Um clássico bonito, bem disputado e com diversas opções. Foi isso que Paraná e Atlético demonstraram para as 12 mil pessoas que compareceram à Vila Capanema, na noite de ontem. Melhor para o Atlético, que em um único arremate na etapa final decidiu o jogo. O resultado positivo aliado ao empate entre Engenheiro Beltrão e Iraty, à tarde, constituíram a rodada perfeita para o Furacão. Com os três pontos, o time da Baixada assume o segundo lugar do grupo e agora decide a classificação em dois jogos na Arena. O Paraná vai a Irati em busca da reabilitação e também da vaga à semifinal.
Jogando em casa, o Tricolor tratou de partir pra cima do Atlético logo após o apito do árbitro e quase surpreendeu aos 24 segundos, com uma arrancada de Cristian, que chutou à direita de Vinícius. O time da Vila permaneceu sufocando e empurrando o Atlético para o seu campo até os 15 minutos. Até esse momento, os jogadores do Rubro-Negro demonstravam muito nervosismo, errando passes e jogadas óbvias. Danilo escorregou ao receber um recuo. Rhodolfo errou a cobrança de um lateral e Netinho sequer conseguiu alçar a bola na área numa cobrança de falta.
Mas na primeira estocada o Furacão demonstrou ser um time perigoso e quase abriu o placar. Lançamento para Marcelo Ramos, que ajeitou a bola para Nei chegar batendo. O ala não dominou direito e teve que dividir a bola com Fabiano Heves.
A partir daí o jogo ganhou em qualidade e dramaticidade. Os dois times imprimiram um forte ritmo e as chances começaram a pipocar dos dois lados. O Paraná teve oportunidades com Joelson, de cabeça, e em chutes fracos de Everton e Giuliano. Já o Atlético ameaçou nos arremates de Alan Bahia e Marcelo Ramos, para outra ótima intervenção do goleiro paranista. O equilíbrio permaneceu até nas cobranças de falta. Os principais batedores de ambas as equipes – Cristian e Netinho -desperdiçaram as chances que tiveram.
O segundo tempo começou da mesma forma que o anterior. O Paraná pressionando e com mais posse de bola. O time comandava as ações, aplicando uma boa marcação e não deixando o Rubro-Negro jogar. Apesar disso, errava no último passe e não conseguia chegar no gol atleticano. E como futebol é imprevisível, na primeira estocada do Furacão aconteceu o gol. Antônio Carlos roubou bola e tocou para Pimba. O garoto passou para Alan Bahia que progrediu pelo meio e arriscou. A bola desviou no zagueiro João Paulo e enganou Fabiano Heves.
Com a vantagem, o Atlético recuou ainda mais e deu campo para o Tricolor. Mas a marcação do Rubro-Negro foi perfeita e impediu qualquer avanço mais perigoso do Paraná. Bonamigo tentou mudar o resultado, fazendo alterações e lançando o time pra frente, porém não adiantou. E mais uma vez, o Tricolor perdeu para o rival dentro da Vila Capanema.
Campeonato Paranaense
4ª rodada – 2ª fase
Paraná Clube 0 x 1 Atlético
Local: Durival Britto
Paraná: Fabiano Heves; Daniel Marques, João Paulo (Daniel Cruz aos 28? do 2º) e Luís Henrique; Araújo (André Luiz aos 24? do 2º), Goiano, Jumar, Giuliano (Fabio Luís aos 24? do 2º) e Everton; Cristian e Joélson. Técnico: Paulo Bonamigo
Atlético: Vinícius; Rhodolfo, Antônio Carlos e Danilo; Nei, Valencia, Alan Bahia, Netinho e Piauí (Leo Medeiros aos 15? do 2º); Gabriel Pimba (Zé Antônio aos 40? do 2º) e Marcelo Ramos (Willian aos 44? do 2º). Técnico: Ney Franco
Árbitro: Héber Roberto Lopes
Auxiliares: Francisco A. do Prado e Aparecido Donizetti Santana
Gols: Alan Bahia aos 18? do 2º
Cartões amarelos: Rhodolfo, Antônio Carlos, Alan Bahia (A), Luiz Henrique, Cristian (P)
Público pagante: 12.062
Público total: 12.810
Renda: R$ 163.069
Paraná fica devendo pra torcida
Irapitan Costa
Foto: Ciciro Back |
Faltou o presente pra galera, mas Bonamigo tem certeza que o time não vai se abater com a derrota. |
?Não demos o presente para essa torcida, hoje (ontem). Mas, essa galera pode ter certeza que esse grupo não vai se abater e vai chegar.? Foi essa a mensagem de otimismo do técnico Paulo Bonamigo após a derrota no clássico. Pela primeira vez desde a sua chegada, o Paraná Clube sofreu duas derrotas em seqüência, o que jogou maior dramaticidade na busca de uma vaga à fase semifinal do Paranaense-2008.
