Atlético e Coritiba deram na última semana um passo gigantesco a uma era que promete revolucionar a história dos clubes. O volante Riuler, de apenas 17 anos, é o primeiro jogador da história recente a ter os direitos econômicos divididos entre as duas equipes. Tradicionais rivais no gramado e também nos bastidores, os clubes vivem uma harmonia ímpar e os frutos começam a brotar.
Confirmado como reforço do Furacão (teve seu nome publicado no BID da CBF, com vínculo até o final de 2019) ele é protagonista de uma história confusa, mas que encontrou no bom senso um desfecho inusitado e inédito.
Com o objetivo de evitar uma batalha jurídica pelos direitos sobre o jogador os clubes sentaram à mesa e conversaram. “É uma questão discutível, mas sentamos todos juntos à mesa para decidir o melhor para o atleta, sempre o mais prejudicado. Os clubes se entenderam”, afirmou Rafael Stival, empresário de Riuler.
Em maio do ano passado o contrato de formação do volante com o Coritiba terminou. O clube demorou para procurar os representantes de Riuler para negociar o primeiro contrato profissional e quando o fez ofereceu valores que não agradaram ao jogador.
Havia um contrato padrão para jovens jogadores e a diretoria Alviverde não deu a valorização que os representantes queriam. Carlos Faustino, pai de Riuler, lamentou a falta de reconhecimento no potencial do seu piá. “Não recebi um telefonema sequer da diretoria. Nenhuma proposta”, disse. “Só depois que eles perderam, é que vieram atrás”.
Recentemente os clubes brasileiros firmaram um acordo que prevê sanções aos times que aliciam atletas em formação. Quem incorrer nesta prática precisa dar uma compensação financeira ao clube de origem ou ficará impedido de participar de competições em suas categorias de base. “Todos tinham a sua parcela de culpa neste caso, mas pelo bem do atleta resolvemos amigavelmente”, afirmou Stival.
O empresário de Riuler reconheceu o momento histórico em que a dupla Atletiba chega a um acordo como esse. “Eles acertaram os percentuais, cada um ficou com uma parte dos direitos econômicos (o Coritiba teve ainda uma compensação financeira) e comemoramos muito o desfecho. As brigas entre Atlético e Coritiba só prejudicavam o futebol paranaense”, disse.
O acordo só foi possível, segundo o empresário, após a troca da diretoria coxa-branca, que agora tem Rogério Bacellar como presidente. A aproximação das diretorias já produziu resultados práticos também no campo comercial. Semana passada as duas equipes anunciaram em conjunto o patrocínio da TIM e confirmaram uma série de ações de marketing.
Apesar de se mostrar incomodado com a saída de Riuler do Coritiba, Carlos Faustino garante que não tem mágoa do antigo clube. “Toda a formação do Riuler de menino até chegar à seleção aconteceu no Coritiba. Temos um carinho muito grande por eles”. Para ele, o filho tende a se desenvolver muito mais como atleta a partir de agora. “Agora ele terá todo conforto e condições para se desenvolver como profissional, com um bom plano de carreira”.
Riuler frequenta a seleção brasileira desde os 15 anos, invariavelmente como capitão. O prestígio junto ao técnico Carlos Zanardi continuou mesmo sem o jogador entrar em campo nos últimos cinco meses. Na sexta passada ele foi convocado para um período de testes para disputa do Sul-Americano sub-17.