Agora é diferente. O Atlético é o campeão brasileiro e as responsabilidades são maiores. Mesmo assim, ao contrário do ano passado, a equipe irá se formar ao longo da competição e o diferencial (preparação física, técnica e tática) que levou o Furacão às finais da competição em 2001 não será o mesmo para encarar o Brasileirão deste ano. No entanto, o discurso é o de buscar o bicampeonato.
“As dificuldades que o Atlético enfrentou no ano passado não são as mesmas que enfrentará este ano”, não se cansa de repetir o técnico Valdyr Espinosa. Ele é a principal novidade do clube para as disputas. Tarimbado, o novo treinador pretende sacudir o astral do grupo de jogadores que não andou bem no primeiro semestre. “Não existirão novidades mirabolantes. Existirá uma equipe que respeitará aquilo que ela é: força, qualidade e a busca contínua da vitória”, aponta. Estrutura para isso o clube tem. Instalações invejáveis e salários em dia são trunfos que não podem ser desprezados.
Bem ao seu estilo e fiel ao discurso da simplicidade, Espinosa chegou e já tirou o time do 3-5-2, forçando o Furacão a atuar no tradicional 4-4-2. “Sem um jogador que saiba fazer bem a sobra e saiba sair com a bola dominada, o esquema com os três zagueiros fica muito vulnerável”, explicou. Um dos fatores do sucesso do time no ano passado, o líbero Nem, foi escanteado e deixou uma lacuna que nenhum outro jogador conseguiu preencher a contento.
Além do ex-capitão, o Furacão não tem mais o meia Souza. Um reserva de luxo que desequilibrava quando entrava na equipe. Deverá perder o meia Kléberson para o futebol europeu e ainda não sabe se poderá contar com Gustavo e Cocito, que estão sem contrato.
A maior contratação até agora é o volante Preto, um velho sonho dos dirigentes. O clube também está investindo em bons valores como o também volante Douglas e novatos como o atacante Jadílson e os ex-juniores Alan e David. Um meia-armador ainda é esperado para deixar a equipe mais qualificada, mas tudo será feito levando em consideração a política pés-no-chão. O clube teve que reduzir o seu orçamento mensal, mas já tem experiência em encontrar novos craques que dão o retorno necessário para encarar o difícil Brasileirão.
Espinosa preocupado com a falta de titulares
Rodrigo Sell
Passado o prazo para as inscrições na primeira rodada, o Furacão dará a largada domingo no Campeonato Brasileiro mais fraco do que nos anos anteriores. Com uma série de desfalques e indefinições no elenco, o técnico Valdyr Espinosa terá que armar um time muito diferente das suas expectativas e também do torcedor.
Contra o Guarani, cinco titulares (seis com Ilan, que era suplente) campeões no ano passado estarão fora e outros dois reforços para esta temporada também não terão condição de jogo.
“Nós vamos ter que trabalhar muito mais para superar todas essas dificuldades”, diz o treinador. Para ele, a formação ideal teria que ter todos os jogadores do elenco, incluindo o pentacampeão Kléberson. “São jogadores importantes e eu fico esperando até uma definição. Enquanto isso, prepara-se todos para o início da competição”, explica.
Além de Xaropinho, que estava na final contra o São Caetano, o Atlético não poderá contar com o zagueiro Gustavo e o volante Cocito (que estão em processo de negociação para a renovação de contrato), o meia Adriano (que não teve a sua documentação liberada para jogar) e o atacante Alex Mineiro, que está com uma infecção urinária e só deverá voltar a jogar no início de setembro. Já Reginaldo Vital se recupera de uma cirurgia e na semana que vem volta a trabalhar com bola. Preto também não teve sua liberação para esta partida. De todos eles, Espinosa espera contar com pelo menos Preto e Adriano para a partida contra o Bahia, já que Gustavo e Cocito dificilmente renovarão com o que foi oferecido pela diretoria.
A série de desfalques deixa o time bem diferente do esperado. Apesar de só confirmar a formação titular no sábado, Espinosa praticamente já definiu quem entra em campo. A novidade, em relação ao amistoso contra o Figueirense, é a promoção de Rogério Souza à condição de titular. Ele fará a função de segundo volante e com isso deixará Rodrigo mais livre na criação. “Eu venho treinando assim na equipe de baixo e não vou encontrar nenhuma dificuldade para exercer a função que o professor me colocar”, afirma Souza. Contra o time catarinense, Souza só não atuou porque se machucou. Desta vez, ele não quer deixar escapar a oportunidade. “Estou tranqüilo e confiante de que quem entrar vai dar conta do recado. A nossa intenção é trazer a vitória e essa chance que alguns estão ganhando vai nos motivar ainda mais”, conclui.
Os goleiros treinam mascarados
Até de olhos fechados. Que o goleiro Flávio é bom não há dúvidas, mas que ele treinava até com a visão encoberta ninguém suspeitava. A novidade foi implantada no Atlético pelo treinador de goleiros Ricardo Pinto e já começa a apresentar resultados. O Pantera nunca esteve tão seguro como agora à frente da meta rubro-negra.
O método consiste em treinar os goleiros com máscaras que impeçam a visão da bola. Os jogadores são obrigados a defender chutes usando outros sentidos que não a visão. “Esse treino eu fiz em 1990 com o José Carlos Travasso que era treinador da seleção brasileira e serve para você confiar mais no seu instinto. Porque sem enxergar a bola, você percebe que a bola está vindo de um lado e você cria uma mobilidade de percepção para acreditar que a bola está indo ali”, explica Ricardo.
De acordo com ele, esse treinamento serve basicamente para aumentar a confiança. Os resultados ainda não são tecnicamente expressivos, mas para ele o importante é que a novidade foi bem aceita e dá uma variação nos treinamentos. “É legal porque é uma coisa nova para eles, solta muito. A gente tem um instinto bem selvagem que é pouco explorado. Quando a gente trabalha ele, a gente fica mais confiante nas coisas que tem que fazer”, aponta.
Apesar do treino inusitado, os goleiros têm demonstrado satisfação com o método. “É a primeira vez que eu faço isso, mas é importante porque você aprende a percepção de onde você está colocado dentro de campo, à frente do gol”, diz o goleiro suplente Adriano Basso. (RS)
Picerni pede um avante urgente
Campinas
(AE) – O técnico Jair Picerni precisou comandar apenas um treino coletivo no Guarani para detectar um grave problema no elenco: a falta de um centroavante. Esta é a sua grande exigência para a diretoria do clube.A diretoria já armou até uma estratégia para atender o pedido do técnico. Essá tentando firmar duas parcerias ao mesmo tempo. Uma seria com o empresário Juan Figger, que poderia disponibilizar o tão desejado jogador para o clube. A outra seria com uma empresa para patrocinar a camisa do time, ficando com a responsabilidade de pagar o salário do novo contratado.
O problema é que esses acordos estão demorando muito para serem fechados e o time já estará sem um especialista na estréia diante do Atlético-PR, domingo, no Estádio Brinco de Ouro, em Campinas. O time deve ser definido hoje, após o treino coletivo.