Vivemos num mundo de céticos. Desde São Tomé – aquele apóstolo que queria tocar as chagas de Cristo para acreditar em sua ressurreição – queremos ver para crer. Tocar para realmente sentir. As vezes ignoramos por pura ignorância, mas pagamos um alto preço quando a realidade se apresenta bem à frente do nosso nariz. Durante a última semana o técnico Miguel Ángel Portugal teve administrar cada item deste preâmbulo para preparar a equipe atleticana para os desafios da altitude de La Paz, capital da Bolívia. Lá o Furacão enfrenta o The Strongest, amanhã, pela última rodada da segunda fase da Libertadores da América.
Dar de ombros para a altitude é típico de torcedor (ou de quase todos que nunca a sentiram e só sabe dela pelos livros da escola). Eu mesmo sou um pouco descrente deste poder e pretendo preparar algum tipo de “auto-teste” para comprovar a veracidade dos fatos. Mas o técnico do Atlético trabalhou nessas condições por um ano e meio e sabe que é importante cuidar de alguns pormenores para não correr o risco de ser derrotado por ela.
Por isso o Rubro-negro tomou algumas medidas estratégicas para derrotar não só o adversário boliviano, mas também o ar rarefeito. Um dos treinamentos diferenciado fez com que bolas de vôlei fossem usadas ao invés das de futebol. “Na altitude a bola tem uma velocidade diferente. (Por ser mais leve) A bola de vôlei é um bom treinamento para goleiros. É uma maneira de simular o que vai acontecer na partida. Não é sinônimo de ganhar”, disse Miguel Ángel, ciente de que isso por si só não representará nenhuma vantagem ao time atleticano. “Estamos fazendo o protocolo para fazermos uma boa partida”, completou.
Para o goleiro Weverton, a comissão técnica esta fazendo de tudo para que a altitude não prejudique o desempenho da equipe. “Estamos vendo o empenho de todos os funcionários. Todos se dedicando ao máximo para que os efeitos passem despercebidos”, disse o goleiro do Furacão. A vantagem atleticana, que pode fazer com que o time consiga se sobressair ao adversário, é o bom condicionamento físico que a equipe vem demonstrando. “A verdade é que os times que não têm boa condição física têm problemas no segundo tempo”, disse Portugal.
O mais importante, segundo o treinador, é ter sabedoria para trabalhar a bola. “O que importa mesmo é a maneira com que você trabalha a bola com velocidade. Temos que ser nós mesmos e jogar como jogamos”.
Outra medida para driblar a altitude é viajar para a partida apenas momentos antes do jogo. O Atlético já está em Santa Cruz de la Sierra, situada ao nível do mar. A partida está marcada para as 19h30 de Brasília e o time só deve chegar ao estádio as 17h.