Ciciro Back |
Numa noite pra lá de inspirada, o Furacão atual humilhou o Iguaçu por 8 a 1 e igualou o recorde do time de 49. |
16 de fevereiro de 2008. Dia em que União da Vitória ficou tomada de vermelho e preto e entrou para a história do Atlético. No Estádio Antiocho Pereira, lotado, o time da Baixada jogou muita bola para vencer o Iguaçu pelo elástico placar de 8 a 1 e alcançar a 11.ª vitória consecutiva no Campeonato Paranaense.
Com o triunfo no campo do adversário, o atual elenco imortaliza-se na galeria de feitos atleticanos e iguala-se ao lendário time do Furacão de 1949 que, até a noite de ontem, era o detentor do recorde da maior seqüência de vitórias na competição estadual. Apesar da alegria de equiparar uma marca expressiva no futebol paranaense, a conquista deixou um gostinho de quero mais àqueles que viajaram ao sul do Estado para apoiar o time do coração e também a todos que compõem a delegação (comissão técnica, dirigentes e jogadores). Mas esse ?algo a mais? poderá ser alcançado já na próxima quarta-feira, quando o Atlético enfrenta o Cianorte, em Curitiba, e terá a possibilidade de quebrar o recorde que perdura por quase seis décadas. E desta vez, para tão importante conquista, o local não poderia ser outro senão o templo rubro-negro de tantas glórias, a Arena da Baixada, palco ideal para promover o reencontro entre passado e presente e para reescrever a história.
Todo o clima que envolvia o jogo entre Iguaçu e Atlético foi relegado a segundo plano, pois o mais importante no confronto era o resultado final. No entanto, quem compareceu ao estádio pôde acompanhar uma partida bastante movimentada no
1.º tempo e um Atlético arrasador na etapa final.
O Rubro-Negro foi pra cima e logo aos 12 minutos abriu o placar numa jogada de bola parada. Escanteio cobrado por Netinho e Danilo completou de cabeça. Após o gol, o Furacão recuou e deu muito campo para o adversário, que cresceu com o incentivo de seu torcedor. O Iguaçu criou chances com Rondinelli e Tom, que acertaram bons chutes, assustando Vinícius. Mas aos 31?aconteceu o empate numa bela tabela entre Rondinelli e Valdeci. O camisa 10 (Rondinelli) driblou a zaga atleticana e bateu na saída do goleiro rubro-negro. Depois do empate, o jogo ficou morno, mas num chute de longe de Irênio, aos 39, o Furacão ampliou e ganhou tranqüilidade para que Ney Franco posicionasse melhor sua equipe.
A etapa final começou debaixo de chuva e o Furacão soprou forte. Em seis minutos, o Rubro-Negro acabou com as pretensões do time da casa. Netinho marcou de falta e Willian completou um cruzamento de Nei. Com o jogo sob controle e com o adversário batido em campo só restou ao Atlético golear.
E assim foi feito. Claiton tirou seu marcador pra dançar e fez um golaço. Depois o zagueiro Antônio Carlos fez mais dois de cabeça e Marcelo Ramos, artilheiro do campeonato, também deixou sua marca.
Com o placar de 8 a 1, o Atlético 2008 fez uma bela homenagem ao Furacão de 49, time acostumado a vencer por goleada, numa data tão especial para o clube rubro-negro.
Bons ares da antiga
Estar nas dependências do Antiocho Pereira fez com que muitos atleticanos voltassem no tempo e lembrassem como era bom torcer e comemorar uma vitória na velha Baixada. Isso porque grande parte dos equipamentos do modesto estádio do Iguaçu (cadeiras, cobertura, alambrados e até postes de iluminação) fizeram parte da história rubro-negra até 1986, quando o clube de União da Vitória comprou a estrutura do antigo estádio atleticano, que foi demolido para a construção de um mais moderno.
Assim, a festa feita pelos fanáticos torcedores que invadiram o sul do Estado não poderia ser mais caseira, pois foi como reviver os tempos áureos do velho caldeirão atleticano.
Grande parte dos torcedores vieram com condução própria e era muito comum encontrar pelas ruas de União da Vitória carros com bandeiras rubro-negras. Os ônibus com os integrantes da torcida organizada Os Fanáticos só chegaram poucos minutos antes do início da partida e fazendo muito barulho. Mais uma vez o espaço destinado ao torcedor rubro-negro foi completamente tomado.
Mas o torcedor do Iguaçu também fez bonito, lotando as dependências do Antiocho Pereira. E aos gritos de ?Iguaçuzão? incentivou a sua equipe o quanto pôde. Mas o time azul e amarelo perdeu todo o gás na etapa final e foi goleado.
Para o atleticano, o reencontro com a velha Baixada não poderia ter sido melhor. (CB)
Muita festa em União da Vitória, mas ainda não é suficiente
Ciciro Back |
Danilo abriu o caminho da |
Satisfeitos com o resultado e perto de entrar de vez para a história do Atlético. Mas sem esquecer que o objetivo mais importante é buscar o título do Estadual. Esse foi o reflexo da maioria das entrevistas que os jogadores do Rubro-Negro deram ontem após a goleada de 8 a 1, em cima do Iguaçu, em União da Vitória. ?Estamos levando a sério o campeonato. Desde o seu início e isso nos possibilita sonhar com o título. É ainda um objetivo distante, mas que se ganha jogo a jogo?, afirmou o zagueiro Danilo, que voltou a fazer uma boa partida e ainda de quebra marcou o primeiro dos oito gols do time na partida de ontem. Foi o terceiro de Danilo na competição.
