Foto: Valquir Aureliano/Tribuna

Evanílson foi o grande nome do
jogo. Ele deitou e rolou pela lateral direita, marcou o primeiro gol e deu passe pra outros dois.

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Um passeio. Com um time melhor taticamente e com valores técnicos em ótima fase, o Atlético venceu o Paraná com sobras no clássico de ontem – 4×0, fora o baile, na Arena. Uma vitória que começou nas escolhas de Oswaldo Alvarez e passou pelas atuações de Evanílson, Alan Bahia, Cristian, Ferreira e principalmente Dênis Marques, que fechou a vitória com um golaço. O resultado consolida a posição atleticana no Campeonato Brasileiro (que fechou o sábado em oitavo lugar), enquanto coloca o Tricolor em situação complicadíssima, precisando vencer fora de casa para continuar sonhando com a Libertadores.

As formações de Atlético e Paraná encaminhavam um interessante duelo tático. O Furacão não mudava, formando com dois zagueiros e Erandir fechando o setor defensivo, permitindo que Cristian apoiasse e que Evanílson (a novidade do time) e Michel jogassem mais soltos. No Tricolor, Edmílson era a surpresa na zaga, Beto voltava ao meio e Batista dava maior poder de marcação jogando na ala esquerda.

Antes da bola rolar, cenas lamentáveis. Dois torcedores do Atlético entraram com bandeiras e acabaram atrapalhando os jogadores do Paraná, que se irritaram. Um deles ameaçou agredir os tricolores, foi barrado pelos seguranças do Furacão e acabou detido pelos policiais. O árbitro reserva Maurício Batista dos Santos pediu os nomes dos torcedores e a confusão deve entrar na súmula de Héber Roberto Lopes.

A formatação atleticana era mais agressiva e isso ficou claro no início do primeiro tempo. Eram os donos da casa a tomarem a iniciativa do jogo. Marcos Aurélio e Dênis Marques complicavam o trabalho dos três zagueiros paranistas – que só não sofriam mais porque Pierre marcava Ferreira. Os visitantes ofereciam perigo com Beto, que jogava solto, e com os lampejos de Leonardo.

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Quando o sistema de marcação do Paraná falhou pela primeira vez, o Atlético abriu o placar. Aos 28 minutos, Pierre escorregou, Ferreira cruzou, ninguém cortou e Evanílson, livre, abriu o placar.

Dênis Marques fechou a goleada rubro-negra com uma pintura de gol. Ele deixou os zagueiros no chão e tocou na saída de Flávio.

A tática tricolor ficou capenga, porque Batista concedia muitos espaços pela esquerda – espaços que eram aproveitados por Evanílson, Cristian e Dênis. Em outra jogada, aos 40 minutos, o lateral atleticano tocou para Ferreira, que foi derrubado por Flávio. Alan Bahia cobrou o pênalti e marcou o segundo do Furacão. ?Eles foram bem, fizeram tudo?, festejou no intervalo o técnico rubro-negro Vadão. ?Vamos reverter no segundo tempo?, prometeu o comandante paranista Caio Júnior.

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O Paraná voltou com Maicosuel no lugar de Sandro, tentando fôlego novo no meio-campo. A motivação era maior e em dez minutos os visitantes tiveram seis chances de gol. Mas nada aconteceu e o ímpeto tricolor arrefeceu. William e Válber entraram e o Atlético reequilibrou as ações e ampliou a vantagem. Evanílson fez jogada individual, ninguém o marcou e ele teve a calma de tocar para William, que fez o terceiro.

Para fechar a goleada, Dênis Marques fez um gol antológico. Ele recebeu na entrada da área, passou por Neguete, deixou Gustavo e Edmílson fora do lance, deu um drible da vaca em Pierre e tocou na saída de Flávio. Uma jogada – mais uma – que merece placa do ataque atleticano. Dênis saiu ovacionado pela torcida, o último ato de um clássico de um time só, e que poderia ter terminado aos 28 minutos do segundo tempo.

Vadão destaca equilíbrio. Caio acha placar enganoso

Os dois técnicos tiveram visões semelhantes do que aconteceu durante o clássico. Para Oswaldo Alvarez e Caio Júnior, o jogo de ontem na Arena foi equilibrado, e o placar não teria refletido o que aconteceu dentro de campo, apesar do visível domínio tático rubro-negro. Agora, as duas equipes tentam se voltar para os objetivos que virão – para o Atlético, o jogo contra o Vasco, quarta, na Arena; para o Paraná, a partida contra o Cruzeiro, quinta, no Mineirão.

Vadão disse que a partida chegou a ser dramática. ?Nós tivemos algumas dificuldades e o Cléber trabalhou bastante, o que mostra que foi um jogo equilibrado. Quem olha o placar, e vê o 4×0, pensa que foi fácil, mas não foi?, disse o treinador atleticano, que repetiu que sua maior preocupação é com o rendimento físico dos seus jogadores. ?Antes da partida, eu avisei a eles que não colocaria ninguém cansado. Se alguém me dissesse que não estava em condições, não jogaria?.

Para Caio Júnior, o placar foi enganoso.

