Em um jogo alucinante, o Atlético venceu o Vasco ontem à noite e mantém vivo o sonho da Libertadores. As quase 12 mil pessoas que foram à Baixada assistiram a um espetáculo de futebol e de gols, que terminou com o placar de 6 a 4 para o Furacão.
Com a vitória, o Rubro-Negro chegou a 46 pontos e assumiu a sétima posição na classificação do Brasileiro. Agora, está a apenas quatro do próprio Vasco, último dos que estariam classificados para o maior torneio do continente.
O começo da partida prenunciava mais uma apresentação de gala do Atlético, que abriu o placar logo aos 9?. Michel avançou pela esquerda, driblou seu marcador e cruzou para Marcos Aurélio. Ele mandou a bomba, mas a bola bateu em Paulo Rink.
No rebote, Evanílson, de primeira, acertou o ângulo.
Mas o Furacão não conseguiu manter o ritmo e, errando muitos passes no meio-campo, passou a dar espaço para a equipe carioca. O Vasco já havia reclamado de um pênalti de Danilo sobre Jean quando, aos 17?, Coutinho chutou forte, de fora da área, obrigando Cléber a colocar para escanteio. Na cobrança, a bola foi rolada para Ramón, que bateu com estilo, sem chances para Cléber.
O empate não acordou o Atlético, que continuava dando liberdade ao meio-campo vascaíno. E, quando tinha a bola nos pés, o Furacão sentia a falta da velocidade de Denis Marques, que desfalcou o ataque.
Paulo Rink, seu substituto, não conseguia reeditar as boas atuações do titular da camisa 9.
O Vasco aproveitou a apatia rubro-negra para chegar à virada. Em cobrança de falta na entrada da área, Andrade mandou uma bomba, cheia de efeito. Cléber foi na bola, mas não conseguiu evitar o gol.
Alan Bahia desperdiçou a chance do empate rubro-negro no último minuto do primeiro tempo. Ele recebeu cruzamento de Ferreira e, livre na área, chutou muito mal, por cima do gol.
A segunda etapa começou com o time carioca pressionando, mas Marcos Aurélio chamou a responsabilidade e levou o Furacão à virada. Aos 8?, ele recebeu lançamento de Cristian, dominou em meio a três zagueiros e bateu no cantinho. Nove minutos depois, Ferreira tocou para Cristian, que deixou Marcos Aurélio na cara do goleiro Cássio, para marcar o terceiro do Atlético, décimo dele no Brasileiro.
Cinco gols eram pouca coisa para o ímpeto das equipes e o desfecho do jogo seria ainda mais sensacional. O Vasco não se abateu com a virada e voltou a calar a Kyocera Arena.
Leandro Amaral deixou tudo igual novamente, e Andrade, em mais uma bela cobrança de falta, colocaram os visitantes de novo na frente.
Com as entradas de Willian, Válber e Pedro Oldoni, o Furacão partiu em busca de mais uma virada e, para delírio da torcida rubro-negra, chegou lá. Aos 32?, Válber, numa cobrança de falta, cruzou na área e Danilo, de cabeça, marcou. A galera ainda comemorava quando Ferreira aproveitou cruzamento de Evanílson e fez o quinto.
Para completar a festa atleticana, Pedro Oldoni ainda marcaria o sexto, após mais uma linda jogada de Evanílson, fechando um placar histórico na Baixada.
Artilharia pesada
O ataque atleticano atingiu um feito memorável na noite de ontem.
Ao marcar seis gols contra o Vasco, o Furacão chegou à marca de 18 gols nas últimas quatro partidas, uma média de 4,5 por jogo. Antes, foram 4 contra o Fortaleza, 4 contra o Nacional, pela Sul-Americana, e mais 4 contra o Paraná.
O sucesso da artilharia nos jogos do Brasileirão tornaram o ataque atleticano o segundo melhor da competição. Com 55 gols marcados, o Furacão tem apenas um a menos que o São Paulo. O artilheiro rubro-negro é Marcos Aurélio, que balançou as redes duas vezes ontem e chegou a dez gols no campeonato. Seis a menos que Souza, do Goiás.
O desempenho mereceu elogios de Vadão após a partida de ontem. ?O Atlético fez uma partida brilhante no segundo tempo. Entramos para vencer e marcar gols. Com vida, alma e com a qualidade que temos, e conseguimos virar o jogo?, destacou o treinador.
No próximo sábado, contra o Flamengo, o treinador atleticano pode contar com munição ainda mais pesada. Denis Marques, que ficou fora da goleada de ontem, por suspensão, deve voltar ao time.
