Segredo do sucesso

Atlético tem seis olheiros para observador jogadores no país

O Atlético, em especial o presidente Mário Celso Petraglia, sempre foi um exímio negociador de jogadores. Do Paraná, sem dúvida, o melhor. Entretanto houve uma mudança de postura nos últimos anos e a equipe tem segurado suas principais promessas para valorizá-los e, por consequência, dar ganho técnico ao time em campo. Com a criação da equipe sub-23 e a temporária desativação da equipe sub-20, o time proporcionou uma mudança inicialmente tida como arriscada, mas que se revelou um caminho interessante, hoje copiado (no Brasil, já que na Europa é mais comum) por algumas equipes.

Esse fortalecimento proporcionou ao time titular do Furacão no Brasileirão uma mão de obra barata, especializada e com identificação com as cores vermelho e preto. Do time que começou o jogo contra o Criciúma no domingo passado, oito jogadores foram revelados no CT do Caju. A dupla de zaga (Léo Pereira e Cleberson) e simplesmente toda a parte médio-ofensiva do time: Deivid (numa geração anterior), Otávio, Marcos Guilherme, Ederson, Marcelo e Douglas Coutinho. Além deles, no banco de reservas, Santos, Nathan, Cleo e Mosquito também saíram da base para o time profissional.

O segredo deste sucesso ainda começa no bom e velho “olheiro”. Promovido a “observador técnico”, esses viajantes vão aos mais distantes campos do Brasil. No Atlético são seis profissionais apenas para as categorias de base. “O Atlético está na frente porque tem uma captação muito boa em todo o Brasil para o descobrimento de talentos. São jogadores de 14 e 15 anos que vêm para o CT do Caju para ser preparados”, disse Pedrinho Maradona, ex-técnico das categorias de base do Furacão.

O sub-23 se destacou porque forçou os jogadores a amadurecerem. “Os atletas são colocados à disposição mais precocemente. O exemplo mais atual é o zagueiro Léo Pereira, que é um menino nascido em 1996 e completa 18 anos em 2014. Mesmo assim é titular hoje”, afirmou. O início do time alternativo (hoje chamado de Expressinho) foi difícil. Nessa fase de desenvolvimento dos jovens jogadores, o apoio é importante. E foi justamente esse apoio o diferencial para o sucesso do projeto.

“No lançamento desses atletas você não pode colocar uma carga para que ele resolva os problemas do time principal. Lembro que ano passado estávamos em 10º lugar no Estadual e um diretor (Márcio Lara, a pedido de Petraglia) fez uma reunião com a gente e frisou que os meninos começaram o campeonato e iam terminar. Apenas gostaria que o time não caísse. Essa tranquilidade fez com que ganhássemos o segundo turno e fossemos para a final”, contou Maradona. “Mas tem que dar responsabilidade para eles também. São garotos, mas já têm de 18 a 20 anos e precisam abraçar a missão com afinco. Ela pode render frutos não só para vida deles, mas também para o clube”, concluiu.

Nesta temporada o Atlético trouxe de volta a equipe sub-20. Em excursão pela Europa, o time venceu três torneios, conquistando 13 vitórias e três empates. Como a base não foi feita para ganhar títulos, mas sim revelar jogadores, o time (ainda comandado por Petkovic) usava a mesma formação do time
principal.

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