Numa tarde inspirada do goleiro Cléber, o Atlético mandou o Palmeiras mais para o fundo do poço e sai para o recesso da Copa do Mundo respirando um pouco mais aliviado no Brasileirão. Depois de jogos com ataque ineficiente e defesa errando demais, desta vez foi o contrário. Ontem, atuando em casa, os gols voltaram a sair com naturalidade e a zaga segurou o ímpeto dos paulistas. Com os 2 a 0, o Rubro-Negro subiu uma posição, ficando agora na 13.ª e sai para dez dias de férias antes do retorno aos trabalhos. O próximo compromisso na competição será o Fortaleza, apenas no dia 12 de julho, também no Joaquim Américo.
?Nós estamos devendo para nossa torcida, mas vamos fazer tudo por uma vitória?, disse o técnico Givanildo de Oliveira antes da partida. E parece que o recado foi bem assimilado pelos jogadores. Após dois meses de turbulência, o Furacão conseguiu o objetivo de conquistar sete pontos em três jogos. Não foi só isso.
Não é nada, não é nada e já são três partidas sem perder. ?Nossa situação seria boa se tivéssemos 16, 17 pontos?, justificou o treinador, que preferia sair de férias com, pelo menos, 50% de aproveitamento. O Atlético fechou esta fase com 13 pontos, e 43% de aproveitamento.
Se não deu para conseguir a média desejada, o time já dá mostras que reengrenou. Melhor organizado, principalmente na defesa, sofreu vários ataques do Verdão, mas os atacantes do Palmeiras pararam na boa marcação e nas excelentes defesas de Cléber. Com os pés ou com as mãos, o goleirão salvou a pátria depois de chutes perigosos de Enílton, Michael, Róger e William. Sorte do Atlético, azar do Palmeiras. Enquanto o arqueiro rubro-negro esteve bem, Sérgio deu uma mãozinha para a festa nas arquibancadas.
Após um petardo de Fabrício cobrando falta, o goleirão bateu roupa, Danilo tentou marcar, mas chutou errado. Ou certo, porque a bola foi no queixo de Alan Bahia e entrou. Atlético 1 a 0. Na segunda etapa, o ataque continuou sem funcionar muito. Mas Alan Bahia, vice-artilheiro do time na campeonato, agora com quatro gols, cabeceou uma bola na trave. Isso até Ferreira achar Evandro livre para fazer o segundo. Após Sérgio defender o primeiro chute, o meia caprichou mais e mandou no ângulo, para delírio dos quase 14 mil pagantes. Atlético 2 a 0. Foi o segundo gol de Evandro no Brasileirão.
Torcida aplaude de pé o camisa 1
Deve ter sido de tanto gritar com a zaga. A rouquidão do goleiro Cléber mostrou o quanto ele teve que trabalhar na vitória de ontem sobre o Palmeiras por 2 a 0. Graças a ele, o Atlético garantiu mais uma vitória no Brasileirão e entra em ?férias? com tranqüilidade. ?Quando a equipe está em maus lençóis, o goleiro tem que estar lá para ajudar?, apontou. E ele estava lá mesmo, tanto que os quase 14 mil torcedores cantaram o nome do atleta em alto e bom som no Joaquim Américo.
?Não tenho palavras. É um reconhecimento do trabalho e hoje (ontem) pude ajudar o Atlético, fizemos um grande jogo e todos estão de parabéns?, disse, emocionado. Para Cléber, agora é só manter o ritmo. ?Estamos começando a embalar no campeonato. Essa vitória foi importantíssima e, em três jogos, conseguimos duas vitórias e um empate?, afirmou.
De acordo com ele, o que fez a diferença para o resultado foi a tranqüilidade. ?O Palmeiras não está jogando mal e sim estão tendo um pouco de falta de tranqüilidade. Eles são uma grande equipe e nós tivemos essa tranqüilidade, eles vieram com tudo para cima e nós soubemos segurar as investidas deles?, analisou. Ele voltou a lembrar o quanto é importante ter uma seqüência de jogos, o que não acontecia nos tempos de Lothar Matthäus. ?Goleiro é uma posição de segurança. No começo do ano, não tínhamos essa seqüência, mas isso era o método de trabalho do Lothar e, agora, nós recuperamos essa auto-estima para ajudar o Atlético?, finalizou.