Este é pra entrar pra história
Um jogo para ficar na memória. O espetáculo de gols visto ontem na Baixada foi exaltado por todos como um dos grandes momentos do Brasileirão. ?Não vai ficar só na história do Atlético, na minha história ou na do torcedor. Vai ficar na história do futebol brasileiro. Foi o melhor jogo do ano até o momento?, ressaltou Vadão.
Para o treinador atleticano, a partida foi uma das mais emocionantes de sua carreira. ?Nenhuma equipe teve a segurança da vitória. A vitória só veio nos minutos finais.
Em um jogo de dez gols, todos falharam. As duas equipes jogaram para vencer?, analisou.
Os jogadores também estavam orgulhosos com a obsessão por gols mostrada pelo Furacão. ?Quando jogamos em casa fazemos um gol e vamos atrás do outro. Provamos isso contra o Nacional e contra o Paraná?, afirmou o zagueiro Danilo.
Agora, a Libertadores entrou definitivamente nos planos rubro-negros. ?O rebaixamento já é passado. Se existe possibilidade de conseguir a vaga na Libertadores, vamos correr atrás disso. Será um grande título colocar o Atlético novamente lá. Se conseguirmos isso será um prêmio muito grande para todo o elenco?, comentou o capitão atleticano.
O próximo desafio no caminho é o Flamengo, no próximo sábado.
?Nós sabemos que é difícil. Nós não estamos iludindo o torcedor. Nós fomos contratados para livrar o Atlético do rebaixamento.
O primeiro objetivo foi alcançado. Mas nós não podemos deixar de lutar por essa chance da Libertadores?, concluiu Vadão.
CAMPEONATO BRASILEIRO 2006
32.a rodada
Gols: Evanilson, aos 9?, Coutinho, aos 16?, e Andrade, aos 42? do 1.o tempo. Marcos Aurélio, aos 8? e aos 17?, Leandro Amaral, aos 22?, Andrade, aos 27?, Danilo, aos 32?, Ferreira, aos 33? e Pedro Oldoni, aos 46? do 2.o tempo.
Árbitro: Luís Marcelo Vicentin Cansian
Assistentes: Ednilson Corona e Valter José dos Reis (SP – FIFA)
Cartões amarelos: Dudar (Vasco), Ferreira (Atlético)
Local: Kyocera Arena, em Curitiba (PR)
Público: 11.991 (10.290 pagantes)
Renda: R$ 163.232,50
ATLÉTICO 6x 4 VASCO DA GAMA
Atlético
Cléber; Evanílson, Danilo, João Leonardo e Michel; Erandir (Válber), Alan Bahia, Cristian (Willian) e Ferreira; Marcos Aurélio e Paulo Rink (Pedro Oldoni). Técnico: Vadão.
Vasco
Cássio; Thiago Maciel (Vagner Diniz), Jorge Luiz, Dudar e Diego; Ygor, Andrade (Fábio Júnior), Coutinho (Madson) e Ramon; Jean e Leandro Amaral. Técnico: Renato Gaúcho.
Atlético no banco dos réus
Carlos Simon
Apesar da fantástica vitória contra o Vasco, ontem à noite, o Atlético tem um pepino pela frente. Na próxima quarta-feira, dia 8, o Rubro-Negro senta no banco dos réus do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), tentando defender o direito de mandar os últimos jogos do Brasileirão em casa. Em pauta estará a confusão envolvendo dois torcedores, atletas do Paraná Clube e a Polícia Militar, antes do clássico do último sábado, na Baixada.
O procurador Caio Pompeu Medauar de Souza, após analisar as imagens da briga e a súmula do árbitro Héber Roberto Lopes, denunciou o Rubro-Negro por infração ao artigo 213 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (deixar de tomar providências capazes de prevenir e reprimir desordens em sua praça de desporto). A pena prevista é a perda de mando de uma a dez partidas e multa de R$ 10 mil a R$ 200 mil. O clube também foi denunciado pelo artigo 206 (causar atraso do início da partida), com pena de R$ 1.000 por minuto.
A 1.ª Comissão Disciplinar do tribunal julga o caso na próxima quarta-feira.
Na súmula, Héber relatou que os torcedores interferiram no aquecimento dos jogadores paranistas e agrediram policiais militares com suas bandeiras. O árbitro escreveu ainda que um copo foi caiu no gramado, mas o clube não será julgado por este incidente, pois o infrator foi identificado pelo clube.
A FPF, entidade responsável pela organização do jogo, também foi denunciada, pelo artigo 232 (deixar de cumprir obrigação referente às atividades desportivas).
