estagnação pode ser vista nos últimos três anos.

Em 2014, o Furacão teve um faturamento de R$ 24.969.487 com os planos. No ano seguinte, a quantia teve um acréscimo irrisível: R$ 25.009.915. Já em 2016, o clube atleticano arrecadou exatos R$ 24.681.661.

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Esse panorama deixa claro que os resultados em campo não influenciam como esperado. No ano passado, mesmo com o título do Campeonato Paranaense, terminando com um tabu que vinha desde 2009, e a sexta colocação na Série A, dando vaga na Copa Libertadores, o rendimento em dinheiro foi o menor desde a volta ao Caldeirão.

Criticado incessantemente pela torcida, os planos de sócios do Atlético sofrem com a baixa procura e contam com poucos atrativos que façam o torcedor se associar. Eles são divididos em quatro modalidades: Sócio Furacão Mundi (R$ 40), Sócio Furacão Fan (R$ 100), Sócio Furacão (R$ 150) e Sócio VIP (R$ 350).

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“O programa de sócios alcançou um novo patamar de consumo onde o seu nível de exigência está acima deste benefício (de entrar no jogo) e de visita guiada, além de descontos em produtos oficiais. Eles já atendem o anseio do torcedor há muito tempo. Falta, portanto, sair da zona de conforto e buscar uma imediata reformulação”, opinou Eduardo Esteves, responsável pelo portal especializado MKTesportivo.com.

Nesta temporada, o Atlético alterou o preço do ingresso em relação a cada competição. Para o Estadual, o mais baixo está em apenas R$ 60 – mesmo atuando com time reserva por boa parte da primeira fase e tendo as confusões extracampo nos bastidores, é a melhor média entre as torcidas, com 11.202 pagantes, mais que o dobro do Coxa. Na final, entretanto, a quantia sobe para R$ 100. Na Libertadores, o bilhete mais em conta sai a R$ 150 e a média é de 21.004 pagantes, a quinta entre os oito times brasileros.

Petraglia, em declarações recentes, comentou que mais de 100 mil CPF´s circularam no banco de dados do clube e acredita que seja possível ter 40 mil sócios. A cobrança pela associação é feita em praticamente todas as entrevistas, enfatizando que esse número é capaz de fazer o Furacão trazer grandes reforços, mas nada que mude o cenário.

CAP S/A

Por outro lado, é na CAP/SA que o Atlético coloca os problemas em relação ao pagamento final da Arena. Pela contabilidade apresentada, o clube deve R$ 358 milhões ao Fundo de Desenvolvimento Estadual pelo financiamento para concluir o estádio – o valor é a soma da dívida circulante (pagamento a curto prazo) e não circulante (pagamento a longo prazo).

Houve um acréscimo na dívida de R$ 34 milhões, com base em uma cobrança anual de quase 10% de juros (TJLP + 1,9%).
Em nota no balanço, a CAP/SA diz que negocia uma emissão complementar de R$ 133 milhões em potencial construtivo para o cumprimento do acordo tripartite entre governo e prefeitura. Vale lembrar que a perícia judicial avaliou a Baixada em R$ 634,9 milhões.