Elenco rubro-negro conheceu ontem à noite o estádio Pacoal Guerrero
e aproveitou para avaliar o gramado.

Cali – Mais do que a disputa pela liderança do grupo 1 da Copa Libertadores, o Atlético entra em campo hoje com a missão de escrever mais uma página na história do clube.

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Uma página importante, diga-se de passagem, porque bastou chegar em Cali para que a delegação rubro-negra entrasse no clima da competição internacional. Contra o América, o "Paranaense" tenta consolidar a posição de um dos novos grandes do futebol brasileiro e repetir o futebol apresentado contra o Independiente Medellín. A partida contra os "Diabos Vermelhos" está programada para as 23h30, horário de Brasília, no Estádio Pascoal Guerrero.

"Temos que honrar a camisa do Atlético e representar bem o futebol brasileiro porque, queira ou não, nessas competições, além de estar defendendo a bandeira do clube, também estamos representando o nosso País", aponta o técnico Casemiro Mior. O discurso dele bate com o destaque que a própria organizadora da competição dá para a Libertadores. Em vez de escudos de clubes, a Conmebol coloca a bandeira do país para identificar os participantes. "É isso que nós temos que ter em conta, que é de fazer desse jogo mais uma página na história do clube", continua.

Para tanto, o treinador atleticano espera repetir o mesmo nível de futebol apresentado diante do DIM. "É um jogo em que nós temos a oportunidade de mostrar, principalmente aqui na Colômbia, aquele jogo que nós fizemos de estréia e contra um adversário que nessa temporada tem sido imbatível", diz, se referindo ao América. Experiência para isso não falta a Mior. "Joguei aqui pelo Grêmio e sei das dificuldades. A torcida é muito fanática e pressiona muito", antecipa.

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Os jogadores seguem o pensamento do comandante. "A imprensa colombiana elogiou muito o nosso time após a partida contra o Independiente e o confronto contra o América é um jogo para consolidar o nosso time por aqui", destaca o zagueiro Marcão. Mesmo assim, o salto alto está fora de questão e respeito será uma das armas para passar pelo líder do grupo. "A equipe deles está na liderança e não é por acaso, temos que respeitá-los muito mais, mas sem pensar em levar só um ponto", finaliza o volante/zagueiro Cocito.

Caso vença a partida, o Atlético assume a liderança do grupo 1 com sete pontos e deixa os calenhos em segundo com seis. Com qualquer outro resultado, o rubro-negro permanecerá em segundo lugar. Após esta partida, o time de Casemiro Mior volta a jogar contra o próprio América, dia 14 do mês que vem, na Arena. Após, sai para pegar o Libertad em Assunção (dia 20/04) e recebe o Independiente (dia 10/05).

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Mior ?adota? Lima

O técnico Casemiro Mior comandou ontem o último treinamento da equipe para a partida de hoje contra o América. No gramado do Estádio Pascoal Guerrero, o time realizou, embaixo de pancadas de chuvas, apenas um trabalho físico. O atacante Lima e o lateral-esquerdo Marín serão as novidades da equipe que buscará a liderança do grupo 1 da Copa Libertadores. O restante da equipe será o mesmo que vem atuando pelo torneio internacional.

A expectativa era poder contar com os atacantes Maciel e Aloísio na frente, mas ambos estão lesionados. O primeiro nem viajou para Cali e o segundo, ainda sente dores musculares e só ficará no banco de reservas. Assim, Denis Marques permanece entre os titulares e Lima ganha a vaga que estava sendo ocupada por Jorge Henrique. ?O Lima tem demonstrado uma vontade muito grande, acima de tudo, um comprometimento com o trabalho e esse tem sido um dos fatores que fazem dele um jogador importante para o grupo?, aponta Mior.

O treinador acredita que os gols marcados contra o Iraty estão fazendo a torcida perder a desconfiança em relação ao atacante. ?É importante o torcedor se dar conta de que não é mais o Lima do Coritiba. O Lima está do nosso lado?, diz o treinador. Ele justifica a escalação de Lima pela fase que o atacante está passando. ?O Maciel ficou no Brasil, o Aloísio dificilmente tem condição de jogar desde o início e o Lima, pelo que já fez e pela experiência, merece a condição de titular?, aponta.

Como ontem Aloísio deu apenas voltas ao redor do gramado, Lima ficou sabendo que irá mesmo para a partida. A outra posição, com alguma dúvida, era a ala-esquerda. Fabrício chegou a ser testado na posição, mas vai ceder o lugar para Marín, após este ter cumprido suspensão automática. No restante da equipe, estarão presentes os jogadores considerados titulares.

Em casa, Marín é cicerone e referência

O colombiano Marín pode não ter se firmado definitivamente no time titular do Atlético, mas seus compatriotas não o esquecem. Mesmo tendo atuado apenas pelo modesto Rio Negro, da segunda divisão da Colômbia, e se destacado no Jorge Wilstermann, da Bolívia, bastou o Rubro-Negro chegar em Cali para ele passar a ser um dos mais assediados pela imprensa.

Já passavam das 23h de terça-feira, a delegação atleticana chegava ao hotel da concentração e as duas principais emissoras de tevê do país o esperavam. A Caracol e a RCN queriam saber o que ele esperava da partida contra o América, o que conhecia do adversário e o que sentia ao voltar ao seu país.

?Eu sou um jogador conhecido pelo que fiz na Bolívia e essa ida para o Brasil é um passo importante para mim e por isto este assédio?, analisa Marín. Após ter disputado a Copa Libertadores do ano passado e bem, ele passou até a ser lembrado para integrar a seleção de seu país. ?Esse assédio é bom porque mostra o meu valor e que eu estou numa equipe grande, uma equipe importante e já estou acostumado com esse assédio?, apontou.

