O presidente do Conselho Deliberativo do Athletico-PR, Mario Celso Petraglia, confirmou em coletiva realizada na Arena da Baixada, nesta segunda-feira, que os jogadores Thiago Heleno e Camacho ingeriram uma substância proibida e foram reprovados em exames antidoping realizados após partidas desta edição da Copa Libertadores.
O dirigente, porém, fez questão de eximir os atletas de culpa neste caso e ressaltou que ambos foram “absolutamente vítimas” ao consumirem a substância chamada de higenamine, detectada no controle antidoping realizado pelo defensor e pelo volante. E que estava presente em suplementos que contribuem para perda de peso.
Estes suplementos foram indicados por um profissional do próprio Athletico-PR, que, segundo Petraglia, garantiu que a utilização dos mesmos não oferecia nenhum risco aos dois jogadores. “Fomos surpreendidos por uma falha interna de profissionais do clube, nós abrimos uma sindicância, um processo administrativo interno, para buscarmos todas as informações do ocorrido”, revelou.
Depois, o dirigente disse que este mesmo suplemento que continha a substância proibida pelo controle de dopagem da Conmebol foi colocado à disposição de vários atletas, mas ele reconheceu que, “felizmente, só dois (Thiago Heleno e Camacho) tomaram”. “Os demais nos garantiram que não tomaram. Ficamos, de uma forma, tranquilos por isso”, disse.
E Petraglia fez questão de ressaltar que o Athletico-PR vai se responsabilizar por este caso de doping envolvendo os dois jogadores. “Nosso objetivo básico, fundamental e determinante, é assumirmos a culpa como instituição e a responsabilidade da ocorrência. E buscamos de todas as formas a isenção dos atletas. Eles foram absolutamente vítimas. Lamentavelmente, a legislação nos obriga e penaliza em função de eles terem ingerido um produto que está listado como impeditivo, que não deveriam ter tomado”, afirmou, se referindo ao fato de que os atletas inevitavelmente sofrerão punições que ainda serão aplicadas pela Conmebol.
O clube também não informou o nome do profissional ou dos profissionais que acabaram cometendo erros neste processo que levou ao doping de Thiago Heleno e Camacho. A Conmebol ainda não se pronunciou oficialmente sobre este caso, mas a comissão antidoping da entidade notificou na semana passada sobre o caso do zagueiro. O clube, porém, ainda não foi avisado pelo órgão sul-americano sobre a situação de Camacho, embora já saiba que o atleta foi reprovado no antidoping.
Ainda não há data marcada para o julgamento do caso e o Athletico ainda espera pela resultado da contraprova dos exames. E Petraglia assegurou que não existe o risco de o time paranaense ser punido na Libertadores por causa deste episódio. “Nenhuma possibilidade, é zero possibilidade. Felizmente para o clube, que é o responsável, e mais pela torcida, que não poderia pagar esse preço, de o clube ser penalizado, por falhas internas, mas essa possibilidade está afastada”, garantiu.
O zagueiro Thiago Heleno foi flagrado no exame antidoping após a partida contra o Tolima, no dia 9 de abril, pela quarta rodada do Grupo G, e o volante Camacho depois do jogo contra o Jorge Wilstermann, no dia 24 de abril, pela quinta rodada. O defensor já foi suspenso preventivamente pela entidade e Camacho ainda aguarda contraprova.
Thiago Heleno já desfalcou o time nos últimos dois jogos da fase de grupos da Libertadores, diante do Wilstermann, na Bolívia, e Boca Juniors, na Bombonera, após a notificação.
E Petraglia revelou nesta segunda-feira que o suplemento consumido pelos dois atletas foi um produto elaborado e manipulado em uma farmácia. “Eles (jogadores do Athletico) sabem muito bem que não se toma este tipo de medicamento. Felizmente, vários não aceitaram a indicação e não tomaram”, disse o dirigente.
Substância proibida detectada nos exames de Thiago Heleno e Camacho, a higenamine é um termogênico que serve para acelerar o metabolismo. E o fato de o clube ter provocado de forma acidental estes casos de doping ao deixar que os atletas consumissem um suplemento com esta substância foi qualificado nesta segunda-feira por Petraglia como “um dos piores momentos vividos nestas duas décadas” em que ele está no clube.
“A preocupação de não expormos os nossos atletas faz parte da nossa cultura. Já tivemos alguns casos na nossa história, mas nenhum como este”, enfatizou o dirigente, que também prometeu: “O clube dará todas as condições possíveis, imagináveis e disponíveis. Não existe reparação. É uma morte, entre aspas. Como se conserta isso? Vamos atenuar, deixarmos com menos dor. É da vida. Não tem preço. Faremos tudo, mas será pouco”, reconheceu.