O Atlético-MG disputa nesta quarta-feira, às 21h50, no Mineirão, a partida mais importante dos seus 105 anos de história. Se for campeão da Libertadores, seu nome se consolidará, enfim, no cenário internacional. O dia 24 de julho pode ser o início de uma nova era num clube que carrega a pecha de ser forte apenas dentro de Minas Gerais – o único título brasileiro foi conquistado no longínquo ano de 1971.

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Mas, para escrever o capítulo mais glorioso da sua história, o Atlético-MG tem de torcer para o raio cair duas vezes no mesmo lugar. Como perdeu por 2 a 0 no jogo de dia no Paraguai, o time mineiro precisa vencer o Olimpia por dois gols de diferença para levar o jogo para a prorrogação. Isso já aconteceu uma vez no Mineirão diante desse mesmo adversário paraguaio. Foi em 1992, na final da Copa Conmebol.

O time mineiro também vai precisar que uma virada que ocorreu somente uma vez em 53 anos de história da Libertadores aconteça agora novamente. Apenas em 1989, quando o Atlético Nacional, da Colômbia, perdeu o primeiro duelo justamente para o Olimpia, por 2 a 0, é que uma equipe conseguiu reverter uma vantagem desse tamanho para ser campeã da competição.

Para alcançar essa virada história, Cuca tenta arrumar a equipe e dar a cartada final. O desafio do treinador é não deixar que a ansiedade e a pressão em cima dos jogadores impeçam que o Atlético-MG apresente o bom futebol que o notabilizou ao longo do torneio. Ele sabe que a margem de erro está reduzida e já avisou isso aos jogadores. “Vamos ter de suar sangue. É o jogo das nossas vidas. Não podemos errar”, sentenciou o volante Pierre.

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O Atlético-MG não terá os dois laterais titulares, Marcos Rocha e Richarlyson, ambos suspensos. Na direita, Cuca faz mistério, mas Michel é o mais cotado para ficar com a vaga. Na esquerda, a entrada de Junior César é certa. Na frente, Bernard volta de suspensão e é a esperança atleticana para desmontar a defesa paraguaia ao lado de Ronaldinho Gaúcho, que foi muito mal no primeiro jogo da decisão, semana passada, em Assunção.

O poder de fogo de Diego Tardelli e Jô, artilheiros do time na Libertadores com seis gols cada, também é um triunfo da equipe, que será empurrada por 62 mil torcedores. Os ingressos estão esgotados. A expectativa em torno da decisão é enorme em Belo Horizonte. Cambistas chegam a cobrar R$ 1 mil por um bilhete para o jogo. E a torcida atleticana promete montar um mosaico que vai cobrir toda a arquibancada do estádio.

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Mas o retrospecto da equipe no novo Mineirão, inaugurado no começo deste ano, não é dos melhores. Depois da reforma, o Atlético-MG jogou três vezes no estádio. Na reabertura, perdeu por 2 a 1 para o Cruzeiro. Depois, venceu o Villa Nova por 2 a 1 e, na decisão do campeonato estadual, voltou a ser derrotado pelo rival Cruzeiro por 2 a 1, mas ficou com o título porque vencera o primeiro jogo por 3 a 0.

O objetivo da diretoria era continuar jogando no Independência, onde o Atlético-MG ostenta uma série invicta de 38 jogos. O estádio, porém, tem capacidade para apenas 23 mil pessoas e o regulamento da Libertadores exige no mínimo 40 mil lugares para decisão. Assim, o desafio diante do Olimpia será mesmo no Mineirão.

Para se adaptar ao palco da final, o time chegou a treinar domingo e segunda-feira no estádio. O objetivo de Cuca era que os jogadores se acostumassem com a iluminação e a velocidade da bola. Na terça, o Atlético-MG realizou um treino leve e descontraído na Cidade do Galo, em Vespasiano. O presidente do clube, Alexandre Kalil, acompanhou a atividade na beira do gramado e, ao fim do treino, deu um abraço e cochichou no ouvido de Ronaldinho Gaúcho. Não é de se duvidar que tenha pedido ao craque uma vitória nesta quarta. Por três gols de diferença, é claro.