Se fazer mistério na escalação ganha jogo, o clássico de amanhã terminará empatado. Do lado paranista, o técnico Paulo Bonamigo adiantou que é muito cedo para divulgar o time que enfrentará o Atlético. E ontem foi a vez de Ney Franco esconder o jogo e anunciar que ainda vai estudar o adversário para decidir quem entrará em campo. Porém, uma coisa é certa no Rubro-Negro: é hora de mudanças.
A perda da invencibilidade no Paranaense, a eliminação da Copa do Brasil aliada às más apresentações nos últimos jogos ligaram o sinal de alerta no CT do Caju. E para reverter esse quadro desanimador e dar uma chacoalhada no grupo, o comandante afirmou que vai promover alterações que serão definidas somente no vestiário, minutos antes do confronto. ?Estamos precisando fazer algo diferente para o clássico. Talvez mudar a equipe. Ou, quem sabe, encontrar uma forma diferente de jogar?, despistou o técnico.
Franco quer aproveitar o tempo que lhe resta até o jogo para fazer testes e assim surpreender o Paraná, que evoluiu muito desde a última vez que as duas equipes se enfrentaram, na 6.ª rodada do Estadual. ?Todo o cuidado é necessário. Neste momento, qualquer detalhe ajuda?, afirma Ney Franco, que considera o clássico como jogo-chave para a recuperação do Atlético no campeonato.
Postura
Além das possíveis mudanças táticas, também há necessidade da equipe mudar a postura em campo. E não há melhor ocasião que um jogo em casa, com o apoio da torcida e contra um rival ao título. ?Esse clássico está vindo no momento certo. Nossa equipe precisa jogar mais do que vem jogando e tem que reencontrar o futebol apresentado na fase de classificação. E temos potencial para isso?, comentou Ney Franco.
O técnico fez questão de ressaltar que apesar do momento transparecer à torcida ser de desespero, esse não é o clima atual no clube. ?Nosso grupo sabe da importância do clássico e tenho certeza que amanhã vamos apresentar um bom futebol. Temos cinco jogos ainda e tropeçamos em apenas uma rodada, e fora de casa. Temos jogos suficientes para nos recuperarmos dentro da competição e lutar pelo título?, finalizou.
Furacão vive momento delicado
Atlético e Paraná vivem momentos distintos no Estadual, com o Rubro-Negro perdendo rendimento e o Tricolor crescendo de produção. Se na fase classificatória o Atlético era o favorito ao título e o Paraná mero coadjuvante, agora, no mínimo, as forças se equivalem. E para muitos a gangorra pesa para o lado paranista, devido ao começo vitorioso nesta segunda fase.
De acordo com Ney Franco, o Tricolor subiu de produção, assim como outras equipes e, atualmente, há pelo menos quatro clubes em condições de levantar a taça estadual. Mas para o jogo de amanhã, o comandante atleticano prevê uma disputa muito equilibrada. ?É o nosso jogo-chave. O Paraná será um adversário difícil, mas que temos totais condições de vencer. Todos estão mobilizados para isso?, finalizou.
Apresentação
Ontem, o lateral-direito Erivelton, primeiro reforço do Furacão para o Campeonato Brasileiro, foi apresentado oficialmente à imprensa. O jogador defendeu o Iguaçu e não poderá atuar pelo time da capital no restante do Campeonato Estadual.
Erivelton disse que trabalhou muito para ser contratado por um grande clube e que está feliz com a oportunidade dada pelo Atlético. Destacou como seus pontos fortes o apoio constante ao ataque e as cobranças de bola parada.
Diretoria do Furacão resolve falar e Petraglia promete reforços
Cahuê Miranda
Foto: Ciciro Back |
Ao lado do fiel escudeiro João Augusto Fleury, manda-chuva do Rubro-Negro deu uma série de explicações aos torcedores. |
A promessa está feita. Se a torcida ajudar, o Atlético trará reforços e montará um grande time para buscar títulos nacionais e internacionais. Quem garante é Mário Celso Petraglia, que ontem condicionou novas contratações a uma adesão maciça ao plano Sócio Furacão.
Na Arena da Baixada, Petraglia, presidente do Conselho Deliberativo, e João Augusto Fleury, presidente do Conselho Gestor, concederam uma entrevista coletiva que pretende marcar o início de um novo relacionamento do Furacão com a imprensa e o torcedor. Sem nenhuma novidade bombástica, mas com uma série de explicações e revelações para a galera.
Os veementes protestos que vieram após as saídas de Ferreira, Claiton e Jancarlos, e da crise técnica que custou a eliminação na Copa do Brasil e a perda da invencibilidade no Campeonato Paranaense, fizeram com que os presidentes rubro-negros reconhecessem equívocos na condução do clube. Não acreditam que erraram ao não segurar os jogadores, mas admitem que falharam na forma de comunicar à torcida os motivos pelo quais eles deixaram a Baixada.
