O Atlético vai fechar o ano com um rombo de R$ 6 milhões de reais em suas contas. Esta foi a grande revelação feita ontem pelo presidente Mário Celso Petraglia, em entrevista à Rádio Banda B e à Tribuna. Após gerar a expectativa por uma nova revolução, o dirigente se conteve, preferiu poupar energia e manter a mesma estrutura administrativa e técnica, pelo menos até o final do Brasileirão. O contato com a imprensa e com os ouvintes acabou se tornando mais um desabafo do dirigente do que o anúncio de uma chacoalhada geral do Rubro-Negro. Como consolo para a torcida, Petraglia antecipou a convocação do meia Kléberson para a Seleção Brasileira, hoje (veja matéria nesta edição).
“Todo ano nós temos esse déficit operacional, que cobríamos com a venda de jogadores. Neste ano, não vendemos ninguém e por isso temos que encontrar uma forma de tampar esse furo”, revelou. O dirigente também contou que ainda não pagou o prêmio de R$ 350 mil, referentes ao vice-campeonato da Copa Sul-Minas, que garantiu a presença na Copa dos Campeões. Além disso, as renovações de contrato do técnico Geninho e do zagueiro Nem teriam contribuído para o aumento demasiado das contas do Furacão.
Já a tão aguardada reformulação ficou só na promessa. Praticamente se eximindo de qualquer erro cometido, Petraglia empurrou para os jogadores e para o calendário desta temporada a responsabilidade pelo ano ruim. “Se os nossos atacantes tivessem marcado os gols que marcaram no ano passado, não estaríamos nessa situação”, disparou (isto é confirmado pelo Datafolha. Veja matéria). Mesmo assim, não quis anunciar nenhuma mudança no elenco, comissão técnica e diretoria. Até domingo, todos estão prestigiados. Mudança mesmo, segundo o dirigente, só a partir da próxima segunda-feira.
O mesmo valeu para os supostos sabotadores da atual administração. Petraglia se esquivou de comentar quem seriam os artífices de um plano para derrubá-lo. “Tinham me alertado que se o Atlético perdesse o Atletiba, a torcida gritaria ‘fora Petraglia’. Mas, como ganhamos, nunca vou saber se esse movimento existiu ou não”, apontou. No entanto, ele disse estar aberto para esclarecer ao ex-presidente do Conselho Deliberativo, José Henrique de Farias, e a outros ex-dirigentes e atleticanos ilustres o que está acontecendo dentro do clube.
Atlético mudou e tudo deu errado no ano
O primeiro time a conquistar o campeonato brasileiro jogando no 3-5-2, que tocava a bola e explorava os contra-ataques. Este era o Atlético versão 2001. Esse e ano, manteve a mesma base, mas trocou o técnico Geninho por outros que não souberam preservar as características dos jogadores. Resultado: desclassificação melancólica ainda na primeira fase da competição.
De acordo com levantamento do Datafolha, o time passou a explorar fundamentos que tem baixa produtividade dentro do elenco rubro-negro. Os principais deles foram os lançamentos e os cruzamentos na área. No ano do título foram 3,7 lançamentos contra 9,2 passes longos na vexaminosa campanha em 2002. O mesmo vale para o chuveirinho. Aumentou de 19,7, ano passado, para 24,5 agora. Números que mostram a ausência de conjunto do grupo ao longo das 24 partidas jogadas até agora.
A outra mudança ocorrida, segundo o instituto, foi na marcação. O time amenizou as pegadas. Foram 27,6 infrações neste Brasileirão, contra 29,7 cometidas no ano passado. Outros números mostram a decadência da equipe, como, por exemplo, a queda no aproveitamento de passes e nos desarmes. A média de gols marcados caiu de 2,19 para 1,46.
Time
Enquanto a diretoria do Atlético tenta encontrar as explicações, o técnico Abel Braga tenta juntar os cacos para o time sair de maneira honrosa do campeonato brasileiro. A despedida será no domingo, às 17 horas, contra o Juventude, na Arena. Sem poder contar com quatro jogadores devido a suspensões e outros contundidos, o treinador vai ter que quebrar a cabeça para montar uma equipe para pôr em campo. A única boa notícia é o retorno do meia Adriano.
O lateral-esquerdo Fabiano, o volante Douglas Silva e o atacante Dagoberto cumprirão suspensão automática devido aos cartões vermelhos recebidos em Belo Horizonte. O mesmo acontece com o meia Kléberson (que hoje vai ser convocado para a seleção brasileira), que recebeu o terceiro amarelo e também já pode antecipar as férias. O outro problema de Abelão é uma contusão na coxa direita de Cocito e uma torção de tornozelo de Ivan. Dois jogadores que ele ainda não sabe se poderá contar para esta partida.