O Atlético fez de tudo para manter a tranqüilidade no treinamento de ontem no CT do Caju, mas já corre o sério risco de perder seis pontos no Superior Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol (STJD). Após denúncia do Coritiba, o presidente da entidade, Luiz Zveiter, encaminhou o processo para um dos procuradores, que deverá mandar o pleito do Alviverde para julgamento em uma das comissões da casa. Para piorar a situação, a CBF republicou o nome do goleiro Diego no BID de quarta-feira, ao mesmo tempo que retirou o arqueiro do BID especial.
A papelada encaminhada pelo clube do Alto da Glória está nas mãos de Lindolfo Marinho. Desde ontem, ele começou a analisar todo as provas e deve repassar o caso para uma das comissões (primeira instância) do STJD, que solicitaria documentação para a CBF, citaria o Rubro-Negro para se defender e marcaria uma data para julgamento. Repetir-se-ia o mesmo procedimento do caso Ataliba. O que mais preocupa é que a CBF colocou o nome do jogador no BID de quarta-feira, dando a impressão de irregularidade do jogador, apesar de Diego já ter saído no BID do dia 17 de fevereiro de 2003.
Com todo esse imbróglio e com a ameaça do Guarani também denunciar o Furacão, caso o goleiro jogue amanhã, uma contusão pode evitar um mal maior. Ainda no início dos trabalhos de ontem, Diego caiu no gramado do campo 1, apontando para a coxa esquerda após diversas cobranças de tiro de meta. A cena logo monopolizou as atenções no CT e o jogador saiu amparado pelo massagista Bolinha. Em seguida, foi encaminhado ao departamento médico de carro (uma distância que não vai além de 200 metros).
“Ele foi dar um chute, fez as batidas do lado esquerdo e quando foi fazer a batida do lado direito sentiu uma dor muito forte na coxa esquerda”, relatou o médico Henrique Carvalho. Segundo ele, em princípio, não pareceu haver uma lesão grave. “Nós vamos fazer uma ecografia até porque a gente está medicando a fase aguda e vamos ver no exame, se aparece alguma lesão”, diz. Para ele, a atuação do jogador contra o Bugre é subjetivo. “É muito maior a chance dele estar fora do que estar nesse jogo. Mas não posso garantir isso sem os exames”, projeta.
O próprio Diego está mais otimista e acredita poder jogar amanhã, em Campinas. “Eu já tive lesões e joguei com essas lesões. Mas, depende muito do departamento médico. Eu vou fazer de tudo para eles me liberarem, não gosto de ficar de fora, não quero ficar fora e a minha vontade de jogar é muito grande”, discursa. Para ele, essa contusão não tem nenhuma relação com o BID. “Foi um erro da CBF e não tem porque o Atlético pagar por um erro deles. O que aconteceu é que o Coritiba perdeu seis pontos e acabou falando do Atlético querendo levar mais alguém junto com eles”, disse à Tribuna.
Fleury não esquenta e diz que está tudo normal
“Estamos tranqüilos e por mim ele joga.” A frase confiante é do presidente do Atlético, João Augusto Fleury da Rocha, que não teme a hipótese do goleiro Diego atuar na partida de amanhã, contra o Guarani, em Campinas, e correr o risco de perder pontos no tapetão. Para ele, a abertura de processo contra o clube no STJD e a republicação do nome do arqueiro no BID de quarta-feira não deve mudar em nada a postura do clube no caso.
“Nós achamos que isso é uma republicação e tem efeito retroativo”, apontou o dirigente, que não soube explicar o motivo do nome do jogador estar de volta ao BID normal e ter sido retirado do BID especial. Fleury diz que a tranqüilidade na Baixada se deve aos procedimentos preventivos tomados pelo clube. “O Atlético tomou todas as providências que a própria CBF nos comunicou”, revelou.
Para ele, a abertura de processo no STJD é um processo normal. “O poder judiciário foi instituído para as pessoas manifestarem suas intenções.” No entanto, o clube continua atento e tomando todas as providências necessárias para evitar a perda de pontos no tribunal. “Nós temos um advogado constituído para tratar especialmente sobre o assunto. Ele estava no primeiro BID e não tem porque temermos.”
O presidente atleticano acredita na boa fé do tribunal e que não haverá julgamento político no Rio de Janeiro. “A gente espera que haja um julgamento técnico. O doutor Luiz Zveiter zela pela tecnicidade nas decisões”, finalizou.
Levir mantém time com três zagueiros
O técnico Levir Culpi vai manter o esquema 3-5-2 no Atlético para a partida contra o Guarani, em Campinas. Mesmo treinando durante a semana no 4-4-2, o treinador diz que quer apenas estar preparado para mudanças táticas quando enfrentar os mais diversos adversários. Para a partida de amanhã, as novidades vão ficar por conta do zagueiro Ígor na zaga e da dupla de atacantes, que estará entre Dennys, Rena e Ricardinho.
“Não existe essa possibilidade (4-4-2). Eu apenas fiz um treinamento para observar a colocação dos jogadores. O Guarani usou três zagueiros contra o São Paulo, e nesta última, contra o Santo André, usou apenas dois”, aponta o comandante rubro-negro. Para ele, o time precisa treinar mudanças de esquema para quando for necessário usar. “São variações táticas que a gente tem que saber, tem que treinar, para quando usar, saber o que está fazendo”, explica.
Para enfrentar o Bugre, a principal dúvida está no ataque. Novo no clube e sem poder contar com Ilan, Washington e Dagoberto, Levir passou a semana testando Dennys, Rena e Ricardinho, para saber quem pode estar melhor e como cada um se encaixa na equipe. “Não existe uma definição porque eu dei uma continuidade dos trabalhos do ataque para observar os jogadores da posição mesmo. Os nossos atacantes são muito leves e de ótima qualidade. O problema é o ritmo de jogo e o encaixe no sistema”, diz.
Mesmo com a dúvida do treinador, as maiores probabilidades são de Rena e Dennys formarem a dupla de atacantes. Na defesa, Ígor está confirmado no lugar de Rogério Correia, machucado. O zagueiro Fabiano foi novamente poupado dos trabalhos com bola para não ter agravado um corte no supercílio no clássico de domingo. Mesmo assim, ele deverá continuar na equipe. O outro desfalque deve ser mesmo o goleiro Diego, contundido no treino de ontem. A equipe para pegar o Guarani deverá ter Cléber; Ígor, Fabiano e Marinho; Fernandinho, Alan Bahia, William, Jádson e Marcão; Rena (Ricardinho e Dennys).