A “maldição” da camisa dourada voltou a atacar e o Atlético passou pelo seu maior vexame em Campeonatos Brasileiros. O Rubro-Negro foi a Porto Alegre enfrentar o Internacional e acabou sendo goleado por 6 a 0, sábado, no Estádio Beira Rio. Numa partida irreconhecível, o time do técnico Levir Culpi não apresentou o mesmo futebol das últimas rodadas e deixou a equipe gaúcha fazer o que quis em campo. O próximo compromisso do Furacão será o Fluminense, amanhã, na Arena.
Inexplicável. Praticamente o mesmo time que fez seis no Goiás não conseguiu jogar nada contra o Internacional. Dormindo em campo, o Atlético viu a banda passar, os gaúchos tocarem a bola, entrarem na área e fazer gols como quisessem. O meia Danilo, que os dirigentes rubro-negros não tiveram competência para contratar no início da competição, fez a festa, ou melhor, quatro gols em 36 minutos de jogo.
No primeiro, partiu do meio de campo com a bola dominada, tabelou com Alex, entrou na área e tocou na saída de Diego. O segundo, recebeu a bola na frente da área e chutou na trave. No rebote, só completou para o fundo das redes. O terceiro foi um presente de Fernandão, que ajeitou de cabeça, e, o quarto, saiu de um cruzamento de Marabá. Nos dois, ele só teve o trabalho de dar um toquinho para as redes. Como não é egoista, ainda deu um passe para Fernandão fazer o seu. O Atlético, por sua vez, quando não ficou assistindo o adversário jogar, chegou com perigo em cabeceios de Marinho e Fernandinho, mas Clêmer segurou as pontas. O técnico Levir Culpi ainda tentou mudar o panorama da partida com a entrada de William no lugar de Alessandro Lopes, mas a alteração pouco mudou a situação e irritou alguns jogadores. “Temos que honrar a camisa que vestimos, coisa que não aconteceu neste primeiro tempo”, desabafou Diego.
Para a segunda etapa, Levir perdeu Ilan, contundido, e colocou Marcão para deixar a equipe novamente no 3-5-2. Ficou menos ruim, mas mesmo assim, uma caricatura de time. Os erros e o sono voltaram a atacar os atleticanos, enquanto o Internacional apenas administrou a vantagem e ainda teve tempo de ampliar o marcador num pênalti cometido por Marinho em Sobis. O ala-esquerdo Alex cobrou e definiu a goleada.
Enquanto isso, nas poucas tentativas que teve, o goleiro Clêmer voltou a salvar a pátria. William, que atuou na ala-direita, chutou forte, o zagueiro Marinho cabeceou firme, mas o goleiro sempre estava lá. Teve até pênalti, mas quando nada dá certo, nem o artilheiro Washington conseguiu deixar sua marca cobrando a falta máxima. Novamente, Clêmer saiu como herói, ao lado do atacante Danilo, autor de quatro gols. Após o jogo, apenas a vergonha pelo vexame em Porto Alegre.
Não deu nem tempo para ver as “estrelas”
O aquecimento do mercado de verão na Europa deverá tirar alguns jogadores do Atlético. O presidente do conselho deliberativo do Rubro-Negro, Mário Celso Petraglia, revelou que o clube está recebendo propostas por Jádson, Fernandinho, Ilan e Dagoberto e está aberto a negociações.
“É quase impossível você manter seus grandes jogadores quando eles ganham reconhecimento internacional e vem olheiros do mundo inteiro para observar, inclusive nas participações deles na seleção brasileira”, diz o dirigente. Segundo Petraglia, o Rubro-Negro tenta segurar seus principais atletas enquanto é possível. Uma dessas formas que estão sendo negociadas é a venda dos direitos federativos para outro clube, mas com o atleta permanecendo mais um tempo na Baixada para “amadurecer” antes de embarcar para a Europa. “Eles já querem investir nos grandes jogadores e, comprovando que eles sejam tudo isso que eles imaginam que sejam, ser transferidos”, revelou. Nesses casos estão os meias Jádson e Fernandinho e o atacante Dagoberto.
Além desses, o atacante Ilan, ao que parece, deverá ser o primeiro a sair. O jogador vem sendo sondado por alguns clubes europeus, principalmente do futebol português e, agora, do futebol francês. Olheiros estiveram no Estádio Beira Rio para acompanhar o jogador, mas o time não jogou nada e o jogador ainda saiu de campo machucado.
Maior goleada em toda história dos brasileiros
O Atlético chegou a Porto Alegre, sábado, de nariz empinado e “com muita pose”, na definição da imprensa gaúcha. Ela estranhou o fato da comissão técnica e jogadores não darem entrevista antes da partida. “Parece que chegou um time superior ao Real Madrid”, mandou ver um integrante da Rádio Gaúcha. O respaldo era a goleada de 6 a 0 sobre o Goiás, cinco dias antes, na Arena, a maior goleada do Rubro-Negro em Brasileiros.
Mas foi só terminar a partida para a história registrar também o maior vexame em campeonatos nacionais. A goleada para o Inter (6 a 0) é a maior diferença de gols que o Atlético já teve na competição, muito superior às goleadas sofridas para América-RJ, Galo, São Paulo e Cruzeiro (veja o quadro). Em toda a sua existência, o Atlético só havia conhecido duas goleadas por diferença de seis gols: para o Coritiba, no Paranaense de 1959 (6 a 0) e Água Verde, por um torneio oficial disputado em 1952 (7 a 1). Os números foram fornecidos à Tribuna pelo estudante Osmar Rebolo Jr., que acompanha o desempenho da equipe através dos tempos.
CAMPEONATO BRASILEIRO
16.ª Rodada
Local: Beira Rio (Porto Alegre)
Árbitro: Sálvio Spinola Fagundes F.º (SP)
Assistentes: Marinaldo Silvério (SP) e Adriano Augusto Lucas (SP)
Gol: Danilo aos 2, 12, 18 e 36 e Fernandão aos 40 do 1.º tempo; Alex aos 20 do 2.º tempo
Cartão amarelo: Danilo, Fernandinho, Gavilán, Vinícius
Renda: R$ 95.455,00
Público pagante: 8.667
Público total: 10.077
Internacional 6 x 0 Atlético
Internacional
Clêmer; Alexandre Lopes, Sangaletti e Vinícius; Gavilán (Bolivar), Edinho, Marabá (Fernando Miguel), Fernandão (Wellington) e Alex; Danilo e Sobis. Técnico: Joel Santana
Atlético
Diego; Alessandro Lopes (William), Marinho e Ígor; Pingo, Alan Bahia, Fernandinho (Raulen), Ilan (Marcão) e Ivan; Dagoberto e Washington. Técnico: Levir Culpi