Para o zagueiro, o Atlético teve algumas dificuldades no 1.º tempo. ?Eles também fizeram boas jogadas e criaram algumas chances. Mas felizmente tivemos melhor qualidade no 2.º tempo?, completou Danilo.
O goleiro Vinícius disse que o resultado de ontem é mérito de todo o grupo do Atlético. ?Estamos trabalhando sério desde o dia 3 de janeiro, quando iniciamos a pré-temporada. Nosso elenco é muito forte e estamos mostrando isso nesta campanha. Nada vem por acaso?, disse o goleiro destacando também o papel do treinador Ney Franco. ?Ele tem nos passado tranqüilidade e mostrado como encaixar bem o time diante dos adversários?, elogiou Vinícius.
Sobre o próximo jogo, quando poderá quebrar o feito do time de 1949, que ganhou também 11 partidas consecutivas no Estadual, o goleiro do Rubro-Negro disse que ?será uma marca que deverá contar com o apoio da torcida?. ?Acredito que teremos um bom público na Baixada. Temos que devolver com uma nova vitória todo esse carinho e força que a torcida tem nos dado?, espera Vinícius.
Ney quer Arena lotada
Sobre a seqüência de 11 vitórias, igualando o feito do time de 1949, Ney Franco disse que ?essa é uma marca que talvez leve 20, 30 anos para ser novamente conquistada?. ?Talvez possamos bater essa marca na próxima quarta-feira. Mas disse para os jogadores que estávamos sendo cobrados para chegar a ela. A partir de amanhã (hoje), a cobrança será pela 12.ª vitória.?
E o treinador já aproveitou para convocar a torcida para acompanhar a partida de quarta-feira, 20h15, contra o Cianorte na Baixada. ?Vamos recuperar os jogadores e trabalhar agora para fazer uma boa apresentação em casa, talvez com 20, 25 mil torcedores. Não podemos decepcionar o nosso torcedor?, afirmou Ney Franco. (CB)
Negócio?
Jancarlos sequer viajou para União da Vitória e criou uma grande expectativa sobre uma possível venda. No início da semana, o Corinthians demonstrou interesse na aquisição do jogador, porém o técnico Ney Franco afirmou que seria difícil o Atlético negociar com um clube nacional. Pela versão oficial, o ala-direito sentiu dores na região lombar e, por isso, não viajou. Porém, o atleta deveria ter iniciado tratamento no CT do Caju, na sexta-feira, mas não apareceu.
Fiasco
Decepcionante foi o sistema de som para tocar os hinos do Brasil e do Paraná. Foram colocadas caixas de som em uma camionete ao lado do gramado, mas o som pouco ecoou, deixando os torcedores sem escutar nada.
Estréia
O jovem Pimba fez a sua estréia no elenco profissional do Atlético. Ele é o quarto garoto a jogar na temporada com Ney Franco. Os outros ex-juniores foram Choco, Eduardo Salles e Renan.
Estréia 2
Irênio teve muito o que comemorar na partida de ontem. O meia não fazia uma boa partida, mas arriscou de fora da área e marcou seu primeiro gol com a camisa rubro-negra. O gol deu tranqüilidade à equipe, que estava sendo pressionada pelo Iguaçu.
O treinador Ney Franco mostrou mais uma vez equilíbrio na leitura do jogo. Mesmo com um placar elástico – 8 a 1 em cima do Iguaçu, o comandante rubro-negro tratou de não menosprezar o adversário. ?Foi isso que pedi para os jogadores. Que buscássemos o gol, independente do placar. E isso foi feito?, disse o técnico na coletiva após a partida no Antiocho Pereira, em União da Vitória.
Sobre o comportamento distinto entre o 1.º e 2.º tempo, Ney Franco disse que a equipe relaxou um pouco após abrir o placar. ?Isso não pode acontecer. Fizemos 1 a 0 e até os 20 minutos, poderíamos ter feito mais dois gols. Começamos a perder a bola, errar no meio-campo, e o Iguaçu aproveitou para empatar. Mas o Irênio acertou um belo chute, e nos deixou em vantagem?, analisou o treinador lembrando que isso ajudou a acertar melhor ainda o time para o 2.º tempo, ?quando o time jogou com mais seriedade?.
Iguaçu
Rudi; Erivélton, Carlão, Evandro e Valdecir; Edno, Rondinelli (Rogério), Dinho e Jakcon (Jorge Luís); Tom (Netinho) e Linha. Técnico: Toninho Paraná.
Atlético
Vinicius; Antônio Carlos, Alex Fraga (Matheus) e Danilo; Nei, Alan Bahia, Claiton (Pimba), Irênio e Netinho (Piauí); Willian e Marcelo Ramos. Técnico: Marcelo Ramos.
Gols: Danilo , aos 12 minutos, Rondineli , 31? e Irênio , 39? do 1.º tempo; Netinho , 4?, Willian , 6?, Claiton , 20?, Antônio Carlos 23? e 26? e Marcelo Ramos , 34?min.
Cartões amarelos: Erivelton, Edno, Rogério, Jorge Luís e Linha e Alex Fraga.