O Atlético se prepara para fazer hoje o seu "La Ollazo", uma espécie de "Maracanazo" ao contrário. A casa vai estar lotada para assistir o Cerro Porteño, mas o Rubro-Negro quer estragar a festa dos paraguaios e levar para Curitiba a vaga para as quartas-de-final da Copa Libertadores.
Assunção, Paraguai – Apesar dos altos e baixos da equipe nos últimos jogos, a possibilidade de conquistar a América está deixando o ambiente mais alegre enquanto Antônio Lopes não assume a equipe. A partida contra o El Ciclón está programada para às 18h15.
"Os uruguaios não fizeram o seu maracanazo, como eles chamam, porque não podemos fazer o mesmo aqui?", questionou Borba Filho, ainda no comando interino do Atlético. Para ele, a excessiva confiança dos paraguaios para este confronto deverá garantir uma vantagem ao Rubro-Negro. A referência é a mesma da final da Copa de 1950, quando os brasileiros cantaram vitória antes do tempo e se deram mal. "Eu me lembro que fomos para o primeiro jogo desacreditados e, agora, vamos explorar a necessidade deles terem que ganhar o jogo", apontou.
A palavra de Borba parece se completar a dos jogadores. Apesar da vitória na primeira partida por 2 a 1, o empate não está sendo bem visto no Yacht y Golf Club (local de concentração e treinamentos na estada em Assunção). "Vamos tentar trabalhar a bola, marcar a saída de bola, sair nos contra-ataques, mas sempre procurando os gols", antecipou o meia Lima. Ele alerta que o fato de a torcida lotar o estádio não garante uma maior pressão sobre o Furacão. "Se a gente impor o nosso ritmo, a gente pode até complicar um pouco e levar o torcedor contra o time deles", avisou.
E torcedor é o que não vai faltar no Estádio La Olla ou a panela, segundo tradução do zagueiro Baloy. Ele já atuou no local e sabe da pressão que a torcida impõe. "Eles gritam o tempo todo", revelou. Na partida de hoje, 25 mil ingressos foram colocados à venda e quase todos já foram vendidos. O mais barato custava R$ 4,00 e o mais caro R$ 11,00. Apesar do grande carinho pelo povo brasileiro e pelo futebol, os paraguaios confiam na raça para poderem seguir em frente no torneio.
Nas ruas, o clima é de confiança no Cerro, principalmente devido ao campeonato local. O Azulgrená é líder disparado e deverá ser novamente campeão e se garantir mais uma vez na disputa da Libertadores. É justamente aí que o Atlético quer explorar para garantir a vaga e realizar a melhor campanha na competição nas três vezes em que esteve na disputa.
Muitos treinos de penalidades
Ninguém quer levar a decisão da vaga para os pênaltis, mas se for preciso, o que não vai faltar é experiência. E bem recente. Depois de ganhar o título do Campeonato Paranaense nas cobranças dos tiros livres, o Atlético se vê na possibilidade de repetir o feito, desta vez valendo presença nas quartas-de-final da Copa Libertadores da América. No trabalho de ontem, as cobranças foram ensaiadas, mas somente hoje é que o técnico Borba Filho irá definir os cobradores.
"Espero que não chegue aos pênaltis, mas o que eu quero é vencer, não importa a maneira", disse o goleiro Diego. Segundo ele, a experiência da final do estadual deverá melhorar a confiança da equipe. "A tendência é sempre melhorar. Estamos mais experientes e isso é muito importante", apontou. De suas mãos poderá sair a vaga. "Mas, a responsabilidade é sempre de quem bate, mas quem ganha são todos", pondera.
No trabalho de ontem pela manhã no hotel (aberto somente para a imprensa brasileira), os jogadores treinaram penalidades e algumas jogadas ensaiadas. "Repassamos lances em relação ao adversário e ao nosso comportamento defensivo e ofensivo. Algumas jogadas foram preparadas para tentar surpreender o Cerro", revelou Borba. Após o trabalho, ele reuniu os jornalistas, cinegrafista e fotógrafos presentes para agradecer o apoio e repetir que estava nessa função apenas para ajudar o clube enquanto um novo treinador não era contratado.
De qualquer forma, ainda sob sua batuta, ele não deverá fazer grandes alterações na equipe. O lateral-direito Jancarlos treinou normalmente e vai para o jogo. O restante da equipe é o mesmo que enfrentou o Internacional, no domingo. No final da tarde de ontem, a delegação foi ao "La Olla" apenas para conhecer o gramado e nada mais.
COPA LIBERTADORES DA AMÉRICA
Oitavas-de-final jogo de volta
Local: La Olla (Assunção)
Horário: 18h15
Árbitro: Óscar Ruiz (Fifa-COL)
Assistentes: Dember Perdomo (Fifa-COL) e Eduardo
Cerro Porteño x Atlético
Cerro Porteño
Acevai; Báez, Sarabia, Espínola e Alvarez; Fretes, Grana, Domingo Salcedo e Dos Santos; Santiago Salcedo e Romero. Técnico: Gustavo Costas
Atlético
Diego; Jancarlos, Baloy, Marcão e Marín; Cocito, Alan Bahia, Fabrício e Rodrigo Almeida; Lima e Cléo. Técnico: Borba Filho
Em Curitiba, Antônio Lopes prega união
É hora de união. A primeira entrevista oficial de Antônio Lopes como técnico do Atlético foi uma pregação da unidade entre diretoria, comissão técnica, jogadores e torcida, em um momento delicado do clube. Na véspera da partida decisiva pela Libertadores, o Delegado disse que acredita na recuperação da equipe na temporada -e confirmou que já conversou com a diretoria sobre possíveis reforços.
Lopes, que viveu problemas com a torcida do Coritiba em parte de sua passagem pelo Alto da Glória, deixou claro que conta com a ajuda dos atleticanos para fazer a equipe crescer. "Já passei por situações semelhantes. E nesta hora a torcida vai me ajudar e ajudar o Atlético", afirmou.
Mas o Delegado sabe que o Atlético tem carências, tanto que nas primeiras conversas com o presidente João Augusto Fleury da Rocha possíveis contratações foram citadas. "Já falamos sobre este assunto", confirmou Lopes. Mota (Sporting), Kléber (América do México), o colombiano Ferreira (América de Cáli), Adriano (Atlético Mineiro) e o paraguaio Arce foram citados ontem como possíveis reforços rubro-negros.
"Inimigo"
O Delegado também comentou o fato de seu filho, Antônio Lopes Júnior, permanecer como auxiliar técnico do Coritiba. "Isso não tem nada a ver. Ele é meu filho, mas é um profissional. No jogo ele vai ser meu inimigo", resumiu. "A partir de agora, vou defender o Atlético com unhas e dentes, como fiz em todos os clubes que defendi", completou.
Lopes Júnior, em coletiva no CT da Graciosa, lembrou que não foi para o Coritiba junto com o pai. "Eu estava treinando o Olaria, e o clube me chamou para trabalhar aqui. Dos meus nove anos de carreira, somente em dois eu fui auxiliar do Antônio Lopes", afirmou ele, que na segunda conversou com o técnico Cuca e com o presidente Giovani Gionédis, que afirmaram que não haveria problemas na permanência dele no Coxa.