A comemoração do segundo gol do Atlético na Arena, anteontem, com Bruno Mineiro balançando mãos, braços e o corpo, e acompanhado por seus companheiros, não foi apenas mais uma dancinha do futebol. Foi resultado de uma dinâmica de grupo pela qual todo o elenco e comissão técnica passaram antes do confronto com o Santos. Quem a aplicou foi João Carlos de Oliveira – o novo guru do Furacão.
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João Carlos de Oliveira: conhecido no mundo corporativo, ele palestrou para um time de futebol pela primeira vez. |
Conhecido por “Negão” -como ele mesmo faz questão de ser chamado -, Oliveira é professor de artes cênicas, administrador de empresas e proprietário de uma consultoria especializada em palestras motivacionais. O mundo corporativo já o conhece, e quarta ele foi apresentado pela primeira ao universo do futebol. “O trabalho foi fantástico. Foi a primeira vez que trabalhei com jogadores de futebol de campo. Anteriormente, havia realizado palestras para a equipe do Marechal Candido Rondon no futsal e para atletas de outros esportes”, comentou o consultor.
Ele chegou perante o grupo já sabendo da situação vivida pelos jogadores – sequência de maus resultados -, pois já havia sido informado pelo conselheiro Ademir Adur, que foi quem o trouxe para palestrar no Atlético. “A equipe fica realmente pra baixo quando o resultado não acontece. Encontrei esse clima lá no CT, mas não falei de futebol. Falamos das pessoas do cotidiano e rimos muito. Foi uma hora e 10 minutos de conversa com muita risada e descontração”, emendou.
De acordo com o profissional, todo o grupo atleticano foi muito receptivo e se soltou no decorrer da dinâmica. Foi trabalhado a energia e o poder que cada pessoa tem sobre as outras. Nesse aspecto, destacou o espírito de liderança que alguns jogadores exercem naturalmente e que refletem nos mais jovens, caso dos atletas mais experientes como Alex Mineiro, Paulo Baier e Bruno Mineiro. Não por acaso, os três foram figuras decisivas no jogo contra o Santos.
Oliveira explicou que focou sua explanação na forma como os jogadores estão trabalhando suas individualidades e depois o coletivo. “Buscamos também questões de conflitos e batemos em cima da tecla: eu sou o melhor naquilo que faço quando respeito o melhor do outro (…) O respeito e a ética pelo adversário é importantíssimo”, destacou.
Durante a palestra foram utilizados, além de técnicas de dinâmica de grupo, trechos de filmes como Em busca da felicidade, de 2006, que tem Will Smith como protagonista. O consultor ressaltou que não foi ao CT para trabalhar a autoestima dos jogadores, como o momento aparenta. “Fui desenvolver uma ação visando a busca por resultado”, cravou.
Para Oliveira, a troca de experiências pessoais durante a sessão teve resultados imediatos. “Após uma hora e dez minutos foi possível notar uma mudança na postura corporal do grupo. Mas foi outro ponto que me chamou atenção. No início, não via brilho nos olhos dos atletas. No final, quando eles vierem me cumprimentar, vi esse brilho e foi recompensador. Saí renovado do CT também”, afirmou.
Ele fez questão de enaltecer a sensibilidade da diretoria atleticana, que detectou a necessidade de se trabalhar a pessoa e não somente o jogador – parte de um time de futebol. “Eles vivem em comunidade e não basta apenas ter o relacionamento (de trabalho). Tem que ter alegria neste ambiente. Tentei passar isso e tenho certeza de que esse grupo vai começar a escrever a sua história”, finalizou.
Carpegiani aprovou
A palestra proferida por &ld,quo;Negão” foi muito elogiada pelo treinador Paulo César Carpegiani na coletiva após jogo e também pela diretoria do clube. “Foi fantástico. Um show e muito motivante. Quero creditar a ele (João) grande parcela da apresentação (do time)”, disse Carpegiani.”Foi uma agradável surpresa”, complementou Bolicenho.
O zagueiro Rhodolfo, que participou da palestra, destacou a importância desse trabalho num momento complicado vivido pelo grupo. “O nosso grupo estava muito tenso e serviu bem para nos descontrair. Estávamos precisando disso porque, com as derrotas, estávamos em uma situação difícil. Não só eu, mas todos da equipe gostaram. Deu uma confiança muito grande. Por tudo o que ele (João) nos falou, pela experiência que ele teve. Assimilamos bem o que foi dito, nos fechamos, tivemos alegria e levamos isso para o campo”, afirmou o defensor.