A morte do torcedor Enzo Bonetto, 49 anos, que sofreu um ataque cardíaco durante o Atletiba de domingo, poderia ter sido evitada? A pergunta é de difícil resposta, mas o próprio chefe da equipe médica presente no Pinheirão aponta que a estratégia de atendimento ao público continha imperfeições que poderiam ser melhoradas.
Torcedor do Coritiba, Enzo passou mal no final do jogo, pouco depois de uma defesa do goleiro Fernando. Alguns médicos dispersos pelas cadeiras superiores iniciaram as primeiras manobras de reanimação cardiopulmonar, até a chegada da equipe médica. Segundo nota enviada pela assessoria de imprensa do Coritiba, todos os procedimentos possíveis foram tomados para reanimar o paciente, que morreu 40 minutos depois, ao dar entrada no Hospital Cajuru.
O estudante de medicina Alaor Brenner Neto, que estava no estádio e ajudou a socorrer Enzo, contou que o desfibrilador foi usado para tentar ressuscitar o torcedor somente dez minutos depois do ataque. O médico Pedro Figueroa Neto, chefe da equipe da Cruz Vermelha – empresa contratada pelo Coritiba para atender ao público – acredita que o tempo foi menor, mas aponta problemas no deslocamento. ?Estávamos na pista junto ao gramado, e o acesso dali até as cadeiras é complicado?, disse.
O médico prefere não afirmar que o atendimento mais rápido poderia ter salvado a vida do torcedor. ?É muito difícil falar algo nesse sentido. Na hipótese de um ataque cardíaco fulminante, nem um segundo seria suficiente?, disse.
O Estatuto do Torcedor obriga o clube mandante a disponibilizar uma ambulância, um médico e dois enfermeiros para cada grupo de 10 mil torcedores. Havia no Pinheirão dois médicos, cerca de oito enfermeiros e pelo menos três ambulâncias, para um público de pouco mais de 15 mil pagantes. ?Atendemos vários chamados durante a partida, às vezes sem muita necessidade. Isso atrapalha bastante o socorro de emergência. Num evento dessa magnitude, montar uma equipe com mais médicos é uma situação a ser pensada?, considera Figueroa.
O corpo de Enzo, que era engenheiro civil, foi enterrado ontem à tarde no Cemitério Municipal. O presidente do Coritiba, Giovani Gionédis, esteve no velório.