Se Páscoa significa ressurreição, ontem o Atlético teve força suficiente para ressurgir das cinzas e com um futebol muito aguerrido vencer a boa equipe do Iraty, por 1 a 0, no Estádio Emílio Gomes, nos Campos Gerais. Com o resultado, o Furacão entrou novamente na briga por vaga à semifinal e volta a sonhar com a possibilidade de título, conquista que parecia quase impossível na semana passada. O próximo compromisso é o clássico contra o Paraná Clube, na Vila Capanema. O Azulão viaja para enfrentar o Engenheiro Beltrão, no noroeste do Estado.
O jogo era tudo ou nada para o Atlético, então o time rubro-negro tentou partir pra cima, logo após o apito do árbitro. No entanto, esbarrou em uma marcação muito forte do Iraty, que não dava espaço e saía com velocidade para os contra-ataques, principalmente com o habilidoso Rodriguinho. Foi ele quem teve a grande chance de marcar para o time de casa.
Mesmo precisando da vitória, o Furacão só ameaçou aos 20 minutos quando, num cruzamento da direita, o zagueiro Paulo Miranda interceptou e acertou a bola no travessão. O lance empolgou o Rubro-Negro que três minutos depois quase assinalou seu gol com Marcelo Ramos. Gilson salvou em cima da linha.
As duas equipes passaram a pegar pesado em jogadas mais ríspidas. Os atleticanos, demonstrando sentir a pressão, exageraram na força e quatro atletas receberam cartão amarelo. Danilo, inclusive, poderia ter sido expulso, em um lance que levantou Rodriguinho.
Mas na parte técnica, ambas as equipes deixaram a desejar. ?O jogo está violento. Temos que manter a cabeça no lugar e ter calma para vencer o jogo?, avisou Netinho na saída para o intervalo.
Bola roubada
Se a partida já era truncada, piorou com a chuva que começou a cair em Irati no 2.º tempo. Os dois times voltaram com a mesma formação e o Azulão pressionou com oportunidades criadas por Ricardinho e Gilson. O Atlético equilibrou e passou a levar perigo a partir dos 15 minutos.
E aos 22, numa roubada de bola no meio-campo, saiu o gol atleticano. Marcelo Ramos tocou para Pimba, que achou Alan Bahia dentro da área. O volante tocou na saída do goleiro Walter e tirou um peso do ombro dos jogadores e da torcida, que compareceu em bom número em Irati.
Com a vantagem, o Furacão recuou e passou a dar campo para o Iraty. No entanto, nos contra-ataques quase ampliou. A melhor chance foi com Irênio, que substituiu Netinho. O meia recebeu sozinho dentro da área, mas ao tentar driblar o arqueiro, perdeu a bola. Ao Azulão coube pressionar, mas na base da empolgação. Final de jogo e muita comemoração dos atleticanos, que voltam a sonhar com a classificação. Para o Iraty a situação ficou mais difícil, pois terá dois jogos fora de casa.
Campeonato Paranaense
2.ª fase – 3.ª rodada
Iraty 0 x 1 Atlético
Iraty
Walter; Ayrton, Paulo Miranda, Everson e Nill (Everton, 28? do 2.º); Reginaldo Nascimento, Diogo, Ricardinho e Ceará (Paulo Queiroz, 28? do 2.º); Rodriguinho (Luciano, 28? do 2.º) e Gilson. Técnico: Lopes Júnior.
Atlético
Vinícius; Rhodolfo, Antônio Carlos e Danilo; Nei, Valencia, Alan Bahia (Renan, 44? do 2.º), Netinho (Irênio, 40? do 2.º) e Piauí; Pimba (Willian, 47?do 2.º) e Marcelo Ramos. Técnico: Ney Franco.
Árbitro: Edivaldo Elias da Silva.
Assistentes: José Amilton Pontarolo e Paulo César Mendes.
Gol: Alan Bahia, 22? do 2.º tempo.
Cartões amarelos: Danilo, Piauí, Alan Bahia, Valencia (A); Diogo, Ricardinho (I).
Público: 3.360 pagantes.
Renda: R$ 41.640.
Local: Emílio Gomes, em Irati.
Confiantes, atleticanos querem dar o troco ao Tricolor
Cahuê Miranda
Foto: Ciciro Back |
Zagueiro Danilo avisa: time vai com tudo pro clássico com o Paraná, na próxima quinta-feira. |
O Paraná que se prepare. A vitória sobre o Iraty resgatou a confiança dos jogadores do Furacão, que já mandaram o recado. Quinta-feira, na Vila Capanema, o Atlético vai com o moral em alta e promete uma história diferente do primeiro confronto da 2.ª fase, que terminou com vitória tricolor na Baixada (1 a 0).
?Ficamos 15 jogos sem perder e não seria de uma hora para outra que jogaríamos tudo fora. Hoje valeu pela vontade e superação de todos e agora as coisas se invertem. Somos nós que vamos com o moral em alta para o clássico?, avisa o zagueiro Danilo.
A raça e aplicação de toda a equipe foi apontada como a maior virtude do Furacão em Irati. ?Essa é a cara do Atlético. Não desistimos nunca. Hoje, todo mundo se doou ao máximo, correu o tempo todo e conseguimos uma vitória que deu um novo ânimo ao grupo?, destaca o volante Alan Bahia, autor do gol do Furacão.
Despertador
Para o técnico Ney Franco, o time tem que repetir a disposição se quiser derrotar o Tricolor. ?Temos que comemorar muito esses 3 pontos. Com essa vitória, a gente acordou na competição. Da mesma forma que o Paraná foi na nossa casa e ganhou, nós temos condições de fazer o mesmo. Será mais um jogo muito difícil, mas se entrarmos com essa mesma pegada, já é meio caminho andado?, diz o treinador.
O comandante rubro-negro já avisou que pode repetir a escalação de ontem, mas espera contar com os volantes Zé Antônio e Léo Medeiros, contratados na semana passada. Para ter condições de enfrentar o Tricolor, eles devem ser registrados na CBF até quarta-feira. ?A transferência do Zé é internacional, mas pelo trabalho que está havendo no clube me parece que ele ganhará condições. Acho que com o Léo Medeiros também não haverá problema algum. São mais duas boas opções para o clássico?, conclui Ney Franco.
Inspirado em Taffarel, jovem Vinícius é um dos destaques do Furacão
Clewerson Bregenski
Foto: Walter Alves |
Formado em Educação Física, jogador está no clube há oito anos. |
Apesar do momento instável pelo qual passa o Atlético, o time ainda possui a defesa menos vazada do campeonato (9 gols contra 11 do Coritiba). E isso se deve, em grande parte, à boa fase que vive o goleiro Vinícius.
O camisa 1 atleticano ganhou a grande chance para provar o seu valor neste Campeonato Paranaense e não tem decepcionado. Nas últimas partidas tem salvado o time em vários momentos, contribuído para que as vitórias aconteçam e impedido derrotas mais elásticas. Vinícius foi o único atleta do elenco que disputou todos os jogos oficiais do clube na temporada: 17 pelo estadual e dois pela Copa do Brasil. Nas 19 atuações, levou 11 gols e em nenhuma partida teve que buscar mais do que uma bola no fundo das redes.
Natural de Marechal Cândido Rondom (PR) e fã de Taffarel, o arqueiro rubro-negro de 22 anos fez teste no Atlético em 1999, então com 14 anos. No ano seguinte, aportou no CT do Caju, onde viveu esses oito anos, trabalhando e ralando muito.
E tudo em busca de um sonho: vestir a camisa 1 do Furacão. Para alcançar esse objetivo, Vinícius passou por momentos difíceis como o afastamento do grupo principal em 2006, quando perdeu espaço para outros goleiros. No entanto, com apoio de seus familiares, persistiu no sonho e hoje é um dos destaques do atual time.
O goleiro, que tem graduação universitária (Educação Física), prática pouco comum entre os boleiros, conversou com a Tribuna sobre esse momento e os oito anos de Atlético. E garantiu que foi neste Paranaense que viveu a maior emoção de sua carreira, ao defender o pênalti contra o Cianorte e ter o seu nome gritado pela torcida. ?Foi como se tivesse marcado um gol. A torcida gritando. Foi a maior emoção que vivi?, afirmou Vinícius. Acompanhe a entrevista.
Tribuna: O Paranaense tem sido sua grande chance. Qual avaliação faz do seu rendimento?
Vinícius: Há muito tempo espero para ter uma chance como essa, com seqüência de jogos. Tenho muito que trabalhar e evoluir para atingir um nível mais alto.
Tribuna: Em que aspectos pode evoluir?
Vinícius: Fiz minha estréia em 2005, no profissional, e depois foram apenas jogos isolados. Essa seqüência é boa. Estou evoluindo e passando confiança para a torcida a cada partida.
Tribuna: Em alguns jogos você tem sido o jogador decisivo. A que fatores você atribui esse bom momento?
Vinícius: É o conjunto. Todo mundo está ajudando o sistema defensivo e assim não chegam muitas bolas. Isso se deve ao meu trabalho, pois sem treinamento não se chega a lugar algum.
Tribuna: Goleiro é a posição que não se pode falhar. Como você trabalha isso em sua cabeça?
Vinícius: É uma responsabilidade grande e não posso pensar em falhas, mas em acertos. Procuro sempre me concentrar bastante, pois assim minimizo possíveis erros. Falhar faz parte da vida do goleiro. Aprendi a conviver com isso, quando escolhi essa profissão. Às vezes tem que ser frio para não deixar que uma falha possa te abalar para o restante do jogo e da carreira.
Tribuna: Até chegar a condição de titular, quais as principais dificuldades que passou?
Vinícius: Mudei para o Atlético no começo de 2000 e você trabalha com o sonho de chegar no profissional, de vestir a numero 1 e fui treinando muito. 2006 foi o ano mais difícil. Não fiz nenhuma partida oficial e fui afastado, treinando por duas semanas separado do grupo principal. Depois fui reintegrado, mas perdi o meu espaço. Continuei trabalhando e hoje estou sendo recompensado por isso.
Tribuna: Como conciliar trabalho e estudo, pois você é formado em Educação Física, fato raro entre jogadores profissionais.
Vinícius: Aproveitei um período que não estava sendo relacionado para os jogos, mas havia a dificuldade em estar presente nas aulas. Contei com a ajuda da minha esposa, que conheci na sala de aula. Foi um período desgastante, mas a recompensa veio quando me formei. É uma realização pessoal.
Tribuna: A graduação foi a aposta para o futuro?
Vinícius: Quando parar de jogar, quero continuar no ramo, principalmente ligado a preparação de goleiros. É lá que essa graduação poderá me ajudar.
Tribuna: Se der certo esses planos, você espera passar o resto da vida no Atlético.
Vinícius: Espero passar o maior tempo possível (risos). Não tem como garantir nada, pois sabemos como o futebol é. Mas quero conquistar títulos e, se possível, depois continuar trabalhando aqui.
Tribuna: Jogar no exterior é um objetivo imediato?
Vinícius: No momento não penso. Primeiro quero garantir meu espaço aqui. O Atlético precisa de mais títulos de expressão e espero contribuir com isso. Claro que se aparecer propostas tem que estudar e ver o pensamento do clube.
Tribuna: Todos os setores do time marcaram gols. Falta só o goleiro. Você treina cobrança de falta e pênaltis?
Vinícius: Já fiz um gol em cobrança de falta no infantil, mas não dei seqüência no treinamento. Prefiro dar ênfase aos trabalhos específicos pra goleiro.
Tribuna: Mas dá vontade de fazer um golzinho, de vez em quando?
Vinícius: Dá vontade ao ver os companheiros comemorando gols, com uma alegria imensa. Acho que o momento parecido com o gol, para o goleiro, é a defesa do pênalti. É uma coisa que consagra, devido à importância.
Tribuna: Mas se precisar, está preparado para arriscar uma cobrança?
Vinícius: Pênalti dá até pra arriscar (risos). Se o placar estiver elástico, dá para arriscar sim…
Contra o Iraty, Pimba na gorduchinha
Na partida de ontem, Ney Franco mexeu no Furacão e veio com uma formação tática diferente para bater o Iraty. Deu certo. O garoto Pimba entrou com a função de auxiliar o meio-campo na armação e marcação e partir para o ataque, chegando para surpreender o adversário.
E o garoto não decepcionou. Correu muito, marcou e ainda foi dos seus pés o passe para Alan Bahia marcar o gol salvador. O jogador, inclusive, ganhou elogios do treinador. ?Foi o melhor em campo. Muito bem taticamente?, resumiu.
A conversa no vestiário, no intervalo da partida, também foi fundamental para os jogadores atleticanos encontrarem o caminho do gol. ?Houve um excesso de cartões na etapa inicial. Eles estavam muito ansiosos e o jogo poderia descambar para a violência. Passei tranqüilidade e como deveríamos jogar para vencer?, explicou o treinador.
Na briga
A cartada de Ney Franco rendeu a vitória ao Rubro-Negro e a possibilidade de voltar a brigar por uma vaga à semifinal do Campeonato Paranaense. ?Foi um bom jogo e enfrentar o Iraty aqui é muito difícil. Temos muito o que comemorar. O resultado final foi justo?, afirmou. Para o treinador, seus comandados se dedicaram ao máximo e esse espírito de muita pegada tem que se estender até o término da competição.
?O Atlético é garra, vibração. Falaram que nosso time era cavalo paraguaio, time de pipoqueiros. Está provado que não é ?, afirmou o ala Nei. Para Danilo, valeu pela superação e a vitória eleva o moral da equipe para o clássico de quinta-feira. ?Hoje (ontem) mantivemos os 90 minutos de briga. Entramos na disputa de novo?, comemorou o zagueiro.
Ventania perde pro Dallas e briga nos EUA
Cahuê Miranda
Foto: Arquivo |
Na confusão, Michel e Eduardo Salles teriam agredido o árbitro e foram expulsos. |
Um papelão internacional. Assim terminou a viagem do time reserva do Atlético aos Estados Unidos. Além de perder por 2 a 1 para o parceiro FC Dallas, na noite de sábado, em Frisco, no Texas, o time rubro-negro protagonizou uma grande confusão, que incluiu uma suposta agressão ao árbitro e quase acabou com a partida ainda no 1.º tempo.
Com o resultado, o time norte-americano conquistou o segundo Desafio Brasil-EUA de Futebol. No último dia 6, na Arena da Baixada, o Dallas havia derrotado o Furacão por 2 a 0. No ano passado, o Atlético foi o vencedor do troféu, também com duas vitórias.
Com uma equipe formada por jogadores que não têm sido utilizados pelo técnico Ney Franco e garotos da equipe de juniores, o Atlético saiu na frente, com um gol do atacante Lê, aos 15 do 1.ª etapa.
O Dallas empatou aos 35, com David Wagenfuhr, que acertou um belo chute, encobrindo o goleiro Viáfara. A virada saiu dois minutos depois, numa cobrança de falta de Pablo Ricchetti. Lance que deu início a uma grande confusão.
Cobrança rápida
Enquanto os jogadores rubro-negros armavam a barreira, Ricchetti bateu a falta e surpreendeu Viáfara. Inconformados, os jogadores do Atlético partiram para cima do árbitro Richard Sanchez, que validou o gol mesmo sem ter autorizado a cobrança.
Enquanto era pressionado pelos atleticanos, o árbitro caiu no gramado. Segundo a página oficial do Dallas na internet, ele foi empurrado por Eduardo Salles e Michel.
Revoltado, o árbitro abandonou o campo e teve que ser convencido pelo técnico do Dallas, Steve Morrow, a voltar para reiniciar a partida. Eduardo Salles e Michel foram expulsos e, mesmo com o Atlético jogando com dois homens a menos, o resultado de 2 a 1 para o Dallas foi mantido.
O Atlético não se manifestou oficialmente sobre a partida e toda a confusão. A página do Furacão na internet, que fazia uma ampla cobertura do confronto e transmitiu imagens ao vivo direto dos EUA, publicou após a partida apenas uma pequena nota, informando o resultado e sem nenhum comentário ou relato sobre os incidentes.