Assunto para discutir é o que não falta no Atletiba. Cada torcedor tem na ponta da língua o que acha mais decisivo para explicar o que foi o Atlético 1×1 Coritiba na manhã deste domingo (10) na Arena da Baixada. Se você é atleticano, tem a certeza absoluta de que o resultado foi injusto pelas quatro bolas na trave e pelas duas defesas milagrosas de Wilson. Se você é coxa-branca, tem a certeza absoluta de que o resultado foi injusto pelo lance de pênalti não marcado por Anderson Daronco. Só que o jogo não se explica só por uma coisa, nem só por outra. E nem só por essas duas.
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O Atletiba foi desenhado pelos dois técnicos em duas semanas de treinamento. Do lado rubro-negro, Fabiano Soares quis demonstrar o sucesso do esquema tático que fez o time sair das últimas posições e chegar na briga pelo G6. Por isso a opção por Lucas Fernandes, por Lucho González como segundo volante, por Ederson na frente. O plano era atacar. Do lado coxa-branca, Marcelo Oliveira, por mais que diga o contrário, queria fechar os espaços dos donos da casa e depois encontrar um espaço ou um deslize para chegar na frente. O plano era surpreender, inclusive na escalação de Getterson.
No primeiro tempo, o jogo de xadrez terminou com um “xeque” do Coxa. O Atlético teve a posse de bola, mas sofria para chegar perto da área alviverde. Getterson e Rildo mais marcavam que jogavam, e assim havia um bloqueio para que o Furacão criasse. Guilherme e Nikão sofriam, enquanto Matheus Galdezani tinha espaço para jogar, mesmo que ficasse isolado – assim como Kléber na frente. Assim, o jogo tinha pouca emoção e muita tensão. Léo e Fabrício, Kléber e Paulo André, Lucas Fernandes e William Matheus, os “duelos individuais” que os técnicos adoram falar eram vistos em faltas, e não em lances.
Até que Ederson acertou uma cabeçada e mandou para fora. E logo depois Paulo André mandou na trave. E Galdezani chutou para fora. Aos 33 minutos, finalmente os times chutaram a gol. A partida melhorou, e ficou eletrizante no final do primeiro tempo. Lucas Fernandes dribla Alan Santos e é derrubado. Pênalti marcado pelo árbitro adicional, pois Anderson Daronco iria mandar o jogo seguir. Nikão tentou deslocar Wilson e acabou tirando a bola do gol, acertando a trave. Instantes depois, instantes depois, Rafael Longuine cobrou falta na área e a bola resvalou em Werley antes de entrar.
O Coritiba, que apostava em um erro adversário, estava em vantagem. E o Atlético voltou para o segundo tempo decidido a botar pressão. E sem espaço para criar, pois as voltas de Werley e Kléber davam aos visitantes mais solidez na marcação e mais força emocional, o Furacão precisava ousar. E Fabiano Soares apostou no jogador que quase todos no clube desprezaram – menos a torcida. Aos 13 minutos, Felipe Gedoz entrou pra mudar a história do clássico. A partir dali, os donos da casa se postaram definitivamente dentro do campo de ataque, e transformavam Wilson no melhor em campo.
Em uma cabeçada de Paulo André, o goleiro fez uma defesa espetacular, daquelas que silenciam um lado do estádio e fazem o outro lado comemorar como se fosse um gol. Já o grito de “uh”, solto por todos na Arena, veio num tirambaço de Gedoz cobrando falta, que explodiu na trave. A blitz atleticana aumentou ainda mais quando Ribamar entrou no lugar de Ederson.
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E nesse momento de maior tensão, veio o minuto 38. O que gera toda a polêmica. O Coxa puxou o contra-ataque, Kléber tentou a jogada, perdeu o lance que sobrou para Pavez. O chileno esticou demais a bola e quando foi tentar tirar derrubou Rildo. O pênalti não foi marcado e os jogadores alviverdes partiram pra cima de Anderson Daronco. E enquanto isso o Furacão saiu em velocidade e Felipe Gedoz foi acionado na esquerda, passou por Iago e foi derrubado. Pênalti, este marcado, gerando a maior confusão. E cobrado pelo próprio Gedoz, dando o placar final ao clássico.
Mas o jogo não tinha acabado. Como se tivesse sido ligado o turbo, os dois times saíram com tudo ao ataque. Espaços surgiram, e foram minutos de extremo nervosismo. E de Wilson defendendo de novo. E de Ribamar recebendo lançamento longo e tocando na trave – a quarta do Atlético no jogo. Depois de duas horas de clássico, quando a partida terminou, as duas torcidas aplaudiram os times. Se o resultado não agradou ninguém, a luta em campo foi valorizada.