O confronto entre Atlético e São Paulo parece não querer terminar. Depois das finais da Copa Libertadores da América e da ?revanche? no Campeonato Brasileiro, o bate-boca de bastidores continua a todo o vapor e a Arena da Baixada ainda corre o risco de ser interditada novamente. Tudo isso devido a mais nova rivalidade do futebol brasileiro, entre os dois clubes, potencializada com uma entrada dura do zagueiro Alex no meia Fabrício e à súmula da partida de sábado, que cita objetos arremessados ao gramado.
Se o tricolor já não era muito benquisto nas cercanias do Água Verde (o clube do Morumbi tem um histórico de confusões entre jogadores, dirigentes e seguranças no estádio do Rubro-Negro), a queda-de-braço para tirar a final do torneio continental da Baixada só agravou o problema. Quando Alex entrou em Fabrício e o atleta do Furacão levou a pior, o presidente do conselho deliberativo Mário Celso Petraglia desceu dos camarotes para o vestiário e explodiu em ira contra os paulistas.
Ele chamou o zagueiro de ?violento? e ?assassino? e acabou sendo xingado pelo médico José Sanchez, do São Paulo. O presidente do clube paulista, Marcelo Portugal Gouvêa, pretende denunciar Petraglia no STJD, mas o dirigente rubro-negro não demonstra preocupação. ?O São Paulo não foi tratado da forma que eles estão dizendo e se fizerem a denúncia terão que provar. Caberá ao tribunal julgar e se couber alguma pena, o Atlético ou minha pessoa humildemente irá cumprir?, apontou.
Se o clube paulista vai mesmo denunciar o Rubro-Negro ou só está garganteando para desviar a atenção sobre sua equipe, que está na zona de rebaixamento, só o tempo dirá. O problema mesmo é a súmula redigida pelo árbitro Wagner Tardelli de Azevedo, que deve levar o Furacão novamente para o banco dos réus. O juiz carioca relatou que um copo e uma bola de tênis foram arremessados ao gramado.
De acordo com Tardelli, a bola partiu do setor inferior da arquibancada aos 40 minutos do primeiro tempo e foi recolhida pelo assistente Leonardo Tavares. O autor do arremesso foi identificado e encaminhado à Delegacia do Adolescente, o que deve amenizar qualquer tipo de punição. O problema mesmo é um copo que apareceu ao lado do banco do São Paulo e que foi entregue pelo goleiro Roger ao quarto árbitro, Marcos Tadeu Silva Mafra.
Na súmula consta que a arbitragem não viu de onde teria surgido esse copo. Pelo sim, pelo não, a simples menção do copo deve levar o clube a julgamento, apesar de quase nenhuma evidência comprovar a origem do objeto. A pena para o clube pode ficar entre um e três jogos em caso de condenação. Se a procuradoria do STJD acatar a denúncia, o Atlético irá para o tapetão nas próximas semanas.
Lopes muda esquema tático pra enfrentar a Macaca
O técnico Antônio Lopes define hoje à tarde o Atlético para enfrentar a Ponte Preta, às 19h30 de amanhã, no Moisés Lucarelli. Sem poder contar com os alas Marcão, André Rocha e Jancarlos e com o meia Fabrício, as novidades deverão ficar por conta de Ticão, Marín, Lima e o esquema 4-4-2. O atacante Dênis Marques poderá figurar no banco de reservas. Após o trabalho no CT do Caju, a delegação do Rubro-Negro segue para Campinas, onde começa a disputar o returno do Campeonato Brasileiro.
No treinamento de ontem, o Delegado já esboçou aquele que poderá ser o time titular. Sem muitas opções, Lopes vai se virando com o que tem. Dos 43 atletas utilizados até aqui no Brasileirão, dez foram negociados, nove estão momentaneamente fora dos planos e três estão no departamento médico (Aloísio, Dagoberto e Fabrício). Assim, resta ao treinador improvisar Ticão na lateral-direita, promover a volta de Lima e colocar Marín na esquerda.
Com as mudanças, o esquema também muda. Sai o 3-5-2 e entra o 4-4-2. No trabalho de ontem, o Delegado treinou a nova formação e postura da equipe, tanto no ataque quanto na defesa. Hoje, ele deverá repetir a dose e testar mais jogadas para os novos jogadores.
O clube ainda não confirmou se vai utilizar o atacante Dênis Marques na partida contra a Macaca. A suspensão imposta pela Fifa termina hoje e amanhã ele já poderia atuar. No entanto, como o caso ainda não foi julgado em definitivo, é possível que esse retorno seja adiado. Ontem, o atacante treinou entre os reservas.
Mais um desafio pra Fabrício
O meia Fabrício encara os dois meses no estaleiro como mais um desafio na carreira. Depois de sofrer para se adaptar no Atlético, conquistar seu espaço e fazer uma de suas melhores temporadas, a lesão de sábado obrigará o jogador a mudar completamente a rotina nos próximos 60 dias. Se a recuperação correr bem, ele poderá voltar antes até, mas tudo vai depender da evolução do esgarçamento no ligamento medial colateral e do amassamento na tíbia.
?Passei por muitos momentos difíceis aqui e todos eles eu consegui superar e esse aqui eu tenho certeza que vou superar. Isso aqui vai ser pouca coisa comparando com o que eu já passei aqui no Atlético?, projetou Fabrício. Força de vontade parece não faltar àquele que vinha sendo o segundo jogador com mais atuações no clube nesta temporada (ele só perde para o goleiro Diego). ?Aquele que tem vontade pode conseguir tudo. A previsão de volta é de dois meses e acho que tratando direitinho eu posso estar nos gramados bem antes?, apontou.
De acordo com o médico Marco Pedroni, devido ao forte impacto faltou muito pouco para que o joelho se rompesse. ?A pancada foi muito forte, eu estava próximo e ouvi o barulho?, relatou. Segundo ele, o maior problema foi a forma como Fabrício caiu, lateralmente. ?A lesão foi de grau 2, o ligamento não arrebentou, apenas esgarçou. Já a tíbia sofreu uma fratura por impacção, ou seja, aconteceu um amassamento?, explicou Pedroni.
Daqui a quatro semanas, o meia passará por nova avaliação. ?Vamos esperar, deixar ?esfriar? para reavaliar. Se for preciso e o jogador mostrar desconforto, repetiremos a ressonância?, revelou o médico. Por enquanto, Fabrício ficará entregue ao departamento de fisiologia, onde será submetido a exercícios passivos, ou seja, induzido por equipamentos.