?Nós tivemos oportunidades, criamos e não marcamos. Se o jogo terminasse 4×3 não seria tão errado?, resumiu o comandante paranista, que também elogiou o rendimento de seus jogadores. ?O que aconteceu foi que a qualidade dos atacantes do Atlético prevaleceu. Eles tiveram duas chances no segundo tempo e fizeram dois golaços. Taticamente o time rendeu bem?, completou.

O capitão Beto, do Paraná, disse que o time precisa reagir logo. ?Nós temos que criar raiva, temos que buscar os resultados?, disse. Para o vice-presidente tricolor José Domingos, não importou o resultado. ?Perdemos três pontos, se for por um ou por cinco, tanto faz?, finalizou.

Bastidores

No Atlético, Oswaldo Alvarez confirmou que Paulo Rink será o substituto de Dênis Marques, que levou no clássico o terceiro cartão amarelo. No Paraná (que perdeu Peter, também suspenso), José Domingos confirmou que a diretoria tenta acertar com um psicólogo para o elenco – foi tentada a contratação de Gilberto Gaertner, que já trabalhou no Tricolor, mas ele não pôde aceitar o convite.

CAMPEONATO BRASILEIRO

ATLÉTICO 4×0 PARANÁ

Atlético

Cléber; Evanílson, Danilo, João Leonardo e Michel; Erandir, Alan Bahia, Cristian e Ferreira (Válber); Marcos Aurélio (William) e Dênis Marques (Paulo Rink).

Técnico: Oswaldo Alvarez

Paraná

Flávio; Gustavo, Neguete e Edmílson; Peter, Pierre (Eltinho), Beto, Sandro e Batista; Cristiano (Joelson) e Leonardo.

Técnico: Caio Júnior

Súmula

Local: Joaquim Américo

Árbitro: Héber Roberto Lopes (FIFA)

Assistentes: Roberto Braatz (FIFA) e Rogério Carlos Rolim

Gols: Evanílson 28 e Alan Bahia 41 do 1º; William 25 e Dênis Marques 28 do 2º

Cartões amarelos: Erandir, João Leonardo, Dênis Marques, Evanílson (CAP); Flávio, Peter, Leonardo (PR)

Renda: R$ 211.457,50

Público: 14.472 (12.769 pagantes)

Atlético pode perder mandos de jogos

Irapitan Costa

O ato impensado de dois integrantes da torcida Os Fanáticos poderá custar caro ao Atlético. O clube deve ser denunciado pelos incidentes ocorridos antes do início do clássico, quando os torcedores entraram em conflito com os jogadores do Paraná Clube, que realizavam o último aquecimento no gramado do Estádio Joaquim Américo. O árbitro Héber Roberto Lopes garantiu que tudo será relatado em súmula e o risco de perda de mandos de jogos é real.

A confusão teve início quando um dos torcedores, com seu bandeirão, ficou dentro da área onde Flávio aquecia. Ao buscar uma bola rebatida, Flávio pisou na bandeira e o bate-boca foi inevitável. Tudo era acompanhado à distância pelos seguranças do Rubro-Negro, que não fizeram nenhuma menção de retirar dali o torcedor. O ?clima? foi esquentando, até que palavras mais ríspidas fizeram com que o confronto ocorresse. Um dos torcedores tentou agredir o lateral Peter, com a haste de bambu.

Somente então os seguranças ameaçaram entrar em ação, mas timidamente, na base do ?deixa disso?. Os torcedores, que já haviam deixado o gramado, pegaram novamente as bandeiras e tentaram atravessar o gramado. Novo tumulto e, desta vez, a Polícia Militar entrou em ação, retirando um dos torcedores com rispidez, diante da reação do mesmo. Identificado apenas como ?Preto?, o rapaz disse ?não vou afinar para jogador, se preciso, vou pro pau, mesmo?.

A PM informou que os dois foram encaminhados ao centro de triagem e levados para o 8.º Distrito. O 2.º tenente Campiolo disse que a responsabilidade dos torcedores estarem em campo – inclusive com as hastes de bambu, proibidas pela polícia – é toda ela do Atlético. ?Fazemos a prevenção nas arquibancadas. Os torcedores estavam no gramado com a autorização do clube?, disse Campiolo.

O fato gerou outra ação: o Paraná Clube, através do superintendente de futebol Ricardo Machado Lima, registrou queixa contra os torcedores, pela tentativa de agressão aos atletas tricolores. ?Fizemos o Boletim de Ocorrência. Agora, o caso é da polícia e da CBF?, disse Machado Lima.

Além do incidente, parte da torcida reagiu contra a PM quando da prisão do integrante da torcida Os Fanáticos, arremessando copos de cerveja contra os policiais. Um dos copos caiu dentro das quatro linhas e foi retirado pelo quarto árbitro, Maurício Batista dos Santos. Se denunciado no artigo 213 do CBJD – ?deixar de tomar providências capazes de prevenir ou reprimir desordens em sua praça de desporto?, o Rubro-Negro pode perder de um a três mandos e ficar sujeito a multa de R$ 50 mil a R$ 500 mil.