Porthos Junior
Dênis Marques tenta passar
pela zaga do Grêmio. Atacante também não brilhou.

A torcida rubro-negra pode aguardar muito sofrimento neste Brasileirão. Ontem, em Caxias do Sul, o Atlético voltou a apresentar um péssimo futebol e perdeu para o Grêmio por 2 a 0. A derrota coloca o Furacão ainda mais perto da zona de rebaixamento, da qual dificilmente deve escapar na próxima rodada.

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Com 17 pontos, o Atlético é o 16.º colocado na tabela geral da classificação, apenas uma posição à frente da zona de degola. Botafogo, Fortaleza e Santa Cruz estão na cola e podem ultrapassar o time da Baixada no meio da semana. O Furacão deveria enfrentar o São Paulo, na Arena, mas a partida foi adiada devido à decisão da Libertadores.

O que mais preocupa o torcedor atleticano é a falta de perspectiva de uma reação. Com a chegada do técnico Vadão, o time aparentava ter ganho um pouco de personalidade e força de vontade. Mas ontem voltou a demonstrar a mesma apatia que caracterizava a equipe na época de Givanildo de Oliveira.

O Atlético até começou melhor e quase abriu o placar em uma jogada ensaiada. Dagoberto bateu falta, João Leonardo desviou de cabeça e Denis Marques, de frente para o gol, chutou por cima do travessão.

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O time rubro-negro não sabia aproveitar a maior posse de bola, errando muitos passes, e logo o Grêmio começou a tomar conta do jogo. O time gaúcho só não abriu o placar na primeira etapa devido às boas defesas do goleiro Cléber e à falta de pontaria de Rômulo, que perdeu duas boas chances de gol.

O técnico Oswaldo Alvarez tentou consertar as coisas no intervalo, desmanchando o esquema 3-5-2 com a entrada do meia Fabrício no lugar do zagueiro Alex. No início do 2.º tempo, deu impressão que a mudança daria certo. Em uma bela jogada, Ferreira tocou de calcanhar para Denis Marques, que bateu forte, mas não conseguiu vencer o goleiro Marcelo Grohe.

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Mas o bom momento do Atlético ficou por aí. Já no minuto seguinte, Hugo perdeu boa chance ao cabecear em cima de Cléber. Aos 10, não teve jeito. Em uma tabela com Rômulo, Hugo deixou a defesa atleticana perdida e bateu sem chances para o goleiro rubro-negro.

Tentando deixar o Furacão mais ofensivo, Vadão sacou o meia Ferreira para a entrada do centroavante Herrera. Mas a substituição de nada adiantou. Pelo contrário, deixou o meio-campo ainda menos criativo.

As coisas ficaram ainda piores para o Atlético aos 29 minutos. Depois de errar um chute para o gol, Dagoberto extrapolou na reclamação de um impedimento marcado pelo árbitro Wagner Tardelli e recebeu cartão vermelho.

Com um homem a menos, o Rubro-Negro se tornou presa fácil para os gaúchos. O segundo gol gremista poderia ter saído aos 32, mas o juiz não marcou um pênalti claro do estreante César sobre Hugo.

Se o centroavante colombiano do Atlético praticamente não pegou na bola, outro Herrera, este argentino, saiu do banco de reservas para definir a vitória tricolor. Aos 42, ele recebeu lançamento livre e tocou por cobertura, na saída de Cléber.

Agora, o Furacão terá uma semana de trabalho para tentar mudar tudo até o próximo compromisso. No domingo, o adversário é o Figueirense, em Florianópolis.

Jogadores temem situação na tabela

Melhor jogador do Atlético no jogo de ontem, em Caxias do Sul, o goleiro Cléber está preocupado. Após a derrota para o Grêmio, o dono da camisa 1 rubro-negra admitiu que a situação ficou complicada para o time da Baixada.

?O momento é difícil. Temos que ter tranqüilidade e começar a reagir logo, antes que seja tarde demais. O Atlético tem nome, é um grande clube, mas não vem conseguindo os resultados desejados?, declarou o goleiro.

Já o zagueiro César, que estreou vestindo a braçadeira de capitão, preferiu criticar a arbitragem de Wagner Tardelli. ?Assim como nós erramos, ele também errou e acabou nos prejudicando. O adversário nos superou, mas a expulsão foi injusta e nos atrapalhou muito?, reclamou, esquecendo de um pênalti claro não marcado a favor dos gaúchos. Uma curiosidade: César só jogou uma vez até agora, mas já tem dois cartões amarelos. O primeiro foi recebido quando estava no banco, na derrota para o Corinthians, no Pacaembu.

Ver o jogo da marquise, em Caxias, custa R$ 500

Os portões fechados do estádio Centenário não impediram a torcida gremista de acompanhar a partida. Aproveitando a proximidade das casas ao redor do campo do Caxias, vários torcedores conseguiram ?burlar? a punição imposta pelo STJD e comemoraram de perto a vitória tricolor.

A maioria deles estava concentrada na escadaria de um prédio do INSS e sobre a laje de uma residência. Segundo os repórteres que acompanharam a partida, um grupo pagou R$ 500 à dona da residência para assistir à partida. O aluguel ainda dava direito a sanduíches e refrigerantes.

Segundo informações da imprensa gaúcha, o Grêmio terá um prejuízo em torno dos R$ 3 milhões por ter que jogar mais sete vezes fora do Olímpico, e com portões fechados. A média de renda no Olímpico, em Porto Alegre, fica em torno dos R$ 216 mil,com média de público em 21.059 torcedores.

CAMPEONATO BRASILEIRO 2006
16.ª rodada
Local: Centenário, em Caxias do Sul (RS).
Renda e público: portões fechados.
Árbitro: Wagner Tardelli (RJ-Fifa)
Assistentes: Wilton Moutinho Rodrigues (RJ-Fifa) e Wilmar Raul (RJ).
Gols: Hugo (G), aos 10 minutos, e Herrera(G), 42? do 2.º tempo.
Cartões amarelos: Patrício (G), César e André Rocha (A).
Cartão vermelho: Dagoberto (A), aos 29 minutos do 2.º tempo.

GRÊMIO 2 x 0 ATLÉTICO

Grêmio
Marcelo Grohe; Patrício, Evaldo, William e Welliington; Jeovânio, Lucas, Tcheco, Hugo (Herrera) e Rafinha (Léo Lima); Rômulo (Ramon). Técnico: Mano Menezes.

Atlético
Cléber; Alex (Fabrício), César e João Leonardo; André Rocha, Alan Bahia, Cristian (Evandro), Ferreira (Herrera) e Ivan; Denis Marques e Dagoberto. Técnico: Oswaldo Alvarez.