Criada para ser uma das principais arenas multiuso da América Latina, a Arena da Baixada, um ano depois da sua reinauguração, ainda não decolou. Longe de ser palco de grandes shows e eventos e ainda sem conseguir explorar todas as fontes de receita do novo estádio, o remodelado Joaquim Américo, palco de quatro partidas da Copa do Mundo do ano passado, além de não gerar receitas para o Furacão, ainda traz prejuízos para o clube.
De acordo com levantamento feito pelo jornal Folha de S. Paulo, na semana passada, a Arena da Baixada soma um prejuízo de R$ 1,5 milhão desde a sua inauguração.
Os números refletem a ineficiência do clube e da gestora do estádio, a empresa G3 United, que ainda não conseguiram emplacar grandes eventos que fossem capazes de render dividendos para o clube. Para piorar, a média de público de pouco mais de 12 mil pessoas contribui para o fracasso financeiro do novo Joaquim Américo.
Não é exclusividade
De acordo com o especialista em marketing esportivo Erich Beting, não só a Arena da Baixada, mas os outros estádios construídos para a Copa do Mundo ainda não decolaram pela falta de capacidade de gestão dos clubes com este novo tipo de mercado. “É um mercado novo e clubes e gestores dos estádios não tem a mínima ideia de como gerir essas arenas. Não só eles, mas também as empresas que investem. É um conceito moderno e que estão descobrindo agora como gerar novas receitas com esses novos estádios”, pontuou Beting.
No ano passado, a Tribuna fez um levantamento junto a Pluri Consultoria e constatou que o Atlético, com a exploração das novas propriedades comerciais da Arena da Baixada, poderia ter um lucro de até R$ 8,5 milhões por mês em um cenário mais pessimista. Entretanto, além de não lucrar o esperado com bilheteria, nenhum grande evento ou show emplacou no novo estádio, o número de sócios não acompanhou este crescimento, o Atlético ainda não fechou o contrato de naming rights do estádio e a venda de camarotes ainda não é satisfatória.
Meta é 43 mil sócios
Ainda segundo estudo realizado pela Tribuna, se o Atlético conseguisse atingir a meta de 43 mil sócios, que foi sempre um desejo do presidente Mário Celso Petraglia, a um valor médio mensal de R$ 100 por sócio, o clube teria lucro somente do seu quadro associativo de R$ 4,3 milhões. O clube não divulga, porém, o quadro de sócios do Furacão atualmente deve ser de aproximadamente 20 mil associados.
Para Beting, essa cultura no Brasil deve mudar em alguns anos e, a partir dessa mudança é que os estádios começarão a render dividendos para seus proprietários e gestores. “O problema que a gente vive hoje as primeiras arenas na Europa viveram no começo. Esses estádios são uma nova realidade. Hoje há esse período de transição e de adaptação. É difícil mesmo convencer as empresas a investirem e a trazer eventos. É um cenário que vai mudar dentro de quatro ou cinco anos, quando as empresas vão amadurecer a ideia e entender que as novas arenas têm um potencial de negócio. A partir daí os estádios começarão a se pagar”, arrematou o especialista.
TCE cobra explicação de Richa e cia
Todos os relatórios relacionados as obras de remodelação e ampliação da Arena da Baixada foram juntados pelo Tribunal de Contas do Paraná (TCE-PR) em apenas um único processo, que está tramitando no organismo de fiscalização estadual. O processo número 285509/15 cita autoridades envolvidas no processo de financiamento e cobra explicações em um prazo de 15 dias para que as dúvidas relacionadas à reforma do estádio atleticano sejam justificadas junto ao TCE-PR.
As autoridades citadas, como o governador Beto Richa, o prefeito Gustavo Fruet, além dos secretários municipal e estadual da Copa do ,Mundo, Reginaldo Cordeiro e Mário Celso Cunha, respectivamente e de representantes da Fomento Paraná, que intermediou o financiamento junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), tem 15 dias para responder os questionamentos ou pedir a prorrogação do prazo.
Além de todas as dúvidas que ainda cercam a aplicação do dinheiro público utilizado na reforma e ampliação da Arena da Baixada, outros questionamentos, como a execução física e financeira das obras também é apontada no processo. De acordo com a Fomento Paraná, que é citada pelo relator do processo, Nestor Baptista, todas os questionamentos serão respondidos pela instituição financeira estadual dentro do prazo, assim como tem sido feito nos últimos dois anos.