Atlético enfrenta o River e vive um dia histórico

O Atlético disputa hoje à noite uma das mais importantes partidas de sua história. Às 19h15, em Buenos Aires, o Furacão encara o River Plate, pelas oitavas-de-final da Copa Sul-Americana.

É a primeira vez que a equipe rubro-negra enfrenta um clube da Argentina e a expectativa da torcida é de mais uma boa participação atleticana em um torneio internacional.

O time que vai entrar em campo no Monumental de Nuñez é o mesmo que atuou nas últimas quatro partidas.

O técnico Vadão teve dificuldades para treinar a equipe. Na segunda-feira, a programação previa uma atividade em um centro de treinamentos. Mas o trabalho com bola teve que ser cancelado, pois o local não tinha iluminação e o péssimo estado do gramado poderia pôr em risco os atletas. Mas ontem o treino aconteceu normalmente, no estádio do Vélez Sarsfield, e Vadão confirmou a escalação.

Para armar o time, Vadão conta com as informações do coordenador técnico Borba Filho, que está desde a semana passada em Buenos Aires, observando o River.

Ele repete o trabalho feito na Libertadores de 2005, quando montou os perfis de todos os adversários internacionais do Furacão, ajudando o clube a chegar à decisão contra o São Paulo. ?Assisti às últimas partidas, contra Colón e Gimnasia, inclusive do time que jogou a preliminar, que seria como um time aspirante. Os jornais daqui têm o costume de desenhar esquemas táticos das equipes. Peguei um gráfico que tinha o posicionamento do River nas últimas sete rodadas?, revela.

Conhecendo bem o adversário, os jogadores estão confiantes em um bom resultado. Um empate não é considerado mau negócio, já que a vaga para as quartas-de-final será decidida na Baixada, no dia 12 de outubro. Mas como o gol fora de casa tem peso maior, balançar as redes hoje é fundamental pros atleticanos.

Além disso, toda a tradição do adversário aparece como mais um fator de motivação. ?É a realização de um sonho enfrentar um time que a gente só via pela televisão. Vamos jogar contra uma equipe de muita tradição e que tem uma torcida que joga junto durante os 90 minutos. Temos que ter tranqüilidade?, diz o goleiro Cléber.

Já o atacante Marcos Aurélio lembra também da rivalidade entre brasileiros e argentinos. ?Mesmo sendo uma disputa entre dois clubes, não deixa de ser um Brasil e Argentina.

Temos de levar a campo o espírito de decisão que tivemos nas últimas partidas?, afirma o artilheiro atleticano.

A torcida rubro-negra também marcará presença em Buenos Aires. Além das excursões organizadas por agências de viagem, um ônibus da torcida Os Fanáticos partiu na manhã de ontem rumo à capital argentina.

COPA SUL-AMERICANA
Oitavas de final ­ jogo de ida
Súmula
Árbitro: Martín Vázquez (URU)
Assistentes: Fernando Cabrera (URU) e Pablo Fandinho (URU)
Local: Monumental de Nuñez, em Buenos Aires (Argentina)
Horário: 19h15

RIVER PLATE x ATLÉTICO

River Plate
Lux; San Román, Nasutti, Gerlo e Mareque; Augusto Fernández, Sambueza, Sosa e Pusineri; Falcao e Farías (Higuaín). Técnico: Daniel Passarella.

Atlético
Cléber; Jancarlos, Danilo, João Leonardo e Michel; Marcelo Silva, Erandir, Cristian e Ferreira; Marcos Aurélio e Denis Marques. Técnico: Vadão.

Primeiro confronto contra Passarella

Além de estrear contra uma equipe da Argentina, o Atlético enfrenta pela primeira vez hoje o técnico Daniel Passarella. O ex-zagueiro da seleção portenha já trabalhou no Brasil, dirigindo o Corinthians, no ano passado. Mas não chegou a enfrentar o Furacão.

A rápida e conturbada passagem de Passarella pelo clube paulista terminou justamente na partida anterior ao primeiro confronto do Timão contra o Atlético.

O treinador argentino foi demitido após a derrota de 5 a 1 para o São Paulo. Quem assumiu, foi Márcio Bittencourt, que comandou a vitória de 2 a 1 sobre o Furacão, na Baixada, no dia 15 de maio.

Bittencourt seria demitido quatro meses depois. Para seu lugar, o Corinthians foi buscar justamente o então treinador do Atlético, Antônio Lopes, que levaria o time paulista ao título do Brasileirão.

Pela telinha também

O canal de TV por assinatura FX confirmou ontem a transmissão ao vivo da partida entre Atlético e River Plate. O jogo não constava na grade de programação da emissora e torcedores atleticanos chegaram a enviar pela internet pedidos para que o canal transmitisse o confronto, histórico para o Furacão.

Para quem não tem acesso ao canal pago, a opção é acompanhar o jogo pelo rádio. Como a partida começa no horário do programa A Voz do Brasil, as emissoras poderão transmitir apenas o segundo tempo. Mas pela internet é possível ouvir o jogo na íntegra. O site www.radiobrazil.com.br vai transmitir a partida.

