Atlético não é mais o paraíso de antes

?Nós não queremos derrubar o presidente e nem temos candidato ao cargo. Só queremos mais democracia e transparência.? De acordo com o líder do ?Grupo de compradores de cadeira?, que lançou o ?Movimento acorda torcedor atleticano?, quem paga caro tem o direito de reclamar e ter mais informações sobre o que se passa dentro do Rubro-Negro. Para ele, a panfletagem realizada antes da partida contra o Volta Redonda rendeu cerca de mil mensagens eletrônicas de apoio e nenhum contrário aos questionamentos realizados.

?Somos um grupo de 20 a 30 torcedores, que sempre participamos da vida do Atlético, mas que estamos cheios com a atual situação?, disse o líder do grupo, que atendeu a Tribuna, mas preferiu não se identificar. Revelou apenas que ele e amigos se reúnem em todos os jogos no setor Getúlio Vargas inferior e o descontentamento é muito grande. ?Eu conversei com alguns conselheiros atuais, que querem questionar, e são impedidos. Mandam calar a boca, para não falarem nada?, revelou. Além disso, ele voltou a cobrar uma maior participação dos ex-presidentes na vida do clube.

Outro questionamento do líder do ?Grupo de compradores de cadeira? é o preço dos pacotes. ?Aumentaram o preço e diminuiu o número de jogos. Já deixamos de ver a semifinal e a final do Paranaense, o jogo de volta contra o Moto Club e a possibilidade de mais jogos na Copa do Brasil?, apontou. Segundo ele, essa política de preços altos está sendo nociva aos verdadeiros torcedores. ?O pior de tudo isso é o torcedor apaixonado estar impedido de participar dos jogos devido ao preço alto dos ingressos?, completa.

Resposta

Na quinta-feira, a Tribuna tentou um contato com a diretoria, mas esta não quis comentar o assunto. Após a publicação da matéria sobre o panfleto dos torcedores, o presidente João Augusto Fleury da Rocha soltou uma nota no endereço eletrônico do clube. ?O texto (do manifesto) contém referências caluniosas a pessoas e dirigentes do Atlético. O Atlético é modelo em procedimentos negociais, administrativos, contábeis e financeiros. O rendimento do time, que gera descontentamento dos torcedores, preocupa igualmente a diretoria, que está trabalhando incessantemente na reversão do quadro?, destacou Fleury em alguns trechos. A Tribuna está tentando agendar uma entrevista com o dirigente para que ele possa esclarecer esses e outros assuntos relacionados ao clube.

Netinho não quer voltar

O impensável parece estar acontecendo e o Atlético começa a ter dificuldades até para fazer contratações de jogadores sem grande projeção. A turbulência interna, a desorganização no futebol e o clima ditatorial de administração estão afastando possíveis reforços para o Brasileiro e Copa Sul-americana. Até quem pertence ao clube e está emprestado não quer voltar mais. Que o diga o meia Netinho, que descartou trocar a titularidade no Náutico para ficar na reserva do Rubro-Negro, e o atacante Aloísio, que fez de tudo para não ter que voltar para a fogueira de vaidades da Baixada.

?Eles (diretoria do Furacão) me ligaram e pediram para que eu voltasse. Disse que não queria, pois vivo um bom momento e pretendo permanecer até o final do ano?, revelou Netinho. Quando estava no CT do Caju, recebeu poucas chances, mostrou até um bom futebol, mas logo foi afastado para dar lugar a inúmeros jogadores que chegaram depois. Por isso, ele não quer trocar o certo pelo duvidoso. ?Não tenho a garantia de titularidade e carinho da torcida que estou tendo aqui?, justificou.

Assim como ele, quem também quer passar longe do Atlético é o atacante Aloísio. Pivô de uma briga jurídica do Rubro-Negro com o São Paulo, ele admitiu que assinou a renovação de contrato sem ler porque queria ir embora o mais rápido possível. Como a diretoria do Furacão não conseguiu comprovar a compra de seus direitos federativos, fincou o pé no Morumbi. Além da possibilidade de disputar o título mundial (que ele ajudou a conquistar pelo Tricolor paulista), o atacante reencontrou a felicidade de jogar em seu novo clube.

Essa felicidade é um dos motivos que levam muitos companheiros de Netinho e Aloísio a querer ir embora o mais rápido possível do CT do Caju. Na primeira oportunidade, o atacante Schumaker rumou para a Itália. Acertou com o Verona e foi emprestado ao Ascoli. Exemplo de profissional e dedicação ao clube, o zagueiro Ígor voltou de empréstimo do Fluminense. Mesmo querendo jogar, foi colocado para treinar em ?horários alternativos? enquanto não foi repassado para o Juventude. Outros querem o mesmo, mas estão amarrados a contratos longos e não podem dar declarações abertas sobre o assunto.

Givanildo sem moral com diretoria

Será que o técnico Givanildo de Oliveira ainda está prestigiado no Atlético? Depois da desclassificação na Copa do Brasil, na quarta-feira, o treinador rubro-negro anunciou uma reunião para discutir a contratação de reforços. Dois dias depois, nada do ?doutor Mário? chamar o pernambucano para conversar sobre possíveis contratações para o Campeonato Brasileiro e Copa Sulamericana. Assim, os bastidores rubro-negros vive apenas de especulação sobre desconhecidos e sobre o comando da equipe. Nome de peso mesmo somente o sonho distante do volante Rodrigo Taddei, do Roma/ITA.

?Eu disse que é preciso ter paciência e iria conversar com a direção, na pessoa do doutor Mário (Celso Petraglia, presidente do conselho deliberativo) e nós devemos ter uma conversa sim, mas não posso dizer que já conversei com ele?, revelou Givanildo. Essa ausência de contato entre diretoria e treinador no momento de crise, após duas desclassificações seguidas, pode indicar que a situação do profissional já não é tão confortável. ?No sábado, ele sempre vem no CT e nós devemos sentar e conversar?, minimizou.

Pelo sim, pelo não, o discurso de quarta-feira também mudou em relação à indicação de jogadores. O treinador falou que iria dar nomes de quem ele queria, mas já admite que o que a diretoria oferecer está bom. ?O Atlético tem condições de contratar e nós sabíamos da política do clube. Indicar ou não, isso é muito relativo. Eu trabalho indicando, certo? Agora se o presidente chegar para mim e disser que tem tal jogador e eu achar que serve, com certeza pode trazer?, apontou.

Mesmo balançando, ele diz que o time tem jeito. ?Entrosamento não se compra, se adquire. Nos times em que passei, quando eu tive tempo, fui bem-sucedido assim como outros treinadores. Aqui não temos esse tempo. O Atlético tem bons jogadores, tem condições de contratar e o momento pede que seja ágil?, destacou. O próximo compromisso é o Fluminense, dia 16, na estréia do Brasileirão, e um mau início de competição poderá custar a cabeça do treinador.

Contratações

Por enquanto, a diretoria só confirmou o interesse no zagueiro Glauco e no atacante Marcos Aurélio, ambos do Bragantino. Além deles, fala-se no artilheiro do Goiano, Fábio Luiz, que é da Aparecidense, e até do atacante Thiago Gentil, do Santa Cruz. Em São Paulo, surgiu a informação de que o volante Rodrigo Taddei, do Roma/ITA, poderá ser contratado. O empecilho é que ele ganha em euros, é ídolo e pode até aspirar uma convocação para a seleção italiana.

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