A Procuradoria do Supremo Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) pretende denunciar o Atlético após ação polêmica na partida contra o América-MG, no sábado (6), na Arena da Baixada. Mesmo sem autorização da CBF, os jogadores do clube entraram em campo com uma camisa amarela com a frase “Vamos todos juntos por amor ao Brasil”, em alusão ao presidenciável Jair Bolsonaro (PSL).
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Conhecido por seu engajamento político, o zagueiro Paulo André foi o único a não entrar em campo com a camisa. Um dos líderes do extinto grupo Bom Senso FC, ele se negou a usar e manteve um agasalho sobre a mensagem.
Em julho, o STJD puniu o Furacão pelo uso de um telefone celular em campo pelo goleiro Santos, alegando ser parte de campanha para conscientização contra o uso do aparelho quando se dirige um carro. À época, os paranaenses sequer procuraram a CBF para pedir autorização. Como a entidade não autorizou a manifestação, o clube, que é reincidente, pode ser multado em até R$ 100 mil, conforme o artigo 191-III do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, que fala em “deixar de cumprir o regulamento de competição”.
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Presidente do STJD, Ronaldo Piacente explicou a situação e como o órgão pode agir. O fato da manifestação ser política não é exatamente o único problema. “O Atlético fez um pedido à CBF para realizar uma manifestação em campo. A CBF negou, pois o pedido foi realizado depois do prazo de 48h previsto em regulamento. Mesmo sem autorização, o time entrou com a camisa em alusão ao Bolsonaro. O STJD pode, sim, julgar a motivação. O Código da FIFA fala em punição para manifestação política. Mas neste caso, a denúncia é sobre a falta de autorização, que é uma infração à competição”, declarou.
A Procuradoria do STJD poderia denunciar a equipe dentro do código da Fifa, já que o Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) não prevê a situação, mas, inicialmente, essa não é a ideia.
“É uma coisa nova. A Fifa fala mais em manifestação da torcida, e não podemos julgar se não há previsão legal. A Procuradoria pode denunciar um clube dentro do código FIFA, mas seria difícil nesse caso. Não podemos levar para a política partidária. É um descumprimento de negativa da CBF que fere o regulamento”, declarou.
Repúdio de aliado
Articulador político do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) no Paraná, o deputado Delegado Francischini considera como “rídicula” uma possível punição do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) ao Atlético pela manifestação do último sábado na Arena da Baixada.
Por mais que o presidente do Conselho Deliberativo atleticano, Mario Celso Petraglia, tenha anunciado seu apoio pessoal ao candidato do PSL, Francischini não entendeu a atitude do clube como política.
“É a pessoa física, não o presidente do Atlético… É ridículo uma acusação de fazer política por entrar com uma camisa do Brasil em campo”, falou o deputado à Gazeta do Povo.
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“Acho que o STJD vai fazer um desserviço ao país de punir o Atlético por ser patriota. Não tem nada de campanha do Bolsonaro, não tem frase do Bolsonaro. Entraram com uma camisa verde amarela. O presidente do Atlético tem meu respeito por ser patriota e nenhum momento a campanha do Bolsonaro recebeu qualquer ligação, qualquer contato dizendo que teria esse movimento”, reiterou o político.
Deputado estadual mais votado no Paraná nas eleições de 2018, Francischini aproveitou o caso para cutucar a CBF, além de sugerir que outros clubes sigam o exemplo do Furacão.
“Acho que outros times deveriam entrar com a camisa verde e amarela e o STJD e a CBF deveriam aplaudir. Nos últimos anos a CBF não vem recebendo aplauso nenhum com tudo que vem acontecendo internacionalmente com ela. E quando um time resolve ser patriota, mostrar que nosso país pode mais, sem nada a ver com política, vai ser punido?”, questionou.
Em conversa com a Tribuna do Paraná, na tarde de terça-feira (9), o deputado eleito disse que Jair Bolsonaro não falou sobre planos para o futebol brasileiro, mas que o candidato do PSL é contra a estrutura do esporte no País.
Pedido recusado
Procurada pela reportagem, a CBF explicou que o pedido do Atlético sequer foi avaliado. “Como chegou depois do prazo, no fim da tarde de sexta, nem analisamos o conteúdo. O pedido foi negado, como acontece muitas vezes. Não existe uma regra estipulada para isso. Não foi negada por ser uma manifestação política. É questão de protocolo, tempo de jogo, horário da partida, além, claro, da questão de marketing, que envolve os contratos de TV e patrocínio”, disse Douglas Lunardi, diretor de comunicação da CBF.
Quando questionado se a CBF aprovaria manifestações políticas, Douglas preferiu não entrar em detalhes. “Não trabalhamos nem vamos comentar hipóteses. O caso foi ausência de prazo. Precisamos manter um protocolo para não haver problemas como no passado, de questões de exposição de marcas concorrentes aos patrocinadores”, disse, lembrando a final entre Vasco e São Caetano, em 2000, quando o clube carioca entrou em campo exibindo a logo do SBT, rival da Globo, detentora dos direitos de transmissão da competição.
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