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Danilo, que retornou à zaga titular, lamentou a péssima atuação continua após a publicidade |
O Náutico não é um time espetacular – se fosse, estaria entre os primeiros colocados do Campeonato Brasileiro. Mas tem suas virtudes, bem conhecidas. Sidny e Júlio César atacam muito, Geraldo vive boa fase, Acosta é um dos melhores da temporada, Felipe e Marcelinho são perigosos.
O Atlético sabia de tudo isso. Mas, mesmo assim, deixou o Timbu controlar o jogo e humilhar o Furacão – 5×0, ontem, nos Aflitos. O resultado (a quinta vitória seguida dos pernambucanos) freou a subida rubro-negra, que segue com 35 pontos, e pode fechar a rodada mais próximo das últimas colocações.
Os dois times que entravam no gramado do Estádio dos Aflitos estavam entre os melhores do segundo turno.
O Náutico vinha de momento incrível – quatro vitórias e um empate em cinco jogos.
O Atlético mostrara força ao vencer Palmeiras e Paraná Clube na Arena, e encarava novo desafio fora de casa e longe da torcida. A estrela do jogo era Acosta, o uruguaio que atraía a atenção de vários times, inclusive o Furacão. ?Se a proposta foi boa, pode ser.
Mas eu quero me focar no Náutico?, disse o meio-campista, quando perguntado sobre a possibilidade de ir para a Baixada em 2008.
Quando o jogo começou, ficou claro que o Atlético não tinha aprendido a lição que o Náutico deixou claro nas quatro últimas vitórias. Seja onde for, contra quem for, o Timbu sai como maluco para o ataque. O Furacão não passava do meio-campo, e logo a três minutos sofreu o primeiro gol – Júlio César ganhou na esquerda e cruzou para Marcelinho, que tocou com estilo para a rede.
Será que ninguém viu o Náutico jogar? Escalar três zagueiros (dois, Rogério Correa e Danilo, bem lentos) não adianta, caso o meio-campo não acompanhe as movimentações de Geraldo e de Acosta. E, a rigor, o gringo não foi marcado. Flanava solto pelo meio e pela direita. E quando ficava na área, resolvia. Aos 20, Geraldo cobrou falta e Acosta, na segunda trave, fez o segundo – o 15.º dele, vice-artilheiro do Brasileiro.
Dois a zero para os donos da casa e nada mudou. Ramon e Claiton nada faziam, e Marcelo Ramos era um mero espectador. Melhor para o Náutico, que sem forçar fez o terceiro. Aos 31 minutos, sozinho no meio da área, Felipe recebeu e tocou na saída de Viáfara. ?Sabíamos que eles iam jogar abertos, e a gente não está acompanhando?, lamentou o capitão Danilo.
Ney Franco fez duas alterações no intervalo – sacou Piauí e Rogério Correa e colocou Michel e Roberto. Mudava-se o esquema tático e aparecia um volante, quem sabe alguém para marcar.
O time assumiu o controle territorial, mas poucas chances foram criadas.
O Atlético cercava, trocava passes na intermediária, mas não era objetivo.
Com apenas uma chance de mudar o panorama do jogo, o treinador atleticano tirou Ramon. Entrou Geílson, que ficou na frente com Marcelo Ramos – e ficou sem receber
a bola, que não chegava por causa do bom sistema defensivo dos pernambucanos. E a segunda etapa se arrastou, com o Atlético tentando e o Náutico administrando o resultado. E teve mais: Felipe aproveitou o contra-ataque e marcou mais um aos 33 minutos. Para fechar, Dejair chegou de carrinho e resolveu o jogo. Cinco a zero. Ao Furacão, resta o alento de ter a torcida de volta a seu lado na quarta, contra o Botafogo.
Desolação e vergonha no vestiário
?O que eu posso dizer é que a gente está envergonhado?. O resumo é do zagueiro e capitão Danilo, mas poderia servir para qualquer um dos jogadores do Atlético (ou mesmo do técnico Ney Franco) após a humilhante goleada imposta pelo Náutico. Os cinco gols tomados pelo Furacão foram um balde de água fria na motivação da equipe, que vinha de bons resultados em casa.
Danilo continuou a lamentar. ?Nós tivemos um péssimo primeiro tempo. Não jogamos bem, levamos dois gols bobos e aí tivemos que partir para cima. Então eles fizeram mais dois?, disse o capitão atleticano. Ferreira, desolado, não tinha muito a dizer. ?Não tivemos uma noite agradável. Há momentos em que isso acontece?, resumiu o colombiano.
Ney Franco estava inconsolável. ?Tomamos uma pancada, o Náutico passou por cima da gente?, disse o treinador do Furacão. ?Eu, como comandante, quero pedir desculpas pelo que aconteceu. Nós pagamos um preço muito caro pelo mau início. Nosso primeiro tempo foi irreconhecível. Tentamos pelo menos terminar o jogo bem, mas nem isso aconteceu.
Temos que torcer para a quarta-feira chegar o mais rápido possível?.
Percebendo que precisa de apoio, Ney Franco pediu a ajuda da torcida para lotar a Arena e empurrar o time para a vitória sobre o Botafogo, quarta-feira, às 21h45. ?Eu peço a todos que nos ajudem. Todos sabem qual é o nosso objetivo, que é fugir do rebaixamento. E se todos apoiarem, vamos chegar lá. Nós temos que buscar a união nesse momento, e a torcida é muito importante para que a gente se recupere?, finalizou o técnico do Furacão. (CT)
Campeonato Brasileiro
2º turno – 28ª rodada
NÁUTICO 5×0 ATLÉTICO
Náutico
Fabiano; Sidny (Onildo), Vágner, Everaldo e Júlio César; Daniel Paulista, Radamés e Geraldo (Dejair); Acosta, Marcelinho e Felipe.
Técnico: Roberto Fernandes.
Atlético
Viáfara; Danilo, Rogério Correa (Roberto) e Antônio Carlos; Jancarlos, Alan Bahia, Ramón (Geílson), Claiton e Piauí (Michel); Ferreira e Marcelo Ramos.
Técnico: Ney Franco.
Súmula
Local: Estádio dos Aflitos, em Recife (PE)
Árbitro: João Alberto Gomes Duarte (RN)
Assistentes: Alessandro Rocha Matos (FIFA-BA) e Adson Marcio Lopes Leal (BA)
Gols: Marcelinho 3, Acosta 20 e Felipe 31 do 1º e 34 do 2º e Dejair 45 do 2º
Cartões amarelos: Geraldo, Sidny, Júlio César (NAU); Piauí, Antônio Carlos (CAP)
Renda e público: não divulgados