América não vive uma boa fase

Cali – O América de Cali entra em campo hoje para acabar com a desconfiança da torcida. Assim como o Atlético iniciou a temporada, o time colombiano fez uma reformulação na equipe e ainda busca um melhor desempenho nas partidas. Apesar da boa campanha na Copa Libertadores, na qual é líder do grupo 1, os "Diabos Vermelhos" estão na última colocação da Copa Mustang, nome do segundo turno do campeonato colombiano.

A expectativa é de que apenas dez mil torcedores paguem ingresso para assistir à partida contra o rubro-negro. Apesar da tradição e dos títulos, o Deportivo Cali (chamado simplesmente de Cali pela torcida e pela imprensa) arrasta mais gente para os jogos, apesar de também não mostrar bons resultados na competição nacional. Nem as quatro vitórias na Libertadores (duas vezes contra o Mineros, uma contra o Libertad e uma contra o Medellín) animam a torcida.

Segundo o repórter da Rádio Super, John Jairo, o América está jogando muito mal. Para se ter uma idéia, o América tem apenas dois jogadores na seleção nacional, mas nenhum deles é titular. O zagueiro Felipe González é o astro da seleção sub-20, mas não tem chances na principal. Já o meia Ferreira, o astro do América, também amarga a reserva na seleção. O primeiro foi barrado para a partida de hoje e Ferreira terá a missão de comandar o time contra o rubro-negro.

Free-shop para amenizar cansaço do "pinga-pinga"

Cali – Se a viagem do Atlético para enfrentar o América era "do corvo", a solução foi apelar para o bom humor, aproveitar o free-shop do aeroporto da Cidade do Panamá ou até registrar o trajeto da delegação em vídeo. Cada um tentou amenizar o cansaço de uma forma no verdadeiro pinga-pinga, que foi a viagem de Curitiba até Cali, na Colômbia. O pior será amanhã, quando os jogadores e a comissão técnica mal terão tempo para dormir e já terão que regressar ao Brasil.

Se na partida em São Paulo, quando a reportagem de O Estado começou a acompanhar o rubro-negro, os ânimos de todos eram de uma turma saindo em excursão, bastou o avião entrar em velocidade de cruzeiro e a circulação de pessoas iniciar pelo corredor para se notar que o gás não era o mesmo para todos. O zagueiro Danilo, por exemplo, passou quase todo o tempo dormindo, outros, como Lima, aproveitaram o vôo para ver filmes em DVDs compactos.

Tentando treinar para um futura carreira de videomaker, o goleiro Diego levou sua câmara para registrar a viagem. Tanto durante o vôo, como na escala na Cidade do Panamá, ele não largou mão de deixar tudo gravado. "Nós vamos ser campeões e vocês vão ter que pagar caro para ter as imagens", brincou, com os repórteres presentes. Questionado se iria gravar momentos mais íntimos, como a preleção do técnico Casemiro Mior, ele garantiu que sim. "Eu vou fazer uma seleção (edição) das imagens porque acho importante guardar esses momentos", revelou.

Enquanto Diego curtia uma de diretor de cinema, o free-shop do aeroporto da Cidade do Panamá foi literalmente invadido pela delegação rubro-negra. O atacante Lima foi direto para uma perfumaria, o atacante Dênis Marques e o volante Rodrigo Souto compraram DVDs e o zagueiro Marcão conferiu alguns óculos escuros para comprar na volta. Na média, os preços do free-shop estavam 30% mais em conta do que no Brasil, mas pesquisas e pechinchas não foram deixadas de lado para se fazer o melhor negócio.

Apesar de ser de apenas 1h15, o trecho entre Cidade do Panamá e Cali foi o mais estressante. Tudo devido à fila para passar pela imigração colombiana, sob os olhos de soldados do exército e um simpático cachorro farejador transitando entre brasileiros, panamenhos, colombianos, argentinos, entre outros querendo entrar na Colômbia. Pelo menos o funcionário estava de bom humor quando reconheceu a delegação do Atlético. "Este é o Paranaense? Pois eu sou América e vamos ganhar", soltou.

Amanhã, a delegação levanta às 5 horas para iniciar a viagem de volta, se é que alguém conseguirá dormir após a partida contra os colombianos. O vôo sai de Cali às 8h03, chega à Cidade do Panamá às 9h23. A delegação faz a escala às 11h15, sempre hora local, e chega a São Paulo às 20h15. A previsão é de que o rubro-negro esteja de volta em Curitiba às 23h10. Ufa!

Esquema de segurança especial

Cali – Se a Copa Libertadores é guerra, o Atlético armou uma verdadeira operação digna de generais estrelados. O clube tem atuado em duas frentes: policiamento ostensivo para a delegação rubro-negra e todos os cuidados necessários para não deixar os jogadores entrarem no oba-oba para a partida contra o América. Por enquanto, parece correr tudo dentro do previsto pelo clube.

Desde a chegada em Cali, o clube passou a ser vigiado pela polícia. Tanto nos deslocamentos da delegação pela cidade, como na porta do hotel e até no corredor onde os jogadores estão hospedados. Além do policiamento, jogadores e comissão técnica têm a proteção da segurança interna do hotel.

COPA LIBERTADORES
2.ª Fase – 3.ª Rodada
Local: Pascoal Guerrero (Cali)
Horário: 23h30
Árbitro: Hector Baldassi

América x Atlético

América
Viafara; Bustos, Quiñones, Elias e Armero; Banguero, Valencia, Villarreal e Ferreira; Chara e Salazar. Técnico: Alberto Suárez

Atlético
Diego; Cocito, Baloy e Marcão; Jancarlos, Alan Bahia, Rodrigo Souto, Fernandinho e Marín; Lima e Dênis Marques. Técnico: Casemiro Mior