Cada gol foi comemorado com o banco, que dedicou a vitória ao presidente Petraglia. |
O Atlético viveu ontem todas as fases do pós-título de campeão brasileiro numa mesma partida. Começou no céu, foi ao inferno e voltou ao paraíso. Em apenas 90 minutos. Ao apito do árbitro, foi com tudo para cima, depois errou demais e foi vaiado, voltou a pressionar o Criciúma e arrasou o adversário. Uma partida para nenhum torcedor esquecer tão cedo e uma vitória para fazer o Rubro-Negro subir na tabela e fugir da zona de rebaixamento. Com os 5 a 2 em cima dos catarinenses, o clube volta a respirar ares de tranqüilidade para se preparar para pegar o Cruzeiro, no próximo sábado, em Minas Gerais.
Após um começo titubeante na competição, o time ameaçou entrar em crise com os maus resultados. Se reuniu várias vezes e fez um pacto para voltar a vencer e mostrar um bom futebol. A torcida foi no embalo e fez a sua parte. Nem parecia o mesmo time que havia dado vexame contra o Fortaleza e perdido com um jogador a mais em campo. A vontade e a raça eram nítidas e gol era questão de tempo. O pentacampeão Kléberson representava essa mudança. Com o cabelo preto, chuteiras normais e bons chutes de fora da área, recebeu os aplausos da galera.
Mas a sensação de jogo dominado acabou prejudicando o time. O lateral-direito Alessandro tentou, por duas vezes, sair jogando e acabou perdendo a bola e armando as jogadas dos gols do Criciúma. No primeiro lance, a bola foi lançada na área para Tico só cumprimentar de cabeça e, no segundo, Juliano acabou cometendo pênalti. O lateral-artilheiro Paulo César Baier cobrou e marcou. A desvantagem no placar desencadeou a fúria da arquibancada. Era só Alessandro pegar na bola para a torcida começar a vaiar. Fora os gritos de “vergonha”, “timinho” e “segunda divisão”.
Quando a torcida organizada Os Fanáticos começou a entoar o hino do clube, os jogadores despertaram. A arbitragem anulou um gol legítimo de Ilan, mas logo na sequência, Baier fez pênalti em Dagoberto e a reação iniciou. O artilheiro do time, Ilan, bateu e diminuiu a vantagem dos catarinenses, que começaram a se acomodar em campo.
No segundo tempo, o filme parecia se repetir e as lambanças iam se repetindo. Até que o zagueiro Rogério Correia fez uma falta desclassificante em Delmer e foi expulso. Como num passe de mágica, as coisas começaram a melhorar, mesmo com o Furacão com um jogador a menos. Na seqüência, a bola foi levantada na área catarinense e Ilan chutou a bola na trave. No rebote, o estreante do dia, Juliano, não perdoou e balançou as redes. Ficou tão emocionado que passou mal e até vomitou em campo.
A essa altura já era um outro time. Não mais jogadores burocráticos cumprindo sua obrigação, mas lutadores em campo se entregando pelo clube. Juliano saiu na maca e resolveu voltar, recusando a substituição. Com o empate e um homem a mais, bem que Édson Vallandro tentou ir mais ao ataque tirando um meia e colocando um atacante. Mas o time continuou acomodado e deu espaço para o Atlético buscar os contra-ataques e vencer a partida.
Numa dessas, Ilan ajeitou para o volante Luciano Santos chutar forte no canto. Era a virada, era a explosão no estádio e a reconciliação com a torcida. Daí para a frente o jogo ficou dominado e Dagoberto começou a comandar o espetáculo. Dribles para todos os lados e, mesmo com a marcação do árbitro, deixou os catarinenses loucos e só não arrumou algumas expulsões no adversário porque Cléber Abade não quis cumprir a regra. Mesmo apanhando, o atacante ficou em campo e marcou um golaço, cobrando falta. Para fechar o show rubro-negro, Fernandinho fez fila na defesa do Tigre e chutou para fechar a reabilitação rubro-negra no Brasileirão.
Vadão dedica vitória a Petraglia
Foi um alívio geral na Baixada. Tanto que o técnico Osvaldo Alvarez dedicou a vitória para o presidente Mário Celso Petraglia, que durante a semana passou a apoiar mais de perto os jogadores no CT do Caju a pedido do próprio treinador. A iniciativa parece ter dado o resultado esperado e com o “prestígio” a mais, o time soube superar as adversidades e partir para a vitória contra o Criciúma.
“Durante a semana tivemos um apoio muito grande dos dirigentes, em especial do nosso presidente. Nós temos obrigação de oferecer essa vitória a ele. Pelo que ele tem feito, pela tranqüilidade que ele tem passado para nós”, derramou Vadão. A situação era delicada, principalmente pela falta de perspectiva de melhoras e da proximidade da zona de rebaixamento. A roupa suja foi lavada e o resultado mostrou o Furacão que a torcida gosta de ver. “A equipe acreditou e teve a coragem, mesmo com dez jogadores, de reverter um quadro que era totalmente adverso”, disse sobre a vitória.
“A união é que fez o Atlético ganhar hoje”, apontou o volante Leomar. O jogador assumiu que o time errou demais no início da partida, mas soube dar a volta por cima. “O que aconteceu no primeiro tempo é o que aconteceu nos jogos anteriores, uma falta de atenção.”
No entanto, o mais empolgado com a vitória era o zagueiro Juliano. Estreante do dia, ele cometeu um pênalti em Juca e poderia deixar uma má impressão na torcida. Mas, mostrou garra para reverter a situação. “O grupo veio unido, buscando, querendo e, agora, vamos buscar os três pontos contra o Cruzeiro”, disparou.
No tapetão, por três pontos
Depois de conseguir os três pontos contra o Criciúma, os dirigentes do Atlético vão atrás dos pontos perdidos para o Fortaleza. Tudo porque, na interpretação do departamento jurídico do Rubro-Negro, o atacante Macedo não teria condição de atuar devido aos prazos para inscrições no campeonato brasileiro. Caso consiga ganhar no tapetão, o Furacão subirá para a sexta e sairá, em poucos dias, da zona de rebaixamento para a ponta de cima da tabela.
Hoje, os advogados do clube (Paulo Rubens e Gil Justen Santana) ingressam com o pedido de reversão dos pontos no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). A alegação é de que o clube cearense utilizou de maneira irregular o atacante Macedo. De acordo com o regulamento do campeonato brasileiro, para atuar, um jogador precisa ser registrado e ter a confirmação no boletim de informações diárias (BID) com três dias úteis de intervalo até a partida.
Os advogados rubro-negros afirmam que Macedo não teria preenchido o requisito dos três dias úteis de intervalo da confirmação da inscrição até a disputa da partida. Caso o presidente do STJD, Luís Sweiter, acate a interpelação, é provável que os pontos da partida possam ser revertidos. Os dirigentes do clube estão confiantes na vitória. Tanto que na partida de ontem, preferiram acatar a posição de Sweiter, que condenou a circular da CBF que relaxava o cumprimento desse item do regulamento na sexta rodada.