Não adianta reclamar. O Atlético não vai abrir mão de cobrar das emissoras de rádio pela transmissão de seus jogos. Ontem, na Arena da Baixada, a diretoria do Furacão concedeu uma entrevista coletiva para explicar a decisão e garantiu: já existem veículos interessados em comprar o pacote proposto pelo clube, nos valores apresentados.
A diretoria rubro-negra surpreendeu as rádios na quinta-feira passada, quando publicou em sua página na internet um comunicado informando que passará a cobrar das rádios pelo direito de transmitir as partidas do clube. Para o Campeonato Brasileiro de 2008, Atlético pede R$ 15 mil por jogo ou R$ 456 mil pelo pacote de 38 partidas.
A medida caiu como uma bomba junto às emissoras e à opinião pública. Alguns questionaram a legalidade da cobrança. Muitos contestaram os valores pedidos pelo Furacão, considerando-os inviáveis.
A resposta rubro-negra veio na entrevista de ontem, da qual participaram o presidente do Conselho Deliberativo, Mário Celso Petraglia, o diretor jurídico Marcos Malucelli e o advogado Fernando Pimenta, do escritório contratado pelo clube para dar embasamento legal à nova política.
Constitucional
Para Pimenta, a decisão do clube não se fundamenta apenas na Lei Pelé, mas na própria Constituição Federal. ?Entendemos que o espetáculo é um bem econômico e passível de contraprestação. Entramos no artigo 5.º, inciso 28, alínea A da Constituição. Se as rádios comercializam cotas, visam o lucro e, portanto, devem pagar pelo espetáculo?, defendeu o advogado.
A legislação citada pelo advogado trata dos direitos individuais e coletivos, inclusive o de propriedade. ?São assegurados, nos termos da lei, a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas?, diz a Carta Magna.
Tá barato!
Sobre os preços definidos pelo clube, Petraglia disparou: ?Entendemos que são muito baixos. Não é nada perto do que o espetáculo custa para os clubes. Não podemos entregar de graça. Se uma rádio não pode pagar por esse produto, que procure outro. Não somos uma entidade filantrópica?.
Segundo o presidente atleticano, um amplo estudo de mercado foi feito pelo clube para chegar aos valores propostos. ?Em 2006, o rádio faturou acima de R$ 1 bilhão no País. Representa de 3% a 4% de todo o faturamento com mídia no País e 6% a 7% do que a televisão fatura. Os valores que cobramos são infinitamente menores, proporcionalmente, ao que a televisão paga?, argumentou.
Para Petraglia, a nova política atleticana não inviabiliza a atividade das rádios. ?Na seqüência, teremos uma valorização do produto e dos profissionais da área. As rádios repassarão esses custos para seus clientes. Já vivi esse caminho com a televisão. Em 1996, a TV pagava R$ 10,4 milhões pelo Campeonato Brasileiro. Hoje, paga R$ 320 milhões. A Globo paga R$ 5,6 milhões por partida para a TV aberta e vocês acham caro R$ 15 mil??, questionou.
Negociando
Petraglia garante que já está fechando acordo com uma emissora de rádio, que teria aceito pagar os valores pedidos pelo clube. ?Algumas rádios já conversaram conosco e estamos negociando termos de contrato. Os valores não mudam, já estão definidos. Estamos assinando os contratos. A fila anda?, disse o presidente rubro-negro, sem revelar o nome da emissora. ?É uma rádio via web?, concluiu, em tom de brincadeira.