Sem a presença de Lothar Matthäus, o Atlético perdeu uma invencibilidade de dez jogos e agora terá que fazer a lição de casa se quiser seguir em frente no Campeonato Paranaense. Desfalcado do comandante e do atacante Dagoberto, o Rubro-Negro até jogou bem, dominou a maior parte da partida, mas vacilou na defesa Tampouco teve competência no ataque e sucumbiu à Adap por 2 a 1, ontem, em Campo Mourão. A partida de volta será disputada na Arena da Baixada, no final desta semana, em data a ser definida pela Federação Paranaense de Futebol.
Era a primeira vez que o time de Campo Mourão enfrentava o ?poderoso? Furacão, mas nem por isso tremeu nas bases. Muito pelo contrário. O técnico Gilberto Pereira soube tirar lições das três derrotas seguidas que sofreu e conseguiu superar com inteligência a equipe dirigida interinamente por Vinícius Eutrópio. Durante a semana, enquanto a
Adap se isolou num hotel-fazenda para ter mais tranqüilidade, o Atlético se fechou no CT do Caju no turbilhão provocado pelos dirigentes e pelas peripécias do treinador titular.
Quando a bola rolou no péssimo gramado do Estádio Roberto Brzezinski, melhor para o time do interior. Enquanto o Rubro-Negro se adaptava às condições de jogo, Felipe Alves levantou a bola da direita, o goleiro Cléber não desviou e Batista cabeceou para abrir o marcador e garantir a tranqüilidade necessária para não se expor. Adap 1 a 0, aos seis minutos.
O Furacão partiu para cima, teve boas oportunidades, mas sempre de ?bola parada? e muito pouco ordenadamente. Isso até Vinícius chamar a atenção dos jogadores no vestiário.
Na volta para o 2.º tempo, só deu Atlético.
O domínio foi total, as jogadas começaram a ser criadas, mas o empate só veio numa cobrança de falta. O lateral-esquerdo Michel Bastos cobrou bem e o ?montinho artilheiro? tirou o bom goleiro Fábio da jogada. Atlético 1 a 1, aos 15 minutos. Era a deixa para a virada e para mostrar quem era o time grande. Com pênalti e tudo o mais, sofrido por Alex. Mas Alan Bahia bateu, como sempre bate – rasteiro e desta vez fraco e Fábio se esticou todo para salvar a pátria.
A defesa deu a motivação necessária para os comandados de Gilberto Pereira acreditarem na vitória.
E foi o que aconteceu Depois de Cléber fazer uma defesa incrível, Marcelo Peabiru recebeu com liberdade e chutou no ângulo. Adap 2 a 1, aos 40 minutos. Logo em seguida, Dênis Marques, em lance parecido, bateu rasteiro e facilitou as coisas para Fábio se consagrar e garantir a vitória histórica.
?Salto alto? rubro-negro
De novo à frente do Atlético, interinamente mais uma vez, Vinícius Eutrópio apontou o ?salto alto? como fator da derrota do Atlético para a Adap por 2 a 1. Para o treinador do Rubro-Negro, o time acreditou que poderia vencer a qualquer momento o time de Campo Mourão, vacilou e mereceu perder. Mesmo assim, ele projeta a possibilidade de a equipe vencer na Arena da Baixada e classificar para a semifinal.
?Acho que faltou, principalmente no 1.º tempo, um pouco mais de concentração. Um pouco mais de empenho. Acredito que nosso time tenha entrado muito tranqüilo?, apontou Vinícius. Segundo ele, essa tranqüilidade levou a equipe a se achar muito auto-suficiente. ?No 2.º tempo, nós chamamos a atenção no intervalo e a postura mudou. Conseguimos um empate, um pênalti a nosso favor, mas infelizmente não convertemos e demos uma sobrevida a Adap?, lamentou.
Para o treinador, não faltou seriedade, mas numa fase decisiva, era preciso um algo mais dos jogadores. ?Faltou um pouquinho mais de cada um. Nós falamos no final da oração para cada um colocar a cabeça para pensar e veja se faltou um pouquinho mais de empenho, de concentração?, finalizou Vinícius. Hoje, a equipe faz um trabalho regenerativo pela manhã no CT do Caju. O lateral-direito Jancarlos levou o terceiro cartão amarelo e não participa do jogo de volta.
CAMPEONATO PARANAENSE
Quartas-de-final – jogo de ida
Local: Roberto Brzezinski, em Campo Mourão,
Árbitro: Evandro Rogério Roman.
Assistentes: Gílson Pereira e Adriana Franzmann.
Gol: Batista aos 6 do 1.º tempo; Michel Bastos, 15? e Marcelo Peabiru, 40? do 2º tempo.
Cartão amarelo: Jancarlos, Michel Bastos, Paulo André (A), Mineiro, Batista, Felipe Alves, Gildásio (Adap)
Renda: não divulgada. Público pagante: não divulgada.
Adap 2 x 1 Atlético
Adap
Fábio; Ângelo, Dezinho, Leandro e Deivi (Gildásio); Mineiro, Fernandinho, Felipe Alves (Marcelo Peabiru) e Batista; Souza (Warley) e Ivan. Técnico: Gilberto Pereira.
Atlético
Cléber; Danilo, Alex e Paulo André; Jancarlos, Erandir (Cristian), Alan Bahia (Dênis Marques), Ferreira e Michel Bastos; Evandro e Pedro Oldoni (Selmir). Técnico: Vinícius Eutrópio (interino).
Massa negocia renovação de Dagoberto
O atacante Dagoberto só sai do Atlético depois que renovar o contrato. A posição é da Massa Sports, que detém a procuração para negociar pelo jogador do Rubro-Negro. Após voltar a atuar, e muito bem, o atacante rubro-negro surge novamente como ?sonho de consumo? de clubes europeus e pode até deixar a Baixada no meio do ano. Nos bastidores, já se fala em Milan, da Itália, e Olympique de Marselha, da França. Uma aproximação entre dirigentes e a empresa do apresentador Ratinho já foi iniciada.
?Os times estão procurando a gente, mas nós temos a filosofia de primeiro renovar o contrato?, revelou Marquinhos Malaquias, da Massa. De acordo com ele, as partes iniciaram a conversa para a renovação. ?O Dagoberto só está pensando em jogar, mas o caso do Pedro Oldoni (que renovou recentemente) mostrou que nós estamos fazendo um bom trabalho?, apontou.
A diretoria, no entanto, não está se manifestando sobre o caso, mas a propensão a negociar pode levar a uma negociação em breve. ?Nós queremos renovar até para que o clube não saia perdendo?, disse Malaquias, que admite uma transferência no meio do ano caso as partes cheguem a um acordo. Na partida de ontem, o craque não atuou devido a um estiramento, de acordo com o departamento médico do clube. Dagoberto nem chegou a viajar para Campo Mourão.
Matthäus
Está prevista para hoje o retorno a Curitiba do técnico do Rubro-Negro. Ele viajou na terça-feira, dia 7, para a Europa, para resolver assuntos familiares e deixou o time nas mãos de Vinícius Eutrópio. No sábado, o clube revelou uma carta de Matthäus endereçada aos torcedores. Na missiva, o alemão confirma que chamou o bandeirinha de arrogante e que visava proteger o atacante Dagoberto das pancadas do time do J. Malucelli. O jogo terminou empatado em 1 a 1. O treinador pegou 30 dias de suspensão no TJD, mas conseguiu o efeito suspensivo.
