Fim de um ciclo?

2017 pode ser o ano da despedida de Paulo Autuori como treinador

Ideia de deixar os gramados já era estudada por Autuori, mas o convite do Atlético o fez mudar de ideia. Agora, a mudança de ares está perto. Foto: Daniel Castellano

Primeiro técnico a começar e terminar um Brasileirão no Atlético em 17 anos, Paulo Autuori se prepara para iniciar aquele que pode ser o último ano de sua carreira como treinador de futebol. Líder da equipe fora de campo, ele coordena também um amplo processo de reestruturação de métodos e filosofia de trabalho no CT do Caju, que pretende padronizar procedimentos e abrir espaço para novas lideranças diretivas.

“Uma das coisas que quero é abrir as portas do clube para a mudança de gerações. Está na hora de mudarmos, pois são sempre os mesmos nomes. Eu estou incluído nisso”, reconheceu ele, ansiando por profissionais com a mente mais aberta. Em entrevista publicada no site do Furacão, Autuori garante que está muito próximo de deixar o futebol e seu cargo no Atlético, não sem antes, é claro, comandar o time na Copa Libertadores de 2017. Isso, inclusive, diminui os rumores de que o treinador poderia ir para o Corinthians, como foi cogitado pela imprensa paulista semana passada, após a demissão de Oswaldo de Oliveira.

“Fico feliz em proporcionar isso (ceder espaço para profissionais mais novos e preparados). Podemos formar aqui profissionais ‘fim’, não só profissionais ‘meio’. Podemos criar um plano de carreiras dentro da instituição, que é outro paradigma que o Atlético se dispôs a proporcionar”, explicou. Bruno Pivetti, que já treinou o time sub-23 do Rubro-Negro e hoje é auxiliar atleticano é apontado como o primeiro formando da “faculdade Autuori/Atlético”.

Depois de anos fazendo as mais diversas e até esdrúxulas experiências, o Atlético encontrou em Autuori o parceiro que sempre sonhou, mas pelo qual nunca quis pagar. Conhecido pela rigidez no padrão salarial quando o assunto era treinador, o Furacão decidiu mudar de estratégia quando percebeu que nem só de estádio e CT vive um clube. São os profissionais, bem pagos e motivados, que fariam o clube mudar de patamar.

O projeto apresentado de uma gestão diferenciada foi o que atraiu Autuori a voltar à condição de treinador no Brasil. Por essa nova filosofia diferenciada, o clube encontrou no técnico alguém que pudesse tocar adiante seu planejamento.

“O clube me propôs algo que sempre propus aos outros clubes que passei. Foi um processo inverso pela primeira vez e de forma surpreende. O Atlético acreditou e me ofereceu um projeto que eu acredito”, elogiou. O casamento, embora tenha data (não confirmada) para terminar, rendeu ao Furacão o título do Paranaense, a participação na final da Primeira Liga, boa participação na Copa do Brasil e a classificação para a Libertadores.

“A continuidade é fundamental, mas para isso tem que saber que há de se ter uma lógica progressiva, respeitando os processos pedagógicos. Fazer algo com cabeça, tronco e membros. O Atlético proporciona isso e fico feliz”, disse. “Não queria mais trabalhar como técnico, mas o Atlético e seu projeto e ideias me fizeram mudar. Decididamente esse será meu último trabalho como treinador no BrasiL”, concluiu.