CAMPEONATO BRASILEIRO
10.ª Rodada
Local: Joaquim Américo
Árbitro: Luiz Antônio Silva Santos (RJ)
Assistentes: Marcelo Fonseca Duarte e Élson Passos Silva F.º (RJ)
Gol: Alan Bahia aos 45 do 1.º tempo; Evandro aos 32 do 2.º tempo
Cartão amarelo: Danilo, Alceu, Alex, Michael, Daniel, Alan Bahia, Cléber
Renda: R$ 237.242,50
Renda líquida: R$ 126.764,35
Público pagante: 13.690
Público total: 15.763
Atlético 2 x 0 Palmeiras
Atlético
Cléber; Danilo, Alex e Paulo André; Jancarlos, Alan Bahia, Erandir, Fabrício (Pedro Oldoni) e Moreno; Ferreira e Dênis Marques (Evandro).
Técnico: Givanildo de Oliveira
Palmeiras
Sérgio; Amaral, Daniel, Thiago Gomes e Márcio Careca; Alceu, Róger Bernardo (Reinaldo), Wendel e Michael (Róger); Alex Afonso e Enílton (William).
Técnico: Tite
Novela Dagoberto muito perto do tapetão
Apesar da renovação de contrato do atacante Dagoberto ter virado novela e vir se arrastando há muito tempo, a diretoria do Atlético espera que o jogador aceite a prorrogação de contrato de maneira amigável. Caso contrário, o clube ameaça ir para a Justiça para tentar manter o jogador, apesar de ainda não saber ao certo de quais armas dispõe. Mesmo com contrato até 23 de julho do ano que vem, em princípio, um dispositivo da legislação permite que o atleta deposite apenas 20% da multa rescisória um ano antes do fim do vínculo e fique livre do Rubro-Negro.
?A interpretação das normas jurídicas depende da avaliação de quem as aplica e o Atlético entende que existe amparo legal sim para sua postulação (de prorrogação do vínculo pelo período que Dago esteve se recuperando de lesão)?, ameaça João Augusto Fleury da Rocha, presidente do Furacão. Mesmo assim, o dirigente acredita que o atacante possa resolver essa questão de forma consensual com o Rubro-Negro. ?Nós estamos esgotando todos os meios para chegar a essa solução, que é de maior interesse para o clube e a torcida?, apontou.
Caso contrário, a batalha nos tribunais deverá começar. ?Se ele quiser exercer uma possível prerrogativa que vislumbra na lei, essa questão será discutida no momento oportuno?, revelou. De acordo com Fleury, a diretoria conversa com o jogador desde o final de 2005. ?Até hoje, isso não foi obtido por força de certas circunstâncias que envolvem o interesse financeiro do atleta e de seus procuradores e não permitiu a solução imediata. Esperamos que, nos próximos dias, essa solução esteja consolidada?, finalizou.
Desde que trocou de procurador e assinou com a Massa Sports, Dagoberto vem se atritando com a diretoria. Aliado a suas seguidas contusões e a poucas atuações esse ano, vem gerando uma série de especulações sobre seu destino após o dia 24 de julho. Pela lei, ele pode depositar US$ 5,4 milhões – R$ 11,8 milhões (a multa no momento é de US$ 27 milhões – R$ 59,4 milhões) e ir para onde quiser. Em São Paulo, se fala em Palmeiras, São Paulo e até Corinthians como destino no segundo semestre. Como o atacante só atuou em 2 jogos pelo Brasileirão, poderá se transferir para outro clube do País e continuar jogando sem problemas.
Na França – O Atlético confirmou ontem a negociação do lateral-esquerdo Michel Bastos com o Lille, da França.