Confira a seguir os principais trechos da entrevista, em que também não faltaram denúncias e alfinetadas contra um dos maiores rivais do Rubro-Negro na atualidade, o São Paulo.
Sócios
Petraglia – Precisamos de no mínimo 20 mil sócios. Nossos cálculos são de R$ 800 mil por mês, o que já podemos investir e aumentar a folha de pagamento. Não poderemos mais fazer futebol sem isso.
Reforços
Petraglia – Claro que vamos trazer, que estamos trabalhando e vamos reforçar. Claro que temos um planejamento para o Brasileiro. Ninguém é mágico. Perdemos algumas peças importantes e temos que restituir. É óbvio que temos consciência que houve uma queda no rendimento do nosso time. A torcida que fique sabendo que estamos trabalhando. Gostaríamos de trazer hoje alguns nomes, mas não fazemos isso. Só comunicamos no momento em que o contrato estiver assinado. Mas vai ter gente boa por aí.
Ferreira
Petraglia – Veio uma oferta para ele ganhar um apartamento, de centenas de milhares de dólares, para jogar, emprestado por 120 dias, num time dos Emirados Árabes. Como vamos dizer que ele não vai? Teria motivação de continuar correndo? Perderíamos o dinheiro, o jogador e ele perderia o apartamento. Se pudéssemos diríamos ?estão aqui, Ferreira, os 400 mil dólares (R$ 685 mil)?. Daí viriam todos os outros jogadores querendo o mesmo…
Claiton
Petraglia – Quem não queria que o Claiton permanecesse? Será que temos cara de bobos? Ele ganhava R$ 80 mil no Flamengo. Veio ganhando R$ 28 mil. Com o compromisso de que, se tivesse uma proposta do Japão, seria liberado. E veio: 1,3 milhão de dólares (R$ 2,2 milhões), por um contrato de três anos. Como vamos mantê-lo? Digamos que fizéssemos um sacrifício, como fizemos com o Alex Mineiro. E os outros jogadores? Como fica o Rhodolfo, o Danilo, o Netinho? Quem que administra esse grupo?
Jancarlos
Petraglia – O Jancarlos criou um clima de seqüestro e fugiu. Todos diziam que tínhamos que buscar lateral-direito, por que era uma bomba. Mas tinha um monte de gente atrás deles e ele foi para os bambambãs: bambis, bambis, bambis.
Assédio
Petraglia – Sabem quem ligou para o Jancarlos? O Marco Aurélio (Cunha, superintendente de futebol), o Dagoberto, o Aloísio, para que ele fosse para o São Paulo. Ontem administramos um problema com o Danilo. Sabem quem ligou para ele? O Aloísio, o Dagoberto, o Jancarlos, o Muricy Ramalho. Queriam que ele criasse um problema com o Atlético e deixasse o clube.
Crise
Fleury – O que se espera, numa atitude mais simplista, são contratações de jogadores, mudanças na comissão técnica. Não é assim que as coisas funcionam no Atlético. Temos um projeto que vai muito além disso. Haverão percalços, mas não significa que o Atlético tenha algum problema estrutural, financeiro. É um momento que alcança exclusivamente o rendimento do time profissional. Temos a consciência das nossas dificuldades e sabemos como superá-las, porque dentro do nosso projeto existem meios para isso.
Dívida
Petraglia – Eu me sinto devedor por não trazer mais informações. Por não explicar mais o que estamos fazendo e o que pretendemos fazer. Penitencio-me por isso. Mas no demais não devemos absolutamente nada. Que dívida é essa? De que eu sou acusado? De ter feito essa transformação? Eu sou devedor por ter construído a Arena e o maior CT do mundo? Por isso somos cobrados? Está se invertendo essa posição. Já estou cansado de falar isso. Mas parece que as pessoas esquecem.
Novo nome no CT
Petraglia – Contratamos uma empresa norte-americana que vai nos ajudar a vender nossos espaços. Estamos vendendo os naming rights (direito do nome) do CT.
Arena
Petraglia – O projeto de conclusão está pronto com duas alternativas, com Copa e sem Copa. Há uma diferença muito grande de dinheiro entre uma e outra. Nós precisamos de uma resposta oficial para adequar o estádio ao caderno de encargos da Fifa, se formos indicados. De outro modo, não precisamos de tudo isso. O anel inferior já tem o projeto pronto e independe da vinda ou não da Copa. Estamos atrás dos recursos necessários para iniciarmos essa frase. Se tudo correr bem, em até 120 dias podemos fazer o lançamento desta nova etapa.