O inferno astral do Atlético continua e não dá nenhuma mostra de que vai acabar nos próximos dias. Da mesma forma que foi eliminado do Paranaense e na Copa do Brasil, o Rubro-Negro estreou no Brasileirão: jogando mal, tomando vaia em pleno Joaquim Américo, a diretoria discutindo com a torcida e com o acréscimo do treinador Givanildo de Oliveira já estar sendo chamado de ?burro?. Este foi o resumo da derrota por 2 a 1 para o Fluminense, ontem. Para piorar, na seqüência da competição, o Furacão sai para enfrentar os campeões paulista e carioca, Santos e Botafogo nas próximas rodadas.
E olha que o técnico atleticano prometia muita competitividade contra o Flu. O time até mostrou alguma, mas apenas em poucos minutos. No início e no final. Parecia uma outra equipe quando o árbitro Alício Pena Jr. trilou o apito. O Rubro-Negro partiu para cima e os quase 8 mil pagantes acreditaram no fim da má fase. Evandro e Alan Bahia tiveram boas oportunidades e fizeram o goleiro Fernando Henrique sujar as roupas. Isso em 11 minutos.
Daí parou e ficou olhando o Flu crescer e chegar ao gol, com Marcelo.O ala-esquerdo recebeu o passe de Lenny, não deu chance para a defesa e tocou na saída de Cléber. O Rubro-Negro perdeu o rumo e começou a fazer faltas e erras passes demais, e só não sofreu mais gols porque o goleiro do Furacão estava bem e fez defesas importantes. ?Falta equilíbrio?, disse Givanildo, no intervalo. Só isso? ?Temos que jogar, mas com organização?, opinou Paulo André. Para não deixar as coisas como estavam, entrou Fabrício no lugar de Moreno.
Melhorou o time? Não! Em poucos minutos, saiu o segundo gol, com o toque do craque Petkovic, que armou o contra-ataque com Tuta, que deixou Rogério na cara de Cléber. Caixa. Na seqüência, a bola bateu na mão de Marcelo dentro da área. O árbitro mandou seguir. Pior para Jancarlos, que fez falta boba no ataque e foi para o chuveiro mais cedo. E não é que o Furacão voltou a soprar! Com Fabrício jogando bem, William no lugar de Dênis Marques e Válber substituindo Ferreira, o time funcionou.
E mesmo com Givanildo sendo chamado de ?burro? pela mudança. As jogadas começaram a sair com maior freqüência e o goleiro tricolor começou a sentir a pressão. Cada bola em direção à sua meta, era um rebote certeiro. E, quando Fabrício acertou um petardo cobrando falta, Pedro Oldoni estava lá para conferir. O goleirão continuou soltando tudo, mas ninguém mais aproveitou, ou quando aproveitou, a bola foi para fora. A torcida apoiou, empurrou, sonhou com o empate, mas ele não veio. Com mais uma derrota, as vaias foram inevitáveis, mais uma vez.
Técnico não vê solução a curto prazo para o atual elenco
O Atlético perdeu mais uma vez porque está emocionalmente abalado? Ou seria porque os reforços não chegaram? Ou ainda porque o time não faz aquilo que é treinado? Para o técnico Givanildo de Oliveira, tudo isso ao mesmo tempo está atrapalhando o Rubro-Negro em seu inferno astral. Já são 42 dias sem vitória e 66 sem saber o que é conquistar três pontos em pleno Joaquim Américo. Tempo demais para o treinador, que já sente a batata assar e quer pressa na resolução dos problemas.
?Eu acredito que o time está sentindo, sim. Nós fizemos 15 minutos bons, mas tomamos e dali foi um desastre. Desandou, ninguém se encontrou mais e uma explicação para isso é esse lado emocional?, arriscou. Questionado sobre o que é treinado no CT do Caju, que a imprensa não pode ver, e sobre o que é colocado em prática, Givanildo concordou que o ?buraco? é mais embaixo. ?Não é só pelo lado emocional que você ganha ou deixa de ganhar uma partida. Você precisa de outras coisas para ganhar o jogo, como marcar bem?, filosofou.
De acordo com ele, o time teve determinação e vontade, mas só isso é muito pouco para encarar um Campeonato Brasileiro. ?Você tem que saber finalizar, sair na frente no placar, tem que marcar melhor, nós erramos e estamos pagando por isso. O Fluminense acertou mais?, admitiu. Solução? ?Eu falei que nós precisávamos de algumas posições, recentemente perdemos o Rodrigão, quer dizer, estamos esperando o Dagoberto e o Ivan. São situações no momento que temos que trabalhar e esperar pelos reforços?, apontou.
Como a perspectiva não é da chegada de contratações, o treinador deverá seguir com o que tem nas mãos e até ouvir gritos de ?burro? nas arquibancadas. ?É uma coisa natural. Eu só queria que eles refletissem. Naquele momento, o Ferreira não estava bem. Nesse jogo, se pudesse fazer seis ou sete alterações, eu faria?, revelou. De qualquer forma, Givanildo já sentiu que a paciência dos torcedores está no limite. ?Eu não tenho muito tempo não e eu sou apressado para algumas coisas. Futebol no Brasil, infelizmente, é assim. Você não tem muito tempo para ficar, tem que ser rápido, com contratações, arrumar o time e começar a ganhar, senão fica complicado?, finalizou.
CAMPEONATO BRASILEIRO
1.ª Rodada
Local: Estádio Joaquim Américo
Árbitro: Alício Pena Jr. (Fifa/MG)
Assistentes: Helberth Costa Andrade (MG) e Rodrigo Otávio Baeta (MG)
Gol: Marcelo aos 16 do 1.º tempo; Rogério aos 3 e Pedro Oldoni aos 30 do 2.º tempo
Cartão amarelo: Arouca, Petkovic, Paulo André, Róger, Evandro, Marcelo, Romeu
Expulsão: Jancarlos
Renda total: R$ 115.832,50
Renda líquida: R$ 42.229,43
Público pagante: 7.724
Público total: 9.164
Atlético 1 x 2 Fluminense
Atlético
Cléber; Jancarlos, Danilo, Paulo André e Moreno (Fabrício); Alan Bahia, Erandir, Evandro e Ferreira (Válber); Dênis Marques (William) e Pedro Oldoni. Técnico: Givanildo de Oliveira
Fluminense
Fernando Henrique; Thiago Silva, Thiago e Róger; Rogério, Marcão, Arouca (Romeu), Petkovic e Marcelo; Lenny (Cláudio Pitbull) e Tuta (Evando). Técnico: Oswaldo de Oliveira