É um clima completamente diferente. Coritiba e Atlético fazem no domingo o primeiro Atletiba após a definitiva aproximação dos clubes nos bastidores. Após anos de hostilidades, guerras de notas oficiais e passos para trás, a nova diretoria alviverde possibilitou a volta ao diálogo entre os dois maiores clubes do Paraná.

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O novo panorama colocará à prova o bom clima que tem gerado uma série de ações em conjunto e muitos avanços observados no último mês. Lado a lado, dirigentes têm negociado patrocínios, divisão de percentuais de direitos econômicos de jogadores, verbas de televisão, lei de responsabilidade fiscal dos clubes e estratégias de marketing para alavancar números de sócios.

Dentro de campo, no entanto, representantes das duas equipes garantem que a rivalidade vai continuar a mesma. Salim Emed, vice-presidente do Atlético, disse que a aproximação nos bastidores poderá se reverter em ganhos administrativos e pode repercutir nas arquibancadas. “Eventos comuns dos dois clubes trarão também paz e harmonia entre torcedores. Toda a rivalidade tem que ficar apenas no campo. Assim, certamente vamos crescer”.

“O momento (dos rivais) é muito saudável, visando o crescimento cada um de sua instituição. Achamos necessário estarmos em conjunto para algumas ações para fortalecimento”, resumiu André Macias, um dos vice-presidentes do Coritiba. Para ele, os negócios extra-campo não vão interferir em nada o desempenho das equipes dentro das quatro linhas.

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Mas Atletiba é Atletiba, e algumas questões delicadas sempre apimentam o pré-clássico. O presidente atleticano, Mario Celso Petraglia, é um conhecido entusiasta de clássicos com torcida única. Recentemente, Petraglia se reuniu com o secretário municipal Ricardo MacDonald para pedir apoio da prefeitura para fortalecer a posição.

No entanto, após um encontro realizado entre os dirigentes na última sexta-feira, ficou decidido que os clássicos deste ano terão a presença das duas torcidas, o que representou um grande passo se comparado com polêmicas recentes.

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A arbitragem também já foi motivo para trocas de farpas no passado. Petraglia chegou a ser suspenso e apenado com multa por ter ofendido o auxiliar Carlos Braatz, em 2012, pelo Twitter. Certamente o assunto mais delicado da relação Coxa-Furacão. “Prefiro não falar de arbitragem”, enfatizou Macias.
No primeiro Atletiba harmonioso dos últimos anos, espera-se um comportamento exemplar do torcedor.

Ingressos para as torcidas visitantes serão vendidos nos estádios rivais e uma intensa campanha pela paz norteará as ações de marketing dos clubes nessa semana. “Há um compromisso tanto da nossa parte quanto da deles para um clássico pacífico. Fazemos um apelo para que os torcedores venham assistir a um grande jogo, apoiar o time, sem violência”, concluiu Macias.

Política e dinheiro em pauta

O anúncio de um patrocínio em conjunto com a empresa de telefonia Tim foi a primeira ação concreta de aproximação dos clubes. E uma série de outras ações envolvendo os dois clubes foi prometida, especialmente para aumentar o número de sócios dos times. Um exemplo definitivo da harmonia entre as diretorias envolve a ida do volante Riuler do Coritiba para o Atlético. Para evitar um possível litígio sobre suposto assédio feito sobre o jogador, os clubes entraram em um acordo e pela primeira vez na história compartilham os direitos econômicos de um atleta.
Novamente em conjunto, os representantes da dupla Atletiba estão negociando com a Caixa a ampliação de contrato do patrocínio máster das d,uas camisas. Além disso, Rogério Bacellar, presidente coxa, e Mário Celso Petraglia, do Atlético, apoiam Ricardo Gomyde, candidato de oposição nas eleições da Federação Paranaense de Futebol. O discurso, inclusive, está afinado. Nesta semana o Coritiba ameaçou usar o time sub-23 no Estadual, a exemplo do Atlético, caso o candidato não vença. Já o Atlético prometeu a volta do time principal se Gomyde for eleito. (ELK)

Crises

O presidente atleticano Mário Celso Petraglia sempre se mostrou reticente em relação a atuação de árbitros paranaenses em Atletibas. Chegou a publicar uma nota no site do clube ameaçando colocar o time sub-18 para jogar o Paranaense se não tivesse a sua sugestão de árbitros de fora em jogos importantes atendida. Realmente não foi, mas a ameaça não se cumpriu.

Sobre a torcida única em Atletibas, Petraglia propôs uma torcida só no clássico programado para o Paranaense de 2012. Como mandava jogos no Janguito Malucelli, o time não via possibilidades de duas torcidas no acanhado estádio. Os clubes entraram em acordo e o jogo do dia 22 de fevereiro teve apenas atleticanos na Vila Capanema.

No ano passado, mais uma polêmica. O Atlético sugeriu torcida única no jogo que foi disputado em Maringá. O Ministério Público interferiu e garantiu o acesso de coxas-brancas no estádio Willie Davids. No jogo da volta o Atlético abriu mão da sua carga de ingressos para o jogo da volta, recomendando ao seu torcedor não ir ao Couto Pereira. O Coritiba manteve a venda e o jogo teve as duas torcidas – da mesma forma que acontecerá no Atletiba deste final de semana. (ELK)