O suposto caso de injúria racial envolvendo atletas da equipe brasileira de ginástica teve desdobramentos nesta terça-feira. Os ginastas Arthur Nory, Fellipe Arakawa e Henrique Flores, acusados de terem proferido as injúrias, e Ângelo Assumpção, vítima das “piadas”, foram ouvidos no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), no Rio, no inquérito que investiga o caso. O auditor Felipe Bevilacqua, que ouviu os ginastas, agora fará um relatório a ser entregue na quinta-feira à procuradoria, que irá analisar e definir se fará ou não denúncia na esfera esportiva.
Todos os atletas chegaram e saíram sem conversar com a imprensa, mas fizeram questão de deixar registrada uma cena: separadamente, Nory, Arakawa e Flores abraçaram Assumpção aos olhos de quem quisesse ver.
A intenção de tornar a cena pública foi notória. Ouvidos por mais de duas horas em uma sala do 15º andar de um edifício da Rua da Ajuda, no centro do Rio, os quatro saíram apressados do STJD. Foi só na rua, em meio ao público que caminhava pelo centro no horário de pico, que um por um procurou Ângelo para dar abraços efusivos.
Apesar disso, ninguém quis falar. O único que proferiu uma frase após a insistência dos repórteres foi Ângelo – que se limitou a dizer que “não pode” dar declarações.
OITIVA – Arthur Nory, Fellipe Arakawa e Henrique Flores foram convocados pelo auditor Felipe Bevilacqua para prestarem esclarecimentos às 15h. “O encontro foi bom, foi positivo. Na verdade, a prova de vídeo fala por si só, mas esse inquérito tem mais uma finalidade de encaminhar a investigação e o fato para realmente saber, pelo depoimento pessoal dos atletas, se houve alguma injúria racial, algum tipo de preconceito, ou se ficou apenas no limite de uma brincadeira infeliz e de mau gosto”, disse Bevilacqua após o encontro.
O auditor não quis dar detalhes sobre os depoimentos, alegando que o assunto é sigiloso. Bevilacqua também não indicou se irá sugerir que seja feita a denúncia ou não, mas lembrou que as supostas injúrias não foram realizadas durante a disputa de uma competição. “Isso pode delimitar a competência ou do STJD ou diretamente da Confederação Brasileira de Ginástica. Vou dar uma opinião sobre isso no relatório, mas quem que irá resolver isso será a procuradoria.”
Convocado via email para dar sua versão, Ângelo Assumpção inicialmente não compareceu. Mas, durante a tarde, foi convocado novamente, dessa vez por telefone, e chegou à sede do STJD às 17h. Segundo Bevilacqua, o ginasta alegou que não havia recebido a notificação “por problemas no email”.
O depoimento dos atletas foi realizado na sede do STJD do futebol por questão de estrutura. Além disso, além de ser auditor do STJD da ginástica, Felipe Bevilacqua também atua naquele do futebol.