Apesar de em campo o Atlético estar atravessando um bom momento, com a conquista do Campeonato Paranaense após sete anos e brigando diretamente por uma vaga na Libertadores, fora dele o clima de guerra entre torcida e diretoria parece não ter fim. Uma contradição, uma vez que as brigas sempre surgem no pior momento de um time.

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O clima de lua-de-mel, que parecia ganhar força nas eleições presidenciais do final do ano passado, quando a organizada Os Fanáticos apoiou a chapa composta por Luiz Sallim Emed e Mário Celso Petraglia, acabou no primeiro racha entre as duas partes. Em março, na semifinal da Primeira Liga, membros da torcida, insatisfeitos com o mau momento do time, cercaram o ônibus que levava a delegação atleticana, que encararia o Flamengo, e acabaram quebrando um vidro do veículo. Na sequência, ameaçaram o atacante Walter, que foi provocado em campo e revidou.

Embora jogador e torcedores tenham feito as pazes logo em seguida, o Rubro-Negro emitiu uma nota oficial proibindo que instrumentos e vestimentas com o nome da organizada entrassem na Arena da Baixada. Ali começou a guerra de notas e a bronca entre as duas partes.

Mais recentemente, o clima esquentou: os xingamentos a Petraglia em todas as partidas, os protestos (até com faixas, como no Atletiba), e até a criação da Associação dos Sócios e Torcedores do Atlético (Asta), que tem como objetivo tentar um diálogo com a diretoria do clube. A Asta, inclusive, conseguiu algo que até tempos atrás parecia impossível: juntar Os Fanáticos e Ultras, que sempre foram rivais, mas este ano já haviam prometido uma trégua.

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Faixas

Em meio a toda essa confusão, alguns torcedores resolveram até peitar Petraglia. No último domingo, na vitória do Atlético sobre o Coritiba por 2×0 na Vila Capanema, o atacante Walter, atualmente no Goiás, esteve no estádio e acabou tirando uma foto com uma torcedora, segurando a faixa “Fora Petraglia”, feita por um grupo de torcedores para o clássico.

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Rapidamente a foto ganhou repercussão nas redes sociais e o próprio Walter, embora tenha saído do Atlético por uma opção de Mário Celso Petraglia, fez questão de explicar que não percebeu o que estava escrito na faixa.

“Eu não tenho nada a ver com essa foto. Se pegarem a foto direitinho eu estou olhando para tirar a foto. Eu jamais faria isso com o presidente. Eu virei um torcedor do Atlético e sempre que posso vou aos jogos. Eu jamais faria isso com ele, que foi uma pessoa que me ajudou e isso foi um mal-entendido”, disse Walter, em áudio divulgado no site rubro-negro.

Nay Bortolotti gravou um vídeo respondendo Walter, alegando que qualquer pessoa a partir de quatro anos conseguiria ler o que estava escrito na faixa e que a mostrou para o atacante quando pediu para tirar a foto.

Protestos

Nos jogos, não só os xingamentos à diretoria e a Petraglia chamaram a atenção. No pior momento da equipe no Campeonato Brasileiro, quando acumulou três derrotas seguidas, além de perder em casa para o Grêmio, na Copa do Brasil, e as saídas de Vinícius e Walter, sem contratações à altura, as vaias e as cobranças aumentaram, inclusive com a retirada à força de algumas faixas que pediam para o torcedor se associar ao clube.

Depois desse episódio, as reclamações seguiram, principalmente por conta das organizadas, que tiveram negado os pedidos para entrar com bandeiras e faixas. A cada jogo, o técnico Paulo Autuori reforça a importância do apoio das arquibancadas e reclamou inúmeras vezes da postura dos torcedores.

“Você não pode de maneira nenhuma, isso é uma aberração, comemorar gols da forma que uma parte da torcida faz. Nós precisamos dessa torcida nos ajudando. Eles são importantes, que saibam disso. São protagonistas com os jogadores. Sei o quão determinante e importante é o apoio da torcida. Ela não nos fez perder o jogo porque tivemos força mental. A própria torcida do time joga para trás. Se não querem que a equipe ganhe, avisem-nos”, esbravejou o treinador após a vitória por 3×1 sobre a Chapecoense, no dia 5 de outubro.

No Atletiba, até houve incentivo durante a partida, tanto que o auxiliar-técnico Bruno Pivetti destacou isso, mas a bronca entre as duas partes seguem. Enquanto o presidente Luiz Sallim Emed também pede o apoio, a cada nota oficial divulgada nas redes sociais, os torcedores respondem com xingamentos e cobranças. Uma briga que parece que não terá fim nem mesmo se o rendimento em campo melhorar e a vaga na Libertadores for alcançada.