Lucimar do Carmo |
Alex cumpriu suspensão e volta ao ataque rubro-negro contra o São Paulo. |
Dos últimos 12 pontos disputados, o Furacão perdeu dez deles. Um desempenho que nem lembra a equipe que encantava nas primeiras rodadas nem condiz com um clube que quer ser bicampeão. Enquanto Espinosa apontava para os desfalques como principal motivo para a queda de rendimento, a torcida cobrava do treinador um padrão de jogo mais definido, mesmo sem algumas peças. Um fator que, por enquanto, mantém o profissional tranquilo. “Enquanto eu me sentir bem eu fico, o dia que eu não tiver a alegria de trabalhar aqui vou embora”, aponta. Ele sabe que, com mais uma derrota, não terá clima para trabalhar no CT do Caju, mas também não quer se antecipar à diretoria e pedir para sair.
Apesar da situação crítica, o time tem tudo para dar a volta por cima e ficar de bem de novo com os torcedores. Jogará contra um São Paulo, que também sairá em busca da vitória, ou seja, joga e deixa jogar. Bem ao feitio do veloz Atlético. Além disso, a partida é uma das mais esperadas do atual Brasileirão e, pela expectativa, deverá motivar ainda mais o elenco. “O São Paulo é apontado como um dos favoritos ao título e merece todo o nosso respeito”, analisa o treinador.
Time
A definição dos titulares sai hoje pela manhã, mas Espinosa só tem mesmo uma dúvida. O treinador depende da recuperação do volante Cocito para escalar o time. O jogador sentiu dores musculares no clássico contra o Paraná e não atuou contra o Gama, mas garante que vai para o sacrifício. “Eu pedi para treinar hoje (ontem) para ver realmente a minha condição e as dores são menores. Mas deixei claro que estou disposto a fazer a injeção local porque nesse momento difícil vale esse sacrifício”, admite Cocito.
O volante Douglas Silva e o atacante Alex Mineiro, que cumpriram suspensão automática na última partida, estão confirmados. Com isso, o provável time para enfrentar os paulistas terá Adriano Basso; Alessandro, Ígor, Rogério Correia e Fabiano; Cocito, Douglas Silva, Kléberson e Adriano; Alex Mineiro e Kléber.
Serpa também já chamou pai de “burro” mas é fielO técnico Valdyr Espinosa, do Atlético, tem um auxiliar técnico especial ajudando nos trabalhos no CT do Caju. O próprio filho é seu braço direito no comando do Rubro-Negro. Uma situação que poderia ser complicada, é tirada de letra por Rivelino Serpa Espinosa. Tanto é que ele prefere usar o sobrenome materno como “nome de guerra” para evitar o “peso” de “Rivelino” e “Espinosa”. Ontem, antes do treino, ele conversou com a Tribuna e contou que ainda pretende seguir a carreira de técnico.
Tribuna – Por que esse trabalho no futebol e justamente com o teu pai?
Serpa – É um trabalho que já vem de alguns anos e a gente procura deixar no portão do CT o pai e o filho. Entre os dois, o tratamento é profissional. Eu já tenho 12 anos no futebol e a gente utilizou alguns artifícios para poder separar bem essa relação. Um deles foi a adoção do meu sobrenome materno como nome de guerra, que é Serpa. Não é o tratamento que eu recebo em casa, mas é o tratamento que eu recebo profissionalmente.
Tribuna – E como está o trabalho no Atlético?
Serpa – Um bom trabalho que está sendo feito com a maior honestidade e maior entrega possível. A gente vem trabalhando forte e conseguindo os resultados dentro do esperado. Estamos dentro de uma projeção de conquistar um mínimo de sete pontos em cada 12 pontos para a gente poder classificar com 45.
Tribuna – Como é que você vê os protestos da torcida pedindo a cabeça do treinador?
Serpa – Isso aí é normal. Isso aí eu vivi enquanto como filho muito tempo e tem até uma história pitoresca na Copa Libertadores. Eu tinha entre seis, sete anos e estava no Estádio Olímpico assistindo um jogo do Grêmio que estava 1 a 1 e ele necessitava da vitória de qualquer maneira. Ele (Espinosa, então técnico do Tricolor gaúcho) tirou o Renato e colocou o Tarcísio. As 80 mil pessoas que estavam no estádio gritaram “burro” e eu também para disfarçar. Nessas alturas eu tinha que disfarçar e não deixar transparecer nada. Na primeira bola que o Tarcísio pegou foi gol e o Grêmio ganhou por 2 a 1. Ficou por isso mesmo. Na quarta-feira (na Arena, contra o Gama), não foi pedida a cabeça do meu pai e sim do meu técnico com quem eu trabalho. Isso é uma atitude compreensível do torcedor que é movido pela paixão. Ele se preocupa somente com o resultado e não com o desenvolvimento do trabalho.
Tribuna – No futuro, você pretende tentar a carreira de treinador?
Serpa – Pretendo, mas sem ansiedade. Estou há 12 anos no futebol profissional, os primeiros oito anos como preparador físico. Meu plano inicial era passar dez anos na parte física e me deu muita vontade de mexer com a bola e de conversar sobre tática. Como, no meu entender, preparador físico não deve entrar nessa área antes dos dez anos eu parti para essa área técnica e tática. O momento de assumir uma equipe vai acontecer e será natural.