Já é consenso. Sem o aporte de dinheiro público para a adequação da Arena da Baixada, a fim de que o estádio cumpra as exigências da Fifa, não haverá Copa do Mundo de 2014 em Curitiba.
O impasse é como fazer essa operação, e se haverá tempo para que os recursos, se vierem a ser canalizados, vençam a burocracia e se transformem em obras. Ontem, preocupado com os prazos, o vice-presidente do conselho administrativo do Atlético, Ênio Fornea, voltou a fazer cobranças duras para que os poderes municipal e estadual cumpram a sua parte.
“A matriz de responsabilidade assinada diz que o estádio é responsabilidade do poder municipal, estadual e do clube. O clube sempre colocou o que poderia disponibilizar. o Atlético não pode assumir um ônus que vai inviabilizar seu futuro”, disparou o dirigente, responsável por cumprir o caderno de encargos na Arena.
Fornea crítica diretamente a forma como o assunto Copa do Mundo vem sendo tratado pelas esferas municipal e estadual e cobra agilidade. “Já participei de muitas reuniões. E acho que quando você não quer fazer, você cria uma comissão. Aqui no Brasil é assim. Quanto maior a comissão, mais demorado para acontecer. Tem que existir vontade política para que Curitiba seja sede da Copa”.
Segundo Fornea, caso a Copa não interesse mais aos governos estadual e municipal, o Atlético não tem pressa no término de seu estádio. “A Arena foi construída com muito sacrifício e inaugurada há 10 anos. Não há prazo definido para a conclusão. Pode levar mais três, quatro ou dez anos, de acordo com a possibilidade do clube e número de sócios, que está em crescimento”, afirma.
O problema é que a injeção de dinheiro público em propriedade particular é vetada pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Porém, o governo estadual estuda alternativas para que isso possa ser feito.
Uma reunião entre as procuradorias do estado e do município vai acontecer ainda nesta semana para debater o assunto. Ontem, em visita à Tribuna, o governador Orlando Pessuti comentou a possibilidade de envolver recursos públicos na Arena.
“Estamos empenhados em achar alternativas para viabilizar as obras. Em breve reunirei todas as partes interessadas para discutir o assunto. Vamos analisar juridicamente a possibilidade da injeção de recursos públicos (na Arena) e estudar a aplicação da isenção fiscal e tributária para tentar reduzir entre 30% a 34% o impacto do custo da obra”, disse.
Sobre as críticas do possível uso de verba pública no estádio atleticano, Pessuti comentou que Coritiba e Paraná também serão beneficiados diretamente com os investimentos que estão em andamento e que serão realizados na capital, através de melhorias na malha viária que circundam as respectivas praças esportivas. Além disso, ele se mostrou favorável à possibilidade de empresas estatais virem a patrocinar os três clubes da capital.