Foto: Valquir Aureliano/Tribuna

O Atlético de Vadão começa amanhã uma seqüência de sete jogos em 22 dias. Por duas competições distintas.

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O Atlético começa amanhã, contra o Goiás, uma maratona de sete jogos decisivos em apenas 22 dias. Após o compromisso em Goiânia, o Furacão encara em seqüência São Caetano, River Plate, São Paulo, Juventude, Cruzeiro e novamente o River Plate, no dia 11 de outubro. Um bom desempenho pode colocar o Rubro-Negro entre os primeiros do Brasileirão e nas quartas-de-final da Copa Sul-Americana.

Goiás e São Caetano são adversários diretos do Atlético na tabela do campeonato brasileiro. A equipe goiana tem um ponto a menos que o Furacão e o time paulista está quatro pontos atrás, na zona de rebaixamento. Por isso, somar pontos nos próximos jogos é considerado fundamental pelo elenco rubro-negro. ?Dá para ver que esse campeonato está muito nivelado. Se perder, fica na zona de rebaixamento e se vencer, fica perto do topo, então temos que procurar sempre ganhar?, alerta o centroavante Denis Marques.

Para o confronto de amanhã, Vadão pode contar com o elenco completo. Sem nenhum titular suspenso ou contundido, o treinador deve repetir a equipe que entrou em campo na vitória por 2 a 1 sobre o Santa Cruz, no último sábado. ?Temos que entrar determinados, como fizemos nas outras partidas, para conseguir vencer. Temos futebol para isso. Quando vemos a tabela é importante saber que estamos a poucos pontos da Libertadores. Isso é uma motivação maior para a equipe trabalhar?, diz o atacante Marcos Aurélio.

Dirceu de Mattos, ex-atacante do Atlético, sonha com vôos mais altos

Fábio Alexandre
Com carisma, Dirceu agora técnico, resgatou a Portuguesa Londrinense para a Elite do Paranaense.
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?Recordar é viver, o Dirceu acabou com você.? Durante anos, esse refrão foi cantado pela torcida do Atlético sempre que o adversário era o Coritiba. A carreira de Dirceu de Mattos como jogador profissional ficou marcada pelos gols na decisão do Estadual de 1990, quando o Furacão bateu o Coxa em uma final histórica, disputada no Couto Pereira.

Na primeira partida, o até então desconhecido centroavante saiu do banco de reservas, quando o Alviverde vencia por 1 a 0, para marcar o gol do empate rubro-negro aos 45 minutos do 2.º tempo. No segundo jogo, já como titular, Dirceu abriu o placar logo a 5 minutos de jogo. O Coxa virou para 2 a 1, mas um gol contra do zagueiro Berg garantiu o empate e o título pro Furacão.

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Hoje, como treinador, aos 43 anos, Dirceu começa a construir uma carreira vitoriosa também do lado de fora do gramado. Na última semana, ele trouxe a Portuguesa Londrinense de volta à Série Ouro do estadual, ao garantir o vice-campeonato da Divisão de Acesso.

Paraná-Online – Como foi seu trabalho frente à Portuguesa e a volta à 1.ª Divisão?
Dirceu – Quando cheguei, a equipe vinha de quatro derrotas e era a última colocada. Conseguimos recuperar o time. De 32 pontos, ganhamos 26 e a classificação para o quadrangular final. Começamos mal, com 2 derrotas. Mas mexi com o grupo e revertemos a situação. Isso valorizou o trabalho, jogadores e a diretoria.

Paraná-Online – Você continua na Portuguesa para a próxima temporada?
Dirceu – Fiz uma proposta para o presidente. Mas a Portuguesa é um time pequeno, com dificuldades financeiras. Vamos analisar bem. Se não tiver nenhuma proposta, de uma equipe com mais estrutura, é claro que não posso ficar parado.

