Já estava mais do que maduro. Pela terceira vez seguida, em menos de dois anos, o Atlético chegava ao final de uma competição disputando o título. Se não deu no Campeonato Paranaense do ano passado, nem no Brasileirão, ontem, na Kyocera Arena, não teve jeito. Mesmo com as turbulências da última semana, o Rubro-Negro jogou para ser campeão e não deu chance para o Coritiba. Na raça, no coração e na vibração da torcida, passou pelo Alviverde no tempo normal por 1 a 0, empatou na prorrogação por 0 a 0 e, nos pênaltis, chegou à sua 21.ª conquista estadual.
Melhor do que isso, quebrou um tabu de 60 anos. Desde 1945, a equipe que conseguia vencer o primeiro confronto sempre levava o troféu para casa. Desta vez, não teve essa história de retrospecto. Mesmo perdendo a primeira partida por 1 a 0 para o arqui-rival, no Pinheirão, o Rubro-Negro encontrou forças para vencer o jogo da volta e faturar o título nos pênaltis, não sem antes passar por uma prorrogação sacrificante.
Com a taça, o Furacão quebrou a hegemonia coxa, que ostentava o bicampeonato, e agora soma 21 troféus estaduais contando também os canecos de 1925, 1929, 1930, 1934, 1936, 1940, 1943, 1945, 1949, 1958, 1970, 1982, 1983, 1985, 1988, 1990, 1998, 2000, 2001 e 2002. Para reforçar a vantagem sobre o arqui-rival, o Atlético ampliou a vantagem quando o assunto é Atletiba decisivo. Nas 12 vezes que os rivais se encontraram, foram sete títulos para a Baixada e cinco para o Alto da Glória.
Equilíbrio
Apesar dos números favoráveis, não foi nada fácil. As duas equipes fizeram campanhas semelhantes e o Rubro-Negro conseguiu vantagem somente no saldo de gols. Para piorar, o futebol apresentado variou entre grandes goleadas e empates vexaminosos, um deles com gol com bola que não entrou. Essa gangorra acabou vitimando o técnico Casemiro Mior. Contratado para levar o Furacão às conquistas, ele sucumbiu aos diversos planejamentos internos e às experiências com 46 jogadores.
Para apagar o incêndio, a diretoria trouxe Edinho, que chegou, viu e venceu. Entrando numa verdadeira fogueira, o ex-treinador do Brasiliense assumiu o comando com apenas dois dias de casa, levou o time a uma vitória da superação sobre o América de Cali, pela Copa Libertadores, e liderou a equipe para derrubar o Coritiba e evitar que a Baixada passasse a ser salão de festa do rival. Para felicidade dos quase 17 mil torcedores rubro-negros, a Arena voltou a ser apenas vermelha e preta.
Evangelino emociona na entrega de prêmios
Enquanto as diretorias de Atlético e Coritiba criavam um clima negativo, Evangelino deu uma lição ao entregar o troféu para os jogadores atleticanos. |
O ex-presidente do Coritiba, Evangelino da Costa Neves, protagonizou a cena mais comovente da decisão do estadual. Locomovendo-se em cadeira de rodas e visivelmente debilitado, um dos principais dirigentes da história do futebol paranaense entregou o troféu que levava o seu nome ao capitão do Atlético, Marcão. A taça de vice-campeão, que recebeu o nome do fundador do TJD, José Cadilhe de Oliveira, não foi entregue no gramado.
Outros jogadores foram premiados no tablado montado no centro do campo. A empresa Top Avestruz entregou um cheque de R$ 5 mil ao atacante Tiago, do Iraty (artilheiro do Paranaense), e a Diego, do Atlético (goleiro menos vazado). O rubro-negro também recebeu, de forma simbólica, um casal de avestruzes.
O Atlético, como campeão estadual, ganhou outros dois troféus: o "Lombardi Júnior", oferecido pela Rádio Clube Paranaense, e o "Alexandre Zraik", ofertado pela Rádio Transamérica, em memória aos falecidos profissionais de imprensa.