Outra alternativa para os atleticanos é acompanhar ao duelo entre River e Furacão na sede da torcida Os Fanáticos. A organizada está preparando uma grande festa, com chope e churrasco. Para entrar, basta estar vestido com a camisa da torcida. Outras informações pelo telefone 3332-5984.

?Boquenses são nossos?

O colombiano Navarro Montoya é a celebridade do Atlético em Buenos Aires, onde hoje a equipe enfrenta o River Plate pela Copa Sul-Americana. O goleiro é o único que a imprensa platina conhece do clube paranaense e tem aproveitado ser o centro das atenções para conclamar a torcida do Boca Juniors a torcer pelo Rubro-negro. ?Sei do carinho que os boquenses têm por mim e peço que eles estejam com meu time amanhã (hoje)?, disse Montoya.

O goleiro foi questionado por que não é o titular do Atlético e explicou que quando chegou, Cléber já era o dono da posição. Montoya, junto com os demais jogadores do Rubro-negro, treinou na manhã de ontem no estádio do Vélez Sarfield, o José Amalfitani, nos arredores de Buenos Aires. No início da noite, o time fez o reconhecimento do gramado do Monumental de Nuñez.

Professor da Federal tem o coração dividido entre Atlético e River

Julio Tarnowski Jr.

Coração e paixão divididos. Mas torcendo para que Atlético e River Plate façam uma boa partida de futebol. ?Ainda não decidi se assistirei ao jogo. Não quero sofrer mais?, diz brincando o argentino Hugo Mengarelli, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), escritor e diretor de teatro e cinema. Nascido em Rosario,

e tendo passado boa parte da juventude em Buenos Aires, na Argentina, mas morando em Curitiba há 30 anos, Mengarelli é aficionado por futebol e confessadamente apaixonado pelos dois times que se enfrentam hoje no primeiro confronto pela Sul-Americana.

E, como numa história escrita para o cinema, ou teatro, Hugo conta que, ainda pequeno na Argentina, suas primeiras palavras já apontavam para quem torceria. ?Todos esperavam que falasse mamãe. Mas disse River. Todos ficaram espantados?, diz rindo. Já no Brasil, o professor da UFPR quase foi seduzido pelas cores clubísticas de sua ex-mulher, uma mineira que residia em Curitiba.

O próprio Mengarelli fala como aconteceu o fato. ?Fomos assistir a uma partida no Belfort Duarte – hoje Couto Pereira. Era uma tarde de agosto, fazia frio e chuviscava. Ela era torcedora do Cruzeiro, que fez um gol no começo. Gritei gol. Nem sabia direito quem era o outro time. Mas aí pensei: poxa, estou no Paraná, vou morar em Curitiba, e torcer para um clube de Minas Gerais? Fiquei olhando a outra equipe, que lutava pra empatar. E saiu o gol de empate. Gritei gol.

As pessoas que estavam próximas ficaram me olhando, achando engraçado. Disse pra eles: ?Não me perguntem nada?. Gosto de futebol. A partir daquele dia comecei a torcer pelo time que vestia a camisa vermelha e preta. Sou atleticano roxo?, afirma com a convicção de quem já influenciou outras duas gerações. Seus filhos, brasileiros, são rubro-negros, e os netos – um está para nascer nas próximos dias – também. ?Já comprei as roupinhas do novo neto. Tudo é do Atlético?, diz Mengarelli.

Com esses históricos esportivos, o professor diz que não tem como torcer contra ou a favor de um ou de outro. ?Quero que seja uma boa partida de futebol. Precisamos de boas partidas?, conta Mengarelli, apesar de estar desiludido com o momento de ambas equipes. ?Formam um bom time numa temporada e daí vendem os principais jogadores. Não entendo esse comércio dos jovens jogadores?, reclama, citando como exemplo Gonzalo Higuaín, de 18 anos, que já está negociado para o futebol europeu.

Sobre a partida desta noite, no Monumental de Nuñez, Mengarelli acredita que será equilibrada. ?Acompanhei o último jogo do River, contra o Cólon, penúltimo colocado no campeonato argentino. Empatamos nos últimos minutos e perderam uns ?quatrocentos gols?, diz o professor. Coincidência ou não, o Atlético também tem ganho pontos nos minutos finais, assim como alguns jogadores – Dênis Marques por exemplo, têm desperdiçado boas oportunidades de balançar as redes adversárias.

?Não vejo grande diferença entre as duas equipes. Talvez o River vença, por jogar em sua casa e com a sua torcida. Mas não sei se ele conseguirá passar depois pelo Atlético na Baixada?, profetisa Mengarelli. Por via das dúvidas, e tentando esquecer no momento as dores de uma hérnia de hiato cervical, o professor e teatrólogo estará vestindo nesta noite as duas camisas. ?Que ganhe o melhor. E que tenhamos uma boa partida de futebol?, finaliza.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo