O torcedor do Atlético teve duas sensações para “escolher” ao deixar o Joaquim Américo depois do empate na terça-feira (7) com a Universidad Católica em 2×2, pela rodada de abertura do grupo 4 da Copa Libertadores. Uma era a frustração de ver o time deixar escapar uma vitória certa a minutos do final do jogo. Outra era a irritação de ver o time repetir os mesmos erros das fases eliminatórias, mas desta vez perdendo pontos preciosos dentro de casa.
Quem viu o Furacão pela primeira vez na Libertadores pode ter se surpreendido. Mas quem acompanhou os cinco jogos, a trajetória rubro-negra até agora na competição, não viu nada de diferente contra o chilenos. E é o que deixa claro que há um problema tático na equipe, porque um time que usa cinco vezes a mesma estratégia – de recuar em demasia e admitir correr riscos em nome da manutenção do resultado – tem um erro grave de organização.
Por que não é possível que o Atlético jogue como fez em boa parte do primeiro tempo? Quando foi agudo, ousou ao liberar mais Jonathan para o apoio, fez com que Lucho González e Carlos Alberto se revezassem na transição, tinha Pablo abrindo espaço para as chegadas de Felipe Gedoz e deixava a Católica presa em seu campo defensivo. Fez isso, abriu o placar rapidamente e levou perigo em pelo menos mais três oportunidades.
Só que o Furacão escolhe sofrer. A partir dos 30 minutos da etapa inicial, já se via a equipe inteira no campo defensivo. E não era uma compactação que permitia uma saída rápida de contra-ataque. Era todo mundo atrás mesmo. Como foi após Grafite marcar contra o Millonarios na Arena, como foi até sofrer o gol em Bogotá, como foi no empate com o Deportivo Capiatá em Curitiba, como foi na agonia do tempo que não passava no Paraguai.
O Atlético submete seus méritos a uma estratégia arriscada demais. Recua, cede campo, abre as laterais para os cruzamentos. Parece contar que Thiago Heleno e Paulo André vão ganhar todas pelo alto, e se a bola passar Weverton resolve. E, quando preciso, ainda aposta em um terceiro zagueiro. Funcionou com Wanderson em Capiatá e com Jacy no Atletiba, mas nesta terça foi um desastre.
Isto porque a bola fica passando perto da área toda hora. Os adversários empilham cruzamentos, chutam a gol porque há espaço, criam oportunidades, fazem Weverton confirmar a fama de milagreiro (contra a Católica foram duas defesas espetaculares, uma em cada tempo). E aí Nikão, Gedoz e Pablo, que precisam puxar o contra-ataque, desafogar o time, estão lá na porta da área, fechando a tranca da fazenda. Pode dar certo, mas não é todo dia que funciona.
A falha passa por Paulo Autuori. Sim, Sidcley é um ponto abaixo da curva, e todo mundo já percebeu. Sim, contra a Católica houve erros de posicionamento. Mas sim, nos cinco jogos o Atlético tentou a mesma coisa. Parece faltar repertório na hora de controlar um jogo. E o treinador que não venha dizer que os jogadores são maduros e o time não. Já deu essa história – ainda mais com Weverton, Thiago Heleno, Paulo André, Lucho, Jonathan e Carlos Alberto titulares, como na terça-feira.
O Atlético reforçou seu time. Tem hoje jogadores talentosos do meio para frente. Além disso, tem volantes que marcam e jogam. Então, tem que usar a posse de bola a seu favor, e não ficar formando um muro na frente na área pra ver no que dá. Há condições de classificação, o empate é ruim mas não é o fim do mundo, só que se dessa vez Autuori e o Furacão não aprenderam a lição, a vaga nas oitavas de final vai ficar mais difícil de ser conquistada.