Pelo início, 2008 parecia ser um ano promissor para o Atlético e talvez ainda seja. Porém todo o esforço feito no final do ano passado para a renovação do contrato de Ney Franco e a permanência de grande parte do elenco – ao menos os jogadores que estavam rendendo em campo – pode estar indo ladeira abaixo graças à negociação de atletas (o que é imprescindível para a economia do clube), mas principalmente pela falta de contratação de peças de reposição.
A acertada atitude da diretoria em manter o grupo de 2007 deu a impressão de que finalmente o planejamento atleticano surtiria efeito. Mas bastaram dois meses para que a certeza de que o time sairia da fila de títulos, neste ano, fosse abalada. E essa incerteza da torcida não nasceu pelos maus resultados em campo, pois em 2008 o Furacão ainda está invicto. É a perda de jogadores importantes e sem o anúncio da contratações que causam temor à nação rubro-negra.
Essa temeridade pôde ser sentida na coluna ?Bate-boca? da Tribuna, espaço destinado aos leitores para emitir suas opiniões e que, sem dúvida nenhuma, é um termômetro do relacionamento time-torcida. E nos últimos dias, a galera do Furacão, além de não concordar com a transferência de jogadores, tem manifestado preocupação com a queda de rendimento da equipe pela falta de reposição de atletas à altura daqueles que saíram. E para piorar, a partir de agora as etapas das competições que o clube disputa tendem a ficar mais difíceis.
Perdas
Em um mês, três jogadores (Ferreira, Jancarlos e Claiton) deixaram o clube e especula-se a saída de mais atletas titulares. Caso do atacante Marcelo Ramos e também de um zagueiro.
Com isso o grupo do Atlético, que já não era tão qualificado, mas que ganhou conjunto sob o comando de Ney Franco e conseqüente força para apresentar bons resultados em campo, pode voltar a ser um time comum, que se conhece no decorrer das competições e nunca chega a lugar algum.
Calejado pela perda de atletas, o treinador se mostra reticente neste momento. Se antes Ney Franco afirmava nas entrevistas que esperava que o boato da venda ou negociação de qualquer jogador fosse mentira, hoje pede a contratação de reforços para suprir deficiências. Isso porque Ney Franco sabe o quanto custa remontar uma equipe e torná-la competitiva novamente.
A preocupação existe e o treinador afirmou, antes de viajar para o nordeste, para a estréia do Furacão na Copa do Brasil, que se reunirá com o diretor de futebol, Alberto Maculan, para tratar do assunto reforços.
Se a venda de atletas continuar a ponto de desestruturar o conjunto criado nos últimos meses, de nada adiantou o planejamento atleticano, que mais uma vez perdeu para o poderio econômico de outros clubes e para as limitações da própria instituição.
Jancarlos livre pra trabalhar
Ontem, a Justiça do Trabalho, por meio da 4.ª Vara de Curitiba (juíza Audrey Mauch), concedeu antecipação de tutela ao ala Jancarlos na ação que move contra o Atlético Paranaense. Pela decisão o ala pode assinar contrato de trabalho com outro clube. Ressalta-se que essa é uma decisão provisória para que o jogador não tenha o seu direito de trabalhar cerceado e é válida até a solução definitiva da questão.
Essa liminar obtida por Jancarlos pode ser cassada pelo Atlético a qualquer momento, desde que o clube apresente argumentações que façam a juíza mudar seu posicionamento.
No processo da reclamação trabalhista que o atleta move contra o Rubro-Negro, as partes ainda não foram ouvidas e para os próximos dias haverá uma audiência conciliatória e de instrução na 4.ª Vara do Trabalho de Curitiba.
Três já foram embora e pode ir mais
A debandada no Atlético começou com o colombiano Ferreira, ídolo da torcida e que foi emprestado para o Al Shabab, dos Emirados Árabes Unidos, por quatro meses. Um negócio altamente rentável; bom para o clube e melhor ainda para o jogador. Até aí tudo bem, pois mesmo sendo um atleta insubstituível, o Atlético tem em seu elenco atacantes e meia-atacantes que podem fazer a função. No entanto, dez dias depois da saída do colombiano, o ala Jancarlos abandonou o clube. Através de seu procurador, alegou que o contrato de trabalho com o Furacão terminou em 14 de fevereiro e que não aceitou a renovação automática feita pela agremiação. Quer aumento salarial e o caso está na esfera judicial.
E finalmente, no dia 24, o capitão Claiton – importante articulador da equipe e um dos destaques em campo pela garra e personalidade apresentada – recebeu proposta do futebol japonês (Consadole Sapporo) e também deixou o clube. O Atlético ainda não confirmou oficialmente a negociação.
E a debandada pode não parar por aí. Agora especula-se que o artilheiro do Furacão, Marcelo Ramos, também estaria sendo sondado por outra equipe.
O jogador não atuou nas últimas três partidas devido a dores musculares na coxa, segundo a versão do clube paranaense. Porém, nas últimas transações do Atlético, os jogadores negociados também ?estavam machucados? – casos de Ferreira e Jancarlos – e terminaram em outras equipes.
Marcelo renovou recentemente seu contrato com o Furacão até o final de dezembro deste ano. Ele disse estar feliz no Rubro-Negro e que tem como objetivo cumprir o contrato. Nesta temporada, o atacante jogou oito partidas (seis delas como titular) e marcou dez gols.
Jogo – O Atlético desembarcou às 19h de ontem em Curitiba, regressando de Maceió. Hoje o técnico Ney Franco comanda treinamento para definir a equipe que enfrenta o Toledo, no domingo, às 15h30.
Vetado – Mais uma vez, o atacante Marcelo Ramos deve ser poupado para esse confronto, para tratar de problemas musculares.
Apito – Almir Rogério Ruiz Garcia será o responsável por apitar a partida de domingo, auxiliado por Márcio Lopes Guerra e Maurício José Braga.
Bilhetes – Os ingressos para o jogo começam a ser vendidos hoje pela manhã (10h) nas bilheterias da Arena. O preço é de R$30 e R$15 para meia-entrada.
Toledo modificado pra encarar o líder
O Toledo (TCW) vem a Curitiba com pelo menos três desfalques para enfrentar o Atlético. Os zagueiros Bruno e Ciro cumprem suspensão automática e o volante Rafinha está contundido. Ontem, o técnico Rogério Perrô treinou sua equipe no Estádio Municipal 14 de Dezembro para encontrar os substitutos ideais. Ele pode trabalhar tranqüilamente depois que o diretor de futebol do TCW, Irno Picinini, reiterou total apoio à comissão técnica, apesar da humilhante derrota sofrida diante do Coritiba (6 a 0), no domingo passado. ?Estamos cientes de nossas pretensões e possibilidades de classificação nesta primeira fase. Sabíamos das dificuldades que teríamos contra o Coritiba em lançar alguns atletas. Perdemos na hora em que podíamos perder?, disse o diretor ao site do clube.