Paraná-Online – A passagem pelo Atlético foi seu grande momento como jogador. Como você veio para Curitiba?
Dirceu – Quando o Farinhaque (José Carlos, ex-presidente) me trouxe para o Atlético, ele não podia a anunciar minha contratação. O Atlético queria um atleta de alto nível, de seleção, que seria uma surpresa para a torcida. E ele trouxe o Kita, que chegou com uma grande festa. Cheguei um dia antes, como tem sido na minha carreira até hoje. Trabalhando quietinho, sem aparecer muito. No primeiro jogo, contra o Apucarana, o Kita estreou e fiquei no banco. O Apucarana estava vencendo por 1 a 0. Entrei e empatei o jogo.

Paraná-Online – E daí veio a decisão contra o Coritiba…
Dirceu – No primeiro jogo, eles estavam vencendo por 1 a 0. Estava aquecendo próximo à torcida do Coxa e eles ficavam pegando no meu pé. Disse para esperarem, que iria entrar e fazer o gol. No final do jogo eu entrei e o Gilberto Costa (meia) provocou os jogadores deles, perguntando se já tinham visto gol aos 45. Teve uma falta e ele apontou para mim ficar no primeiro pau. A bola veio e marquei de cabeça. Foi uma emoção muito grande. A torcida, que já estava indo embora, voltou para comemorar.

Paraná-Online – Para o segundo jogo, o Kita se machucou e você entrou como titular.
Dirceu – Não foi bem assim. O Zé Duarte (treinador) estava na dúvida entre eu e o Kita. Na palestra, ele resolveu que ia me escalar. O Kita pegou a bolsa dele e foi embora. Disse que não ia ficar no banco. Naquele dia, minha responsabilidade aumentou, porque tinha que fazer alguma coisa. Acabei marcando o gol e ajudando a garantir o título, que foi muito bom para o Atlético e ótimo para mim.

Paraná-Online – Para onde você foi depois do Atlético?
Dirceu – Joguei no Paraná, Inter de Limeira (SP), Chapecoense (SC), Brusque (SC), ABC (RN) e Toledo (PR), onde parei em 1997, aos 34 anos.

Paraná-Online – Sua passagem ficou marcada na memória da torcida. Como ficou sua relação com o Atlético?
Dirceu – Até hoje, quando venho no estádio, a torcida lembra. Vim à Baixada como treinador contra o Atlético duas vezes e foi uma grande emoção ver eles gritando meu nome. É maravilhoso vir aqui e ter esse reconhecimento.

Paraná-Online – Como você vê a situação do Atlético hoje?
Dirceu – O clube tem uma estrutura muito boa. É um dos grandes a nível brasileiro e mundial. Está passando por uma fase irregular, mas tem condições de se recuperar. Acredito muito no Atlético e sei que ele pode dar a volta por cima. A partir do momento que encaixar as peças e os jogadores que vieram de fora entrarem no esquema tático do Vadão, vai dar retorno.

Paraná-Online – O Denis Marques, não tem passado por um período muito bom. Que dica você pode dar a ele?
Dirceu – O atacante passa por bons e maus momentos. O mais importante do Denis Marques é a perseverança, a disposição e a luta dentro de campo. Ele perde um gol, a torcida vaia, mas ele não se entrega nunca. Essa fase vai mudar e ele vai se recuperar. É um jogador que tem velocidade, cabeceia bem, chuta com os dois pés e tem uma dinâmica muito boa. É um atleta persistente e os gols vão aparecer, porque ele sabe fazer.

Paraná-Online -Você já imaginou treinar o Atlético algum dia?
Dirceu – Ser treinador do Atlético é uma ambição não só minha, mas de todos os profissionais que trabalham no Brasil. Não posso ficar pensando pequeno. Um dia, num futuro próximo, quero fazer parte desse contexto e figurar entre os grandes treinadores do cenário nacional. Venho trabalhando, fazendo cursos e estágios. Mas são principalmente os resultados que te levam a isso. Esses resultados têm aparecido e é isso que me dá ânimo para perseguir esse objetivo.