Não deveria ser assim. Apesar de ser em uma fase inicial de Campeonato Estadual, e de não ter tanta importância assim, hoje é dia de Atletiba, e há atrações suficientes para considerarmos o duelo das 19h30, no Joaquim Américo, um grande jogo – no mínimo, é o encontro mais importante do nosso futebol. Mas a expectativa do clássico está fora de campo, na tentativa generalizada de conseguirmos evitar cenas de violência nas arquibancadas, nas cercanias do Arena e até mesmo em rincões distantes do estádio.
Os olhos do Brasil estão voltados para Curitiba. As cenas lamentáveis de vândalos invadindo o gramado do Couto Pereira e agredindo inocentes no último dia 6 de dezembro ainda repercutem, e a imprensa nacional tenta convencer que nós, paranaenses, somos bárbaros que adoramos brigar. Aqui, ao menos, não entram armas nos campos, como se viu no último jogo do Palmeiras. Mas nossos problemas precisam ser atacados, e é isso que se tentará fazer no clássico.
É o primeiro jogo com as medidas anunciadas pela Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp), que proíbe qualquer material das torcidas organizadas. Para o Atletiba, haverá ainda revista reforçada, bafômetro nas entradas e aumento no policiamento, inclusive com cães. A decisão da Sesp foi saudada por muitos como o primeiro passo para a diminuição da violência no futebol. Alguns, entretanto, dizem que as medidas só facilitarão a vida daqueles que querem provocar distúrbios, podendo colocar em risco os torcedores comuns.
O que todos querem – torcedores, dirigentes, jogadores, técnicos, imprensa, polícia e até as organizadas – é que tenhamos um clássico de tranquilidade na noite de hoje. Para isso, todos teremos que fazer a nossa parte, ajudando, respeitando e denunciando quem pretende atrapalhar o Atletiba. Quem sabe assim poderemos olhar para o campo e ver o que há de atrativo no jogo.
A motivação mais evidente -depois, claro, do simples fato de ser um Atletiba – está no encontro de dois centroavantes argentinos, fato inédito na história do clássico. De um lado, estará o ainda novato Javier Toledo, o Pepe, que fez poucas partidas com a camisa atleticana, mas que empolgou a torcida com seu estilo aguerrido. Caminho parecido com o de Ariel Nahuelpán, o camisa 9 do Coritiba, que é um dos ídolos da galera coxa.
Novatos
O confronto de gerações no gol e na zaga também salta aos olhos. Do lado dos donos da casa, os jovens Neto, Manoel e Rhodolfo fizeram do Atlético a melhor defesa do Campeonato Paranaense. Nos visitantes, Édson Bastos, Pereira e Jeci foram a espinha dorsal alviverde não só para o Estadual, mas certamente também para a Série B que logo virá. É dia também da disputa entre os artilheiros Bruno Mineiro e Rafinha, e dos raçudos Alan Bahia e Leandro Donizete. E é também o reencontro de Antônio Lopes e Ney Franco, dois treinadores que se identificaram facilmente com o futebol paranaense. Uma vitória mantém as chances do Atlético de chegar ao primeiro lugar. E uma
vitória do Coritiba garante o supermando para a 2.ª fase.
Portanto, há o que se valorizar neste primeiro Atletiba do ano. E que estes personagens sejam os principais da noite quando Héber Roberto Lopes apitar o final da partida – e não os bandidos que tentam transformar o futebol em palco de medo e violência.
Rivalidades e números
Dentro de campo o torcedor verá o time com o melhor ataque do Estadul, o Coritiba, que já balançou as redes adversárias em 25 verzes, contra a equipe que tem até agora a melhor defesa, o Atlético que só tomou 6 gols em 10 rodadas.
Junto a tudo isso, os treinadores mostraram bom humor durante a semana, e trataram de “esconder” o jogo sobre quem poderia começar o clássico na Baixada. Confira o que disseram Antônio Lo,pes, do Furacão, e Ney Franco do Coxa, na página 15.