Não há tempo para comemorar. Após conquistar a histórica classificação diante do River Plate, o Atlético parte para mais uma maratona de jogos pelo Campeonato Brasileiro e Copa Sul-Americana. Hoje, o time rubro-negro embarca para uma odisséia que vai passar por São Paulo, Montevidéu e Fortaleza, percorrendo 8.500km em pouco mais de uma semana.
O primeiro desafio é um confronto direto pelo Brasileirão, contra o Palmeiras. O alviverde paulista tem os mesmos 36 pontos do Furacão e está apenas uma posição atrás, em 13.º, levando desvantagem no saldo de gols. O Parque Antártica vai estar lotado. Até ontem, mais de 20 mil ingressos já haviam sido vendidos.
Na segunda-feira, o Furacão segue direto para Montevidéu, no Uruguai. A Confederação Sul-Americana (Conmebol) divulgou ontem as datas do duelo contra o Nacional, pelas quartas-de-final da Sul-Americana. A primeira partida está marcada para a próxima quinta-feira, às 16h, no Estádio Centenário. A volta será no dia 25 de outubro, às 22h, na Baixada.
Depois de mais uma missão internacional, nada de voltar para casa. Da capital uruguaia, a delegação atleticana parte rumo ao Ceará, para encarar o Fortaleza, no domingo seguinte. Lutando desesperadamente contra o rebaixamento, o tricolor cearense deve ser mais uma pedreira para o Furacão.
Apesar da desgastante seqüência de jogos e viagens, o elenco rubro-negro garante que está preparado para atuar com força total em cada parada da excursão. ?Jogador sempre quer estar jogando. É gostoso, principalmente em partidas internacionais. Só temos que descansar e nos preparar bem. Essa maratona já vem acontecendo e nós estamos conseguindo suportar?, afirma o zagueiro Danilo.
O goleiro Cléber reconhece que o momento é de superação, para continuar fazendo bonito na competição continental e se afastar da zona de perigo no Brasileiro. ?Temos que descansar e repor as energias de todas as maneiras. O jogo contra o River Plate foi muito desgastante. Contra o Palmeiras, vai ser outra partida muito difícil. Disputamos duas competições e elas estão a pleno vapor. São jogos muito competitivos e temos que estar 100% em todos eles?, ressalta o dono da camisa 1 do Furacão.
Jogadores surpresos com adversário da Sul-Americana
A classificação do Nacional para as quartas-de-final da Copa Sul-Americana foi uma surpresa para a maioria do elenco do Atlético. Os rubro-negros não esconderam que a expectativa era enfrentar o Boca Juniors. ?Surpreendeu, porque todos estavam esperando o Boca?, revela Dênis Marques.
Os jogadores do Furacão acompanharam pela tevê a vitória dos uruguaios sobre os argentinos, nos pênaltis, e puderam ter uma idéia do que espera pelo time da Baixada. ?Pelo resultado do primeiro jogo, onde o Boca fez um gol fora de casa, era de se esperar a classificação deles. Mas vimos que a equipe do Nacional tem qualidade, superou a pressão mesmo com um jogador a menos. É uma equipe que temos que respeitar, porque eliminou um concorrente direto pelo título. Então, não vai ser fácil. Vai ser parecido com o River ou até pior?, alerta o goleiro Cléber.
Sem se importar com o adversário, o zagueiro Danilo diz que o Furacão está preocupado apenas em seguir na briga pelo troféu continental. ?Estávamos preocupados em passar pelo River. Um time que sonha com o título não pode escolher adversário.
A equipe do Nacional tem qualidade, assim como o Atlético também tem. Eles e o Atlético tiraram os dois favoritos da competição. Quem passar desse duelo tem grandes chances de chegar à final?, conclui o capitão.
Nacional resgata orgulho
Carlos Simon
A vitória sobre o Boca Juniors resgatou uma ponta do orgulho do Nacional de Montevidéu. E do futebol uruguaio em si, apagado há vários anos e que vê na conquista da Sul-Americana uma chance de voltar a brilhar.
A fase áurea dos clubes uruguaios, oito vezes campeões da América (cinco com o Peñarol e três com o Nacional) acabou há duas décadas. Desde 1989 uma equipe do país não chega sequer às semifinais da Copa Libertadores – prova da decadência que atinge também a seleção celeste, ausente da última Copa e uma sombra da equipe competitiva de anos atrás.
Diante deste panorama, superar o Boca, time mais vitorioso do continente nesta década e atual bicampeão da Sul-Americana, deixou os tricolores de Montevidéu eufóricos. O site oficial do Nacional não deixou por menos e cutucou os rivais portenhos. A reportagem sobre a classificação para as quartas leva o título ?Campeão de Joelhos?. ?Todos nos davam por derrotados. Incluindo os argentinos, que com a soberba que os caracteriza já falavam de um novo superclássico entre Boca e River (…). Talvez joguem, na canastra?, dizia a abertura da matéria.
Ontem, os jornais uruguaios estamparam a façanha do Nacional – que classificou-se ao fazer 3 x 1 nos pênaltis, em Salta (Argentina), após o Boca devolver o mesmo placar do jogo de ida (2 x 1). O termo ?heróis? foi fartamente usado pela ufanista e exagerada imprensa uruguaia, que lembrou as condições adversas enfrentadas pela equipe – o zagueiro Godín foi expulso ainda no primeiro tempo, depois de entrada criminosa num adversário, e quatro titulares não puderam jogar porque estavam com caxumba. ?Contra a caxumba, com um a menos e de visitante, o Nacional, das mágicas mãos de Viera, derrotou o multicampeão nos pênaltis?, publicou o La Republica, exaltando as duas penalidades defendidas pelo goleiro. ?Agora é a vez do Atlético Paranaense?, diz o confiante El País, outro jornal importante de Montevidéu.