Na sua avaliação, não houve surpresas no jogo, que como previa foi definido no detalhe. Mais especificamente, num chute despretensioso, de longa distância, e que se transformou em gol, após o desvio no zagueiro João Paulo. Apesar do equilíbrio nas ações ofensivas, para Bonamigo, no geral o Tricolor teve maior ocupação dos espaços, só que esbarrou na eficaz marcação atleticana. ?Nos primeiros vinte minutos, estivemos muito bem. Envolvemos o adversário e perdemos pelo menos duas chances?, lembrou.
O treinador paranista reconheceu que a partir daí, o Atlético conseguiu equilibrar o jogo, preenchendo espaços no meio-de-campo e também ameaçando a meta tricolor. ?No segundo tempo, perdemos o ímpeto, mas tínhamos o jogo controlado. Só que exageramos nas bolas alçadas e sem nenhuma produtividade?, disse Bonamigo. ?Tentei uma mudança nas alas, mas mesmo assim esbarramos numa defesa muito forte e bem postada?, analisou. A rigor, o mesmo filme do clássico do primeiro turno, disputado na Arena, mas às avessas.
?O jeito é assimilar o mais rapidamente esses dois resultados e partir com tudo para garantir a vaga nesses confrontos com o Iraty?, afirmou Bonamigo, que para o jogo do próximo domingo, no Estádio Coronel Emílio Gomes, não poderá contar com o zagueiro Luís Henrique e o meia Cristian, suspensos pelo terceiro cartão amarelo. Em contrapartida, terá a volta do volante Léo, que ontem fez muita falta ao time azul, vermelho e branco.
Jogo decidido no detalhe
O capitão Luís Henrique admitiu: ?Ressuscitamos um rival?. O zagueiro só lamentou a forma como o Paraná foi derrotado, ontem, na Vila Capanema. ?Foi um jogo igual, onde um gol casual fez a diferença?, analisou. Na sua avaliação, mais do que superação, agora é a hora do grupo mostrar personalidade. A mesma personalidade que fez o Tricolor virar o jogo na fase classificatória, quando saiu de uma posição desconfortável para se garantir entre os oito classificados.
?Agora, não temos que pensar em projeções. É vencer e vencer?, disse o zagueiro, que no domingo terá que ficar apenas na torcida pelos seus companheiros, em Iraty. ?Deixamos escapar a chance de nos garantirmos com antecipação. Perdemos gols por falhar naquele último passe. Mas, isso é passado, o que interessa, agora, são os 180 minutos decisivos que teremos pela frente?, comentou Luís Henrique. Em meio a esses dois jogos, contra Iraty e Engenheiro Beltrão, o Paraná terá outra decisão, em Salvador, pela Copa do Brasil.
Para o goleiro Fabiano Heves, a derrota não foi castigo por uma certa falta de ambição da equipe, em especial no segundo tempo. ?O adversário deu um chute a gol e teve mais sorte. Foi um jogo truncado?, lembrou. ?O mais justo seria o empate. Mas, agora, é deixar tudo pra trás e ir atrás dessa vaga. Esse grupo já mostrou que tem qualidade para chegar à semifinal e brigar pelo título. Um tropeço não pode fazer com que a gente perca o foco, a confiança?, arrematou Heves.
Vitória no clássico enche Atlético de moral
Clewerson Bregenski
Foto: Ciciro Back |
Alan Bahia diz que a mudança de atitude foi fundamental. |
A perspectiva de classificação para o Atlético não poderia ser melhor. Dentre os pretendentes às vagas, o time rubro-negro é o único que tem dois compromissos em casa pra carimbar o passaporte à semifinal. Por isso a vitória diante do Paraná foi tão comemorada. Tá certo que havia aquele clima de revanche, devido à derrota na Arena, mas pra um time que estava com moral em baixa no início da segunda fase, o retorno de bons resultados é pra ser enaltecido.
O herói do jogo, o volante Alan Bahia, destacou a entrega de todo o time e disse que mais importante do que jogar bem foi a conquista dos três pontos. ?Tínhamos de mudar de atitude. Não estávamos marcando muito. Contra o Iraty começou essa mudança?, afirmou o jogador, que mais uma vez salvou o Atlético. Em Irati, foi dele o gol da vitória.
Garra
Esse espírito guerreiro ganhou forma após o pacto feito entre os jogadores e confidenciado ontem pelo ala Nei. ?Quando a gente perdeu as duas partidas (para Engenheiro Beltrão e Paraná), dissemos: ?só dependemos de nós, vamos nos unir e vamos jogar?. Está sendo assim e está dando resultado?, afirmou. Pro meia Netinho, o jogo contra o Paraná foi difícil e muito equilibrado, porém o resultado foi construído devido à superação. ?Superamos a técnica na vontade e o determinante foi a raça?, analisou.
A união do grupo também foi destacada como fundamental pra volta do futebol competitivo no Rubro-Negro. Segundo o capitão Antônio Carlos, o ponto forte da equipe é a união. ?Não nos abalamos nem nos momentos difíceis?, disse. ?Na fase ruim, nos unimos mais ainda. Não vai mais ter adversário?, empolgou-se o zagueiro Rhodolfo.