Petraglia e Gionédis:
bate-boca via imprensa.

Não adianta. Entra ano, sai ano e a história continua a mesma. Coritiba e Atlético, que se enfrentam amanhã, às 16h, no Alto da Glória, ainda discutem velhos temas, com alfinetadas e provocações de ambas as partes. Faz parte da tradição do clássico, mas ninguém mais esperava ouvir falar de arbitragem e de espaço nas arquibancadas. Para piorar ainda mais a preparação, a televisão entrou em cena e mudou a data do clássico pela terceira vez. Os dirigentes prometeram se encontrar mas, separados, andam falando línguas bem diferentes, abrindo frentes para violência entre as torcidas.

Logo após a vitória sobre o Rio Branco, o presidente Mário Celso Petraglia foi aos microfones e partiu para o ataque. “Não sei se é incompetência ou se esses árbitros são mal-intencionados mesmo”, disse, referindo-se à arbitragem de Nilo Neves de Souza Júnior, que a seu ver não deu dois pênaltis para o Atlético. “Vocês vão ver o que vai acontecer no clássico se tivermos arbitragem local”, atirou.

Para completar, o presidente atleticano deixou uma pergunta no ar. “Gostaria muito de saber por que os outros clubes nunca querem arbitragem de fora do Paraná”, provocou. O secretário coxa Domingos Moro, questionado sobre isso, iniciou a contra-ofensiva coxa. “Então eu quero saber uma coisa também: por que só o doutor Mário Celso Petraglia quer árbitros de fora?”, retrucou. Como sempre, a Federação escolheu um nome ?da terra? para o jogo: Francisco Carlos Vieira.

Moro confirmou que o Coritiba queria juízes locais no Atletiba. “Nós temos uma associação de árbitros e uma comissão de arbitragem. Se elas não forem capazes de indicar algum de seus membros para um jogo importante, é melhor fechar tudo”, disse o secretário. O presidente Giovani Gionédis fechou com mais uma provocação. “Isso é desespero de uma equipe que está cinco pontos atrás do Coritiba na classificação. Talvez seja porque o presidente do Atlético pode sofrer um impeachment”, disparou em entrevista à rádio Clube.

Anéis

Depois, veio a polêmica dos ingressos. O Coritiba destinará cinco mil para a torcida atleticana de um total de vinte mil. “Fazemos isso porque infelizmente é obrigatória a cessão de pelo menos 20% da carga de ingressos para o adversário”, disse Domingos Moro. Ao contrário do que se especulou, os rubro-negros ficarão nos três anéis da arquibancada do Alto da Glória próxima à Rua Floriano Essenfelder.

Perguntado se isso é uma represália ao que aconteceu no Brasileiro do ano passado (o Atlético deu dois mil ingressos para o Cori), o secretário coxa negou. “Isso seria uma reação, e o Coritiba não faz isso. Mas é bom lembrar que não foram dois mil lugares cedidos, e sim uns quinhentos, porque o local cedido não permite ver o jogo”, disse o dirigente, que terminou com mais uma provocação. “Esperamos que, para o próximo clássico no Joaquim Américo, tenhamos pelo menos os 20% dos ingressos, coisa que nunca aconteceu”.

Independente disso, os ingressos estão à venda. Para a torcida do Coritiba, no alto da Glória e loja no Shopping Total. Para a do Atlético, na Arena da Baixada. O preço será de R$ 15,00 (aquibancada), R$ 10,00 para estudantes, senhoras e menores de 12 anos), R$ 30,00 a cadeira inferior e R$ 50,00 a cadeira superior.

TV muda planos dos times

Está definido, finalmente. A Rede Paranaense de Comunicação (RPC) acertou ontem a transmissão do campeonato paranaense, e inicia seu trabalho justamente no Atletiba que, por causa disso, teve sua data mudada de domingo para sábado, às 16h, com o jogo sendo transmitido inclusive para Curitiba. Em apenas uma semana, foi a terceira alteração de data do maior clássico do nosso futebol – o que levou técnicos, jogadores e torcedores à loucura.

A RPC estava confiante em acertar a transmissão do Paranaense, tanto que na segunda-feira pediu à Federação que antecipasse para o sábado o Atletiba, sem mesmo ter fechado contrato com a Globo Esportes – detentora dos direitos da competição, pela qual pagou R$ 2,36 milhões. Naquele momento, a FPF prometia para quarta uma definição, após a reunião que seria realizada na sede da entidade.

E parecia mesmo que acontecer uma definição. Anteontem, a FPF reconfirmou o Atletiba para domingo (às 17h), já que não haveria transmissão de TV. Portuguesa Londrinense, Prudentópolis, Londrina e Rio Branco discordaram de alguns valores e a negociação emperrou. Assim, coxas e atleticanos dormiram cientes de que o jogo aconteceria apenas no domingo.

Pobres torcedores, jogadores e técnicos. Ontem, a RPC chegou a um ponto comum com a Globo Esportes e, mesmo sem assinar o contrato, pediu de novo à Federação que alterasse a data do jogo. “Os clubes concordaram, e isso nos deu maior tranqüilidade”, comentou Gil Rocha, coordenador de esportes da emissora. Pena que a definição tardia tenha conturbado ainda mais o clássico do final de semana.

Problemas

A mudança fez com que Atlético e Coritiba alterassem radicalmente seus planos de treinamento. Os rubro-negros anteciparam o processo de concentração para ontem à noite, enquanto os alviverdes cancelaram dois treinos, mantendo apenas o desta manhã. Além disso, o tempo é menor para a recuperação dos lesionados – Tcheco, Lima e Ceará pelo Cori, e Cocito pelo Atlético.

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