Na sexta-feira passada o Paraná Online elencou duas peças-chaves para que o Atlético encontrasse sua reabilitação no Campeonato Brasileiro: Dellatorre e a torcida atleticana. Eis que veio o domingo e a sinergia aconteceu. Um apoiou o outro e no final dos 90 minutos a vitória por 3×0 sobre o Figueirense somou três pontos na classificação para o Rubro-Negro, consagrou Dellatorre como o principal atacante da equipe e mostrou a força da torcida atleticana e o resgate do seu poder de modificar os acontecimentos de uma partida.

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O primeiro a entrar em cena foi o torcedor. O primeiro tempo do Atlético foi ruim e deixou a clara impressão de que mais um martírio de 45 minutos estava por vir. Atuações ruins irritaram o torcedor, que antes dos 30 minutos já pegava no pé de Sueliton e Marcos Guilherme, esse o mais perseguido. Após uma série de atuações questionáveis, o prata da casa ouviu pela primeira vez as vaias dos atleticanos. Veio o intervalo e Marcos Guilherme ficou nos vestiários.

“Tive a preocupação de falar com ele e falei para o Marquinhos que a saída dele não era técnica, mas sim tática. Precisa de mais um atacante com poder de finalização, afinal estávamos tendo facilidade para atuar nas beiradas”, disse Claudinei. “Expliquei para ele que não tinha anda a ver com a atuação dele. Ficou abalado, chateado. Conversei com os jogadores e todos viram que ele ficou chateado. Então falei para os jogadores jogarem por ele também, para que a tristeza virasse alegria. Ele tem personalidade forte e por isso sentiu. Não gosta de jogar mal. As vaias não foram tão justas”, acrescentou o treinador.

As vaias do torcedor tiveram bastante peso na decisão de mudar Marcos Guilherme por Dellatorre, embora Claudinei refute essa influência. O fato é que o atacante entrou e resolveu o jogo. Não só por seu talento, mas porque o adversário ofereceu caminhos para isso. “Quando observamos que colocaram um atacante na lateral, chamei o Marcelo e avisei que ele teria dificuldade de marcar. Deu certo”. Por aquele setor atuaram Marcelo (um dos grandes destaques do jogo) e Dellatorre, que foram os principais destaques da equipe.

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O atacante só tinha condições de jogar 45 minutos. E que 45 minutos. Claudinei Oliveira vinha falando sobre a importância que a volta do jogador teria após se recuperar de uma lesão no tornozelo. “Não poderíamos ter colocado desde o início, senão seria uma substituição certa. Sentimos a necessidade de coloca-lo. Conversamos com ele no intervalo e ele se mostrou tranquilo. Ele teve atuação destacada e fez dois gols, mas o grupo todo merece ser destacado. Temos que valorizar todos do elenco”, disse Oliveira.

Esquema encaixado

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A vitória contra o Figueirense teve muito mais importância do que os três pontos na tabela. O resultado serviu para validar todo o discurso defendido pelo treinador Claudinei Oliveira desde sua chegada, em especial nas últimas rodadas. O treinador tem pregado que a evolução do time culminaria inevitavelmente com vitórias. Depois de uma sequência bastante ruim de resultados (em seis jogos, apenas uma vitória e um gol) o Furacão venceu e, principalmente, convenceu contra o Figueirense.

E o resultado (assim como a evolução) teve o “dedo” do treinador. Depois de algumas alternâncias de esquemas táticos e jeitos de jogar, o time parece ter se encontrado melhor no 4-2-3-1 que às vezes parece um 4-3-3 quando o time ataca, mas pode ser um 4-5-1 quando defende. Contra o Figueirense a equipe atuou no 4-4-2 no primeiro tempo, mas não teve uma grande atuação, em especial pela atuação de alguns atletas.

Na segunda etapa Marcos Guilherme saiu para a entrada de Dellatorre. Com isso a equipe assumiu o posicio,namento preferido pelo treinador, com Bady centralizado, Cléo no ataque, Dellatorre numa ponta e Marcelo na outra. O time cresceu muito em qualidade. Paulinho Dias (que substituiu a Hernani, contundido) fez bem as ligações e aproveitando da fragilidade do time pelo lado direito do ataque, construiu suas principais jogadas. Dellatorre (“desejado” pelo treinador desde que se lesionou) brilhou, Bady fez o seu melhor jogo com a camisa do Furacão e Marcelo voltou a ter uma grande atuação.

Para a próxima partida a tendência é que Dellatorre assuma a titularidade na equipe atleticana. Com a volta de Douglas Coutinho, um jogador está sobrando na perspectiva da manutenção do 4-2-3-1. Cléo e Marcos Guilherme podem sobrar nessa conta, afinal Bady parece ter conquistado a sua condição de titular.