Uma torcida irritada. Jogadores descontrolados. Um treinador enlouquecido. Pode ser qualquer time, mas neste domingo (22) era o Atlético. O trabalho da arbitragem tirou o Furacão do sério e acabou influenciando no empate em 1×1 com o Atlético-MG, na Arena da Baixada. No mínimo por tertirado a concentração do time, no máximo porterprejudicado os donos da casa em três lances capitais. De uma forma ou de outra, Flávio Rodrigues Guerra e seus companheiros viraram os protagonistas de um dos jogos mais emocionantes deste começo de Campeonato Brasileiro.
Pela maior parte do tempo, o duelo do Furacão de Paulo Autuori com o Galo de Marcelo Oliveira foi de alta qualidade. “A gente bem que queria impor nosso estilo, mas o adversário não deixou”, comentou o treinador rubro-negro. E isso com o Atlético logo saindo na frente com André Lima, depois de uma bela troca de passes entre Sidcley, Hernani e Ewandro. Haveria espaços para jogar, pois os mineiros partiram ainda mais para cima. “Todo mundo sabe como eles jogam, no ataque. É o que a gente chama de bagunça organizada”, resumiu Nikão.
E é bacana ver o Atlético-MG jogar. Seja onde for eles jogam ofensivamente – estratégia que deve ser mantida por Marcelo Oliveira. Não é muito legal para o goleiro adversário. Weverton trabalhou bastante até o empate dos visitantes, marcado já no segundo tempo. Foi um dos lances polêmicos da partida: bola na área, Cleberson disputa com Cazares, a bola bate em seu braço e Flávio Rodrigues Guerra marca pênalti. “Ele chegou aqui e falou ‘vou consertar a merda que o outro juiz fez (contra o Palmeiras)’. Falou para mim e para outros jogadores, e vem aqui e faz pior”, reclamou Weverton.
A ira dos jogadores e da torcida (que esqueceu o jogo em determinado ponto e passou a centrar sua atenção no árbitro) veio porque minutos antes do empate dos mineiros o Atlético teve lance semelhante, com Nikão chutando e a bola bate no braço de Douglas Santos. Nada foi marcado. Aumentou quando Walter disputou com Edcarlos e de novo nada foi marcado. “Eu não vi, mas a TV disse que foi pênalti no Walter”, comentou Paulo Autuori. “É só ver todos os lances, é chato falar de cabeça quente, mas eu não tenho nem dúvida que ele atrapalhou nosso time”, completou Weverton.
“Ele gerou insegurança ao nosso time ao colocar o nosso treinador para fora”, disse ainda o camisa 12 do Furacão, lembrando daquele que foi o momento mais marcante da partida. Ainda no primeiro tempo, um lance de tiro de meta em que foi marcado escanteio irritou Autuori, que instantes depois foi excluído do jogo pelo quarto árbitro, Ronan Marques da Rosa. Aí o técnico saiu do sério. Enlouqueceu como nunca se viu na carreira do sereno sujeito que ouve jazz e cita Mário Quintana nas entrevistas. “Vou lembrar Mário Quintana, que disse que a mentira é uma verdade que deixou de acontecer. Ele foi mentiroso”, atirou o treinador, que garantiu não ter xingado ninguém.
Ao falar do que aconteceu, Paulo Autuori chegou a falar em largar tudo. “Se ele provar que eu ofendi a equipe de arbitragem, eu encerro a minha carreira de quarenta anos no futebol”, disse, como se fosse um recado para a CBF e o STJD, porque certamente essa história vai parar no tribunal. E não só essa, porque um torcedor jogou um objeto em direção de Flávio Rodrigues Guerra, que foi recolhido pelo árbitro. Até, o presidente do Conselho Deliberativo, Mário Celso Petraglia, quis saber quem era o cidadão, que acabou brigando com outros torcedores e contido pela polícia. Um final tumultuado de um grande jogo, do qual no final falou-